Não é de hoje que o País não cuida como devia de seu patrimônio histórico. Exemplos para comprovar esta afirmação são muitos, e alguns ainda estão muito vivos em nossa mente.
Nas grandes cidades, os casarões centenários estão sendo engolidos por edifícios que sobem aos ares, levando consigo o testemunho de várias gerações. Na Avenida Paulista, coração da grande metrópole paulistana, quase todos desapareceram.
O descuido com o patrimônio é tamanho que até se diz pejorativamente que, quando o órgão de conservação tomba um determinado edifício histórico, “é para deixá-lo cair”!
Anos atrás, a tragédia que aconteceu com a Cinemateca, em São Paulo, onde um incêndio destruiu boa parte de seu precioso patrimônio, aconteceu também com o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde outro incêndio acabou destruindo um patrimônio precioso ali acumulado.
As verbas e as dotações orçamentárias para tudo aquilo que se refere à cultura e à educação no Brasil são sempre inferiores às reais necessidades. Com isso, muitos departamentos, autarquias e instituições que lidam com o patrimônio artístico, literário e cultural vão morrendo à míngua, vendo se acabar partes importantes do nosso patrimônio.
É bom a gente recordar que um museu, uma galeria de arte ou área onde se guarda e se conserva partes importantes do patrimônio artístico e cultural da nação, não são apenas depósitos de coisas velhas, como frequentemente ouvimos alguém afirmar. Cada um desses espaços é também um ambiente de pesquisa, onde cientistas e pesquisadores vasculham o nosso passado, explicando e ajudando a fundamentar muitos fatos e realidades do presente.
Leia MaisFundamentalismo é sempre prejudicial Liberdade de expressão?No caso da cinemateca que queimou em 2021, os avisos e os alertas sobre os riscos que sofria, dados anteriormente, de nada adiantaram, e agora se perdeu boa parte dos documentos que mostravam a evolução do cinema e da TV no Brasil. Perda irreparável, que não dá mais para consertar.
Ainda bem que nem tudo está perdido. Se, de um lado, tivemos a tristeza de presenciar o incêndio da cinemateca, de outro lado acompanhamos a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, na antiga Estação da Luz, em São Paulo, que há alguns anos também havia sofrido com um grande incêndio.
Que seja mais este incêndio um chamado de atenção e que nosso país cuide melhor do seu patrimônio histórico, artístico e cultural.
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