Infelizmente, ainda vivemos em um mundo onde o mal prevalece e temos mais conhecimento - graças à velocidade que uma notícia se propaga - das atrocidades cometidas por bárbaros, que das ações de amor e caridade realizadas por homens de bem.
O Quarto de Jack, filme dirigido por Lenny Abrahamson e escrito por Emma Donoghue, explora a história de Ma (Brie Larson), uma jovem sequestrada, repetidas vezes estuprada e por anos mantida em cativeiro. Seu pequeno quarto é dividido com Jack, fruto deste relacionamento perverso e nada consensual com seu malfeitor.
Uma temática forte, que poderia alicerçar-se em um roteiro ainda mais pesado, se não fosse pela sábia e sensível decisão de Donoghue em seguir um caminho fora do convencional e apresentar a história sob o ponto de vista do pequeno Jack. Esse jovem protagonista, brilhantemente interpretado por Jacob Tremblay, é uma criança inocente, que desconhece sua atual situação e a vida existente fora daquele quarto.
O primeiro ato do longa desenvolve o poderoso elo entre mãe e filho, que fazem o melhor que podem para sobreviver, mesmo em condições precárias. Para ele, aquele claustrofobico espaço é um enorme playground, repleto de lugares para interagir e brincar. Para ela, uma jaula onde, mesmo acuada, deve se portar como uma leoa e proteger sua cria com energia e determinação.
E quando pensamos que o cativeiro será outra personagem durante toda a projeção, surge um interessante segundo ato para desconstruir a matriarca aguerrida e descortinar o mundo real a uma criança que nunca houvera sentido o calor do sol em seu rosto. Brie Larson (Scott Pilgrim Contra o Mundo) se despe por completo da maquiagem e do belo sorriso para entregar uma Ma exausta e combalida, que demonstra um amor incrível e poderoso por Jack, mesmo quando questiona a própria existência.
O Quarto de Jack aborda temas muito delicados, mas sem exageros. O renascimento de Jack contrapõe o declínio de Ma de forma bastante mundana, sem clichês e trilhas feitas para causar comoção na audiência. Da mesma forma, se desenrolam as tramas familiares paralelas: sem aprofundamento desnecessário e, de forma cirúrgica, encorpando a trama principal.
O resultado final é um terceiro ato que causa estranheza pela ausência de floreios. Os criadores apresentam uma mensagem simples e positiva, sem ignorar as cicatrizes abertas por atos perversos e difíceis de serem curadas.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Para comentar é necessário ser assinante
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus
autores e não representam a opinião do site.
É necessário estar logado para comentar nesta matéria
Estando logado em nosso portal você terá acesso ilimitado à matérias exclusivas
Já possuo conta
Esqueci minha senha
Enviaremos um e-mail para recuperação de sua senha.
Voltar para login