Bispo da Comissão para Vida e Família avalia atualidade da encíclica "Evangelium Vitae"

Em Março de 2015, a Encíclica “Evangelium Vitae” escrita por São João Paulo II completa 20 anos. Para celebrar essas duas décadas de história, será realizado o Seminário da Comissão de Bioética da CNBB e 6ª Jornada Interdisciplinar de Pesquisa em Teologia e Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) em Curitiba (PR).

O coordenador do evento é Dom Antônio Augusto Dias Duarte, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e membro da Comissão Para Vida e Família, falou ao A12 sobre a encíclica e sobre a realização do Seminário de Bioética.

A12 - Qual reflexão da Encíclica “Evangelium vitae” pode ser considerada ainda atual, 20 anos após sua publicação?

Dom Antônio - Transcorridos quase 20 anos da publicação, em 25 de março de 1995, a Encíclica “Evangelho da Vida”, de São João Paulo II, mantém a sua atualidade, e a razão é dada na sua primeira e introdutória frase.

“O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus”.

Jesus Cristo, o Salvador da humanidade, o mesmo ontem, hoje e sempre, inscreveu na história dos homens de todos os tempos o sentido novo e pleno de todo o nascimento humano. Ele nos fala de vida, e de vida para se ter em abundância (cf. João, 10, 10), e que consiste na comunhão com Deus e por Deus e nEle na comunhão de amor com todos as pessoas.

Daí que a vida humana, em todos seus momentos e circunstâncias, ocupando esse lugar cêntrico e elevado diante de Deus, destaca-se, com todos os ensinamentos presentes e atuais da Encíclica “Evangelium vitae”, acima das suas realidades físicas, biológicas, sociais e econômicas.

São João Paulo II faz questão de afirmar a sacralidade da vida humana, confiada como foi a cada pessoa e a cada época histórica, para que esse seu caráter único e supremo seja respeitado, promovido e defendido.

A12 - Qual o objetivo do Seminário, que traz a Encíclica “Evangelium vitae” como temática principal?

Dom Antônio - A principal motivação desse Seminário é celebrar, com reflexões atualizadas por eminentes palestrantes, essa data de publicação da Encíclica “Evangelim vitae”, a fim de revelar, por um lado, toda a riqueza e o contexto desse documento pontifício.

Por outro lado, esse Seminário organizado pela Comissão de Bioética da CNBB e pela PUC de Curitiba, Paraná, pretende objetivar a atualidade, as perspectivas futuras de desenvolvimento dos temas tratados nessa encíclica, a fim de enriquecer todos aqueles movimentos que promovem a vida humana e a ecologia natural, e dar aos seus participantes e simpatizantes os subsídios para que todos sejam, de fato, os construtores da cultura da vida e os promotores da virada intelectual, que abrirão, como já foram abertos ao longo desses 20 anos, para um novo estilo de vida, onde o primado do ser humano sobre o ter poder humano criem um futuro da humanidade pautado pelo respeito e pelo amor a todas e quaisquer pessoas. 

A12 - Quais pontos da Encíclica “Evangelium vitae” estarão no foco desse Seminário a realizar-se entre os dias 20 e 22 de março de 2015?

Dom Antônio - De forma sintética e clara os principais pontos presentes nesse Seminário comemorativo dos 20 anos da Encíclica “O Evangelho da Vida” serão os seguintes:

–        presença da Encíclica no Magistério do Papa João Paulo II;
–        fundamentos bíblicos do valor da vida e do sentido do sofrimento e da morte;
–        construção da civilização do amor e da vida;
–        anúncio, celebração e serviço à vida em todas as suas realidades sociais;
–        relação entre ciência e fé, progresso tecnológico e ética;
–        questões populacionais;
–        lei civil e lei moral;
–        família e vida num contexto de laicidade.

 A12 - Quais perspectivas a Igreja terá após esse Seminário, diante dos desafios levantados pela cultura da morte, e como desenvolver o diálogo franco e corajoso com seus defensores?

Dom Antônio - A Igreja Católica cumpre com a missão que lhe foi confiada por Jesus Cristo, através da sua íntima e profunda relação com as realidades sociais e culturais com quem se encontra em cada época da história.

Como perspectivas atuais tem-se presente a nova evangelização, que caracteriza-se pelo seu caráter propositivo nos diálogos que se tem com os defensores da cultura da morte.

A Igreja Católica pretende que não haja mais mortes de inocentes e de pessoas fragilizadas, mas propõe nos debates públicos e midiáticos, não só verdades e estratégias para a defesa da vida humana, sobretudo, a Pessoa divino-humana de Jesus Cristo, anunciador do Evangelho do amor de Deus pelo homem, do Evangelho da dignidade da pessoa e do Evangelho da vida, como um único e indivisível Evangelho.

Pela sua Encarnação, Vida, Paixão e Morte, o Filho Eterno de Deus, uniu-se de certo modo a cada ser humano, conferindo-lhe seu valor incomparável e supremo.

É essa perspectiva cristológica e evangelizadora que a Igreja no Brasil assumiu há anos, para que Jesus Cristo seja conhecido, compreendido e amado em seus irmãos e irmãs, sem distinção de idade, de cor, de raça, de condições físicas e opções religiosas.

Toda pessoa, homem e mulher, criança e adulto, sadios e enfermos, valem todo o sangue de Cristo!

 Saiba mais sobre o Seminário de Bioética na página do evento.