Thiago Leon
Assembleia Geral CNBB

58ª AG da CNBB se encerra nesta sexta-feira (16)

Escrito por Redação A12

16 ABR 2021 - 15H12 (Atualizada em 16 ABR 2021 - 15H49)

Esta sexta-feira (16), o último dia da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contou com momentos importantes como a divulgação da mensagem ao povo de Deus pela presidência da CNBB, além de uma coletiva de imprensa que marcou o encerramento e teve a participação de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB; Dom Jaime Spengler, OFM, Arcebispo de Porto Alegre (RS) e 1º Vice-Presidente e Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima (RR) e 2º Vice-Presidente.

Dom Mario ressaltou que esta não foi uma mera assembleia, mas de importância histórica, pela sua maneira, tratativa, conteúdo e frutos. Uma verdadeira semeadura, segundo ele.

O Bispo de Roraima disse estar esperançoso para que as sementes nobres lançadas na assembleia encontrem terrenos férteis para a vida do episcopado, da Igreja, dos brasileiros e até do mundo. “Foi on-line, não menos frutuosa e correspondeu as necessidades. Mesmo pelas telas foi possível ver muita atenção, emoção, compromisso”.

Agradeceu também aos jornalistas, por ajudar na repercussão de toda assembleia, na divulgação da mensagem enviada pelo Papa Francisco etc. “Esta nossa assembleia renovou o compromisso da nossa Igreja no Brasil de amar e servir. Foi feita uma comunicação da verdade e com seriedade”, opinou o bispo.

Na avaliação de Dom Jaime Spengler, é preciso destacar os momentos de expectativa, a pauta e o empenho. “Havia uma expectativa grande no entorno e era marcada, primeiro, pelo fato de não termos podido celebrar no ano passado e agora utilizar algo que víamos como inédito. Como acompanhar participação de mais de 300 pessoas? Agora após esses dias, creio que é possível, sim, utilizar a tecnologia pra esse tipo de evento, pois agiliza encaminhamentos, proporciona redução de custos e exige uma presença não menos exigente”, explica.

Ele ressaltou que a pauta proposta seguiu satisfatoriamente e foi possível realizar além do que foi previsto. “Gostaria de destacar o emprenho dos assessores e o pessoal de apoio que fizeram um trabalho extraordinário”, pontuou.

Para o Arcebispo, não se pode deixar de agradecer a disposição de vários outros irmãos bispos, que demostram o amor pela conferência. “Nós temos bispos relativamente jovens que tem facilidade de usar a tecnologia, mas outros com mais idade que têm dificuldade, além de bispos em situações geográficas onde o acesso à internet não é tão simples. Tudo isso somado é algo que merece reconhecimento, destaque e gratidão”.

O Presidente da CNBB, Dom Walmor, exaltou a gratidão: "Chego aqui com gratidão e dizer que realizamos a 58ª AG da CNBB. Uma ajuda de competentes e qualificadas assessorias. A pauta foi extensa, mas nós a cumprimos com partilhas, discussões, debates e decisões. O que vivenciamos tem a marca de Jesus Cristo ressuscitado para dar força e lucidez para o caminho certo”, explica o Arcebispo.

Durante a coletiva, os bispos também foram indagados pelos jornalistas a respeito de aspectos políticos que envolvem religião, principalmente no que se refere a pauta ambiental, a pandemia, o uso da religião para obter vantagens por parte de alguns políticos, além do Tema Central da Assembleia, que tratou do Pilar da Palavra.

Dom Walmor mostrou preocupação para que governantes cumpram promessas em cuidar da Casa Comum, por ser uma grande responsabilidade. Para ele, é preciso comprovar; não basta apenas dizer. O presidente da CNBB reforçou também a importância de se resgatar o lugar da Palavra na vida de cada fiel. Em sua mensagem final, disse que é preciso dar testemunho do Evangelho e reconstruir valores. Ele afirma também que é necessário abandonar as polarizações e que o diálogo ajude a abrir mentes e alargar corações.

.:: Veja abaixo, íntegra da coletiva

Mensagem ao Povo Brasileiro

No texto, os bispos afirmam que, diante da atual situação pela qual passa o Brasil, sobretudo em tempos de pandemia, não podem se calar quando a vida é “ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”. Os bispos asseguram que são pastores e que têm a missão de cuidar. “Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade”, dizem.

Na mensagem, os bispos reiteram que, no atual momento, precisam continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais. Reconhecem, agradecidos, que as famílias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. 

Os bispos afirmam ainda que os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado” e que o momento exige competência e lucidez. “São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”, afirmam.

Fazem, ainda, um forte apelo à unidade das Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil: “Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”.

Confira o texto na íntegra:

MENSAGEM DA 58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB AO POVO BRASILEIRO

Esperamos novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. (2Pd 3,13)

Movidos pela esperança que brota do Evangelho, nós, Bispos do Brasil, reunidos, de modo online, na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de 12 a 16 de abril de 2021, neste grave momento, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro.

Expressamos a nossa oração e a nossa solidariedade aos enfermos, às famílias que perderam seus entes queridos e a todos os que mais sofrem as consequências da Covid-19. Na certeza da Ressurreição, trazemos em nossas preces, particularmente, os falecidos. Ao mesmo tempo, manifestamos a nossa profunda gratidão aos profissionais de saúde e a todas as pessoas que têm doado a sua vida em favor dos doentes, prestado serviços essenciais e contribuído para enfrentar a pandemia.

O Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanitária, econômica, ética, social e política, intensificada pela pandemia, que nos desafia, expondo a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. Embora todos sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados.

Essa realidade de sofrimento deve encontrar eco no coração dos discípulos de Cristo[1]. Tudo o que promove ou ameaça a vida diz respeito à nossa missão de cristãos. Sempre que assumimos posicionamentos em questões sociais, econômicas e políticas, nós o fazemos por exigência do Evangelho. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada[2].

Louvamos o testemunho de nossas comunidades na incansável e anônima busca por amenizar as consequências da pandemia. Muitos irmãos e irmãs, bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, cristãos leigos e leigas, movidos pelo autêntico espírito cristão, expõem suas vidas no socorro aos mais vulneráveis. Com o Papa Francisco, afirmamos que “são inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos”[3]. As iniciativas comunitárias de partilha e solidariedade devem ser sempre mais incentivadas. É Tempo de Cuidar!

Somos pastores e nossa missão é cuidar. Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade. Por isso, nesse momento, precisamos continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais. Reconhecemos agradecidos que nossas famílias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. Elas têm encontrado nas iniciativas de nossas comunidades, através de subsídios e celebrações online, a possibilidade de vivenciarem intensamente a Igreja doméstica. Unidos na oração e no cuidado pela vida, superaremos esse momento.

Na sociedade civil, os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado”[4]. Isso exige competência e lucidez. São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito. É necessária atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível. O auxílio emergencial, digno e pelo tempo que for necessário, é imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia[5], com especial atenção aos pobres e desempregados.

É preciso assegurar maiores investimentos em saúde pública e a devida assistência aos enfermos, preservando e fortalecendo o Sistema Único de Saúde – SUS. São inadmissíveis as tentativas sistemáticas de desmonte da estrutura de proteção social no país. Rejeitamos energicamente qualquer iniciativa que intente desobrigar os governantes da aplicação do mínimo constitucional do orçamento na saúde e na educação.

A educação, fragilizada há anos pela ausência de um eficiente projeto educativo nacional, sofre ainda mais no contexto da pandemia, com sérias consequências para o futuro do país. Além de eficazes políticas públicas de Estado, é fundamental o engajamento no Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco[6].

Preocupa-nos também o grave problema das múltiplas formas de violência disseminada na sociedade, favorecida pelo fácil acesso às armas. A desinformação e o discurso de ódio, principalmente nas redes sociais, geram uma agressividade sem limites. Constatamos, com pesar, o uso da religião como instrumento de disputa política, justificando a violência e gerando confusão entres os fiéis e na sociedade.

Merece atenção constante o cuidado com a casa comum, submetida à lógica voraz da “exploração e degradação”[7]. É urgente compreender que um bioma preservado cumpre sua função produtiva de manutenção e geração da vida no planeta, respeitando-se o justo equilíbrio entre produção e preservação. A desertificação da terra nasce da desertificação do coração humano. Acreditamos que “a liberdade humana é capaz de limitar a técnica, orientá-la e colocá-la ao serviço de outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral”[8].

É cada vez mais necessário superar a desigualdade social no país. Para tanto, devemos promover a melhor política[9], que não se submete aos interesses econômicos, e seja pautada pela fraternidade e pela amizade social, que implica não só a aproximação entre grupos sociais distantes, mas também a busca de um renovado encontro com os setores mais pobres e vulneráveis[10].

Fazemos um forte apelo à unidade da sociedade civil, Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil. Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”[11]

Com a fé em Cristo Ressuscitado, fonte de nossa esperança, invocamos a benção de Deus sobre o povo brasileiro, pela intercessão de São José e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Brasília, 16 de abril de 2021.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo de Belo Horizonte – MG

Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler, OFM

Arcebispo de Porto Alegre – RS

1º Vice-Presidente

Dom Mário Antônio da Silva

Bispo de Roraima – RR

2º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado

Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro – RJ

Secretário-Geral da CNBB

Fonte: * Com informações da CNBB

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