Por Elígio Junior Em Dica de Cinema Atualizada em 26 SET 2017 - 15H36

Dica de Cinema: O Quarto de Jack

Infelizmente, ainda vivemos em um mundo onde o mal prevalece e temos mais conhecimento - graças à velocidade que uma notícia se propaga - das atrocidades cometidas por bárbaros, que das ações de amor e caridade realizadas por homens de bem.

O Quarto de Jack, filme dirigido por Lenny Abrahamson e escrito por Emma Donoghue, explora a história de Ma (Brie Larson), uma jovem sequestrada, repetidas vezes estuprada e por anos mantida em cativeiro. Seu pequeno quarto é dividido com Jack, fruto deste relacionamento perverso e nada consensual com seu malfeitor.

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Uma temática forte, que poderia alicerçar-se em um roteiro ainda mais pesado, se não fosse pela sábia e sensível decisão de Donoghue em seguir um caminho fora do convencional e apresentar a história sob o ponto de vista do pequeno Jack. Esse jovem protagonista, brilhantemente interpretado por Jacob Tremblay, é uma criança inocente, que desconhece sua atual situação e a vida existente fora daquele quarto.

O primeiro ato do longa desenvolve o poderoso elo entre mãe e filho, que fazem o melhor que podem para sobreviver, mesmo em condições precárias. Para ele, aquele claustrofobico espaço é um enorme playground, repleto de lugares para interagir e brincar. Para ela, uma jaula onde, mesmo acuada, deve se portar como uma leoa e proteger sua cria com energia e determinação.

E quando pensamos que o cativeiro será outra personagem durante toda a projeção, surge um interessante segundo ato para desconstruir a matriarca aguerrida e descortinar o mundo real a uma criança que nunca houvera sentido o calor do sol em seu rosto. Brie Larson (Scott Pilgrim Contra o Mundo) se despe por completo da maquiagem e do belo sorriso para entregar uma Ma exausta e combalida, que demonstra um amor incrível e poderoso por Jack, mesmo quando questiona a própria existência.

O Quarto de Jack aborda temas muito delicados, mas sem exageros. O renascimento de Jack contrapõe o declínio de Ma de forma bastante mundana, sem clichês e trilhas feitas para causar comoção na audiência. Da mesma forma, se desenrolam as tramas familiares paralelas: sem aprofundamento desnecessário e, de forma cirúrgica, encorpando a trama principal.

O resultado final é um terceiro ato que causa estranheza pela ausência de floreios. Os criadores apresentam uma mensagem simples e positiva, sem ignorar as cicatrizes abertas por atos perversos e difíceis de serem curadas.

Escrito por
eligio JM
Elígio Junior

Pós-graduado em gestão executiva da televisão

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