Brasil

Quanto vale o show?

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

03 JUN 2022 - 09H39 (Atualizada em 03 JUN 2022 - 10H23)

Leeroy Todd/ Shutterstock

Recentemente, duas polêmicas envolveram o mundo dos shows e do espetáculo e ainda o mundo da política no Brasil, por causa do custo estratosférico de dois shows programados em pequenas cidades do interior.

Devido à pressão popular e críticas recebidas, a prefeitura de um pequeno município de Minas Gerais, com pouco mais de 18 mil habitantes, precisou cancelar o show de um cantor de sucesso, que está todos os dias na mídia, previsto para o dia 20 de junho, pelo qual pagaria o cachê de R$ 1,2 milhão. O pior de tudo é que esse show aconteceria durante uma festa religiosa da cidade, mas o custo total dos shows contratados para a ocasião chegava a quase R$ 2,5 milhões.

Antes disso, outra cidade com pouco mais de 8 mil habitantes, localizada na região sul do estado de Roraima, havia contratado um show do mesmo cantor por R$ 800 mil reais.

As polêmicas geram duas constatações e diversos questionamentos por causa do custo exagerado do show, especialmente nesta época de retomada pós-pandemia e pela forma como os mandatários locais administram o dinheiro que é de todos.

Leia MaisEconomia: acima de tudo, o bem comum e a integridade da pessoaNo caso da cidadezinha de Roraima, onde boa parte da população vive dos benefícios oficiais, é como se cada pessoa tivesse que desembolsar cerca de 97 reais pelo show, sem a ele ter comparecido.

Tudo bem que um espetáculo desse porte envolva logística, segurança, despesas operacionais e outras mais.

Porém, num país de tamanha precariedade, especialmente nas pequenas cidades do interior, onde falta tudo que é necessário para uma vida de qualidade, como maiores investimentos em saúde, educação e segurança, brada aos céus uma despesa como essa, pois sem show a gente passa, mas sem comida, remédios e trabalho é impossível de se viver!

Essas prefeituras poderiam ter escolhido shows de valor menor, quem sabe promovendo valores da cultura e da arte da própria regiãoO que será que esses prefeitos tinham em mente quando contrataram esses espetáculos?

Por fim, recordamos que a fiscalização das contas públicas é realizada por dois órgãos: O TCU, Tribunal de Contas da União e o TCE, Tribunal de Contas do Estado, de acordo com suas competências, seja a nível federal, estadual ou municipal.

Com a qualidade de nossa classe dirigente, esses organismos devem estar sobrecarregados de trabalho. Mas bom seria se os governantes conhecessem a legislação e, mais que isso, tivessem consciência das reais necessidades do povo, para não cometer leviandades como essas na aplicação do dinheiro público!

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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