'Vamos lá fazer o que será': Feliz ano letivo, Brasil!

Eis que mais um ano letivo inicia. Não é um começo, mas um recomeço, pois após dois anos de tentativas de retorno às aulas presenciais, é neste ano que, apesar das preocupações e da necessidade de manter os cuidados, estamos vislumbrando novos rumos.

A história do povo de Deus é marcada por muitos recomeços. Muitos foram os momentos difíceis de caminhadas dolorosas, mas sempre firmes na esperança do recomeço. "Eis que eu renovo todas as coisas”. Disse ainda: "Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras”. (Ap 21,5). Não é tarefa fácil recomeçar, mas é, sem dúvida, um exercício de fé, assim como nos ensina o Catecismo da Igreja:

§1819 A esperança cristã retoma e realiza a esperança do povo eleito, que tem sua origem e modelo na esperança de Abraão, cumulada em Isaac, das promessas de Deus, e purificada pela prova do sacrifício. "Ele, contra toda a esperança, acreditou na esperança de tornar-se pai de muitos povos" (Rm 4,18).

Leia MaisEducação infantil de qualidade e seu impacto na economiaFoi - e ainda está sendo - uma dura e difícil caminhada. Fomos todos impactados, amedrontados e ameaçados pela pandemia. Vidas ceifadas, saudades eternas, dores acumuladas e medo. Uma grande pedra de morte no meio dos nossos caminhos, assim como expressado no poema de 1928, de Carlos Drummond de Andrade: "No Meio do Caminho":

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho.

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nossos caminhos foram bloqueados por essa pandemia. Muitos são os exemplos que podemos citar, mas vamos destacar o bloqueio do caminho para as escolas. Que triste não acompanhar os alunos no vai e vem cotidiano, com suas mochilas, uniformes, brincadeiras e burburinhos! Escolas vazias, portões trancados, aulas remotas... Neste tempo de medo, de angustias e de incertezas, foi a esperança que nos sustentou e nos libertou do desespero: "Alegrando-vos na esperança, perseverando na tribulação" (Rm 12,12).

Foi a esperança que nos permitiu acreditar que recomeçaríamos, pois a pedra seria removida do caminho, assim como foi removida a pedra do túmulo de Jesus, que já não mais protegia seu corpo, mas se tornou o cenário de sua Ressurreição. "Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro" (Jo 20,1).

A esperança não nos deixou parar de sonhar nos permitiu acreditar que a pedra da morte seria removida, assim como nos anuncia a canção 'Nunca Pare De Sonhar', do cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, de 1983, do LP.

Ontem um menino que brincava me falou

Hoje é semente do amanhã

Para não ter medo que este tempo vai passar

Não se desespere e nem pare de sonhar

Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs

Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar

Fé na vida, fé no homem, fé no que virá

Nós podemos tudo, nós podemos mais

Vamos lá fazer o que será.

Ainda estamos lutando para remover completamente esta pedra que nos impõe medo, dor e distância, mas vamos conseguir e lembrar que, em nosso caminho, há outra Pedra. Uma Pedra de Vida e de Amor, que é a Pedra Angular: Jesus! "Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular." (At 4,11).

Com a proteção de Deus, com o amor de Jesus e a Bênção de Nossa Senhora Aparecida, vamos recomeçar! Que as Escolas ecoem o som da esperança e da vida.

Feliz Ano Letivo, Brasil!