Brasil

Semipresidencialismo: prós e contras

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

18 NOV 2021 - 08H47 (Atualizada em 18 NOV 2021 - 09H21)

Diego Grandi/ Shutterstock

No dia 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República, foi implantado no Brasil o Sistema Presidencialista, com a divisão de funções e competências entre os Três Poderes, cada um com sua área de atuação – Executivo, Legislativo e judiciário.

No passado, por duas vezes já houve a implantação do parlamentarismo no Brasil: A primeira durante o Segundo Império (1847-1889), tempo de Dom Pedro II e a segunda durante o governo de João Goulart (1961-1964), tendo Tancredo Neves, aquele que depois seria presidente da república, como Primeiro-Ministro.

Um plebiscito derrubou o parlamentarismo em 1963, decretando a volta do presidencialismo no País. Logo a seguir, teríamos o golpe militar e a implantação da ditadura no Brasil, que duraria 21 anos, até 1985.

Leia MaisNúncio Apostólico para o Brasil visita o Santuário de AparecidaSeremos julgados por nossa incapacidade de ser guardiões do mundo, diz PapaNos últimos tempos, algumas declarações trouxeram o assunto à baila e tem se falado bastante sobre a implantação do semipresidencialismo no Brasil, graças a algumas falas do Deputado Arthur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados, e de Dias Toffoli, do ministro do STF, que são defensores desse sistema.

Semipresidencialismo é um sistema político que já existe em alguns países como França, Finlândia e Portugal, para garantir e facilitar a sua governabilidade.

No presidencialismo o Presidente da República é, ao mesmo tempo, Chefe do Governo e Chefe de Estado. No semipresidencialismo, cria-se a figura de um Primeiro-Ministro, que passa a dividir as funções com o presidente, mas, ainda assim, o presidente possui mais poderes do que no parlamentarismo, onde teria funções meramente honoríficas, como em alguns países onde o presidente mal aparece.

No semipresidencialismo, o presidente é eleito pelo povo, em votação direta e universal, e o Primeiro-Ministro é eleito pelo Congresso Nacional.

Assim como no Sistema Parlamentarista, o Primeiro-Ministro se responsabiliza pelo governo, escolhendo e formando a sua equipe de governo, também chamada de Gabinete. Caindo o Primeiro-Ministro, todo o governo cai junto e ele precisa trabalhar na composição de um novo gabinete, caso mantenha o cargo, fazendo alianças e conchavos com os parlamentares.

No semipresidencialismo há, entretanto, um maior equilíbrio de poderes entre o presidente e o Primeiro-Ministro.

Niyazz/ Shutterstock
Niyazz/ Shutterstock

A crise política pela qual o Brasil vem passando, o esvaziamento da representatividade da figura do presidente, sujeito a inúmeras críticas à direita e à esquerda, o enfraquecimento do Brasil no cenário internacional, com a perda de protagonismo, a crise econômica que leva à perda de forças (com o Brasil caindo da 7ª para a 11ª posição entre as maiores economias do mundo), os interesses políticos de alguns dos ocupantes de altos cargos em Brasília, entre outros fatores, têm levado ao aumento da discussão sobre a viabilidade e conveniência de se mudar ou não de sistema de governo.

Mas a implantação do sistema semipresidencialista não seria uma tarefa fácil ou imediata, como coisa que se faz de um dia para outro. Primeiro, é preciso que se faça uma consulta popular, através de um plebiscito. Se aprovada a troca de sistema, há que se fazer as mudanças na Constituição Federal para, finalmente, realizar a implantação do novo sistema.

Como nenhum sistema é perfeito, e como também dependeria da qualidade de nossos políticos, a simples mudança de sistema não resolveria todos os problemas e nem seria garantia de superação da crise socioeconômica que vivemos.

O Brasil não tem tradição parlamentarista e também isso seria um complicador, porque estados e municípios também precisariam se adaptar ao novo sistema.

A pergunta que fica é: Em vez de se falar em mudança de sistema de governo, não seria melhor trabalhar com afinco pelo amadurecimento e aperfeiçoamento das instituições e poderes e pela melhor escolha de nossos representantes nos cargos de governo, em vista do “bem do povo e felicidade geral da nação”?

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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