Espiritualidade

Dia Mundial de Luta contra a Raiva: como lidar com ela e viver em paz

É herói quem vence a raiva pela paciência, a qual tem nexo profundo com a humildade

Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)

Escrito por Dom Orlando Brandes

27 ABR 2021 - 13H51 (Atualizada em 27 SET 2022 - 11H13)

Shutterstock/ Joaquin Corbalan P

Leia MaisNão tome decisão na hora da raiva!Deixe a raiva passarRaiva e ódio são sentimentos destrutivos. São obstáculos para a saúde e a convivência. Nossas raivas e ódios provêm das mágoas, das injustiças, das frustrações. Parecem ser nosso escudo e proteção, mas isso é uma ilusão, porque são inimigos internos que nos fazem perder a paz interior e a felicidade, gerando confusão e insatisfação e, portanto, mais sofrimento.

Muitas vezes, raiva e ódio têm raízes em nossa arrogância, nossos descontentamentos e insatisfações. São venenos, porque destroem virtudes acumuladas a longo prazo e com grande esforço. Vingança nunca é vitória. O heroísmo verdadeiro está em vencer a raiva e o ódio. Como fazer?

Shutterstock/ Jaromir Chalabala
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Antes de tudo, identificar os fatores que dão origem às nossas raivas e ódios. Perdemos mais com raiva e ódio que com paciência e tolerância. Porém, conhecendo as causas da raiva, seu nexo causal, sua decodificação, iremos nos acalmar. É herói quem vence a raiva pela paciência, a qual tem nexo profundo com a humildade.

Vencemos a raiva quando não damos muita importância sobre o que os outros pensam de nós. Além disso, aceitando nossas limitações e nossa ignorância sobre uma infinidade de assuntos científicos e mesmo corriqueiros, temos condições para refrear a cólera. Quem se lamenta, tem dó de si, é egocêntrico. Com facilidade, cai no apego, no radicalismo, na obsessão. Tudo isso leva à raiva e a perder a paz.

Porém, vendo que tudo é transitório, que o ofensor tem condicionamentos, causalidades, história e fatos do passado que o fazem errar, então, não daremos reforço à raiva. Quantas vezes as pessoas e nós agimos por ignorância, desconhecendo as feridas internas que motivam nossos erros. A compreensão do sofrimento, o reconhecimento de sua origem e causalidade, nos capacita a viver o princípio da relativização das ofensas do nosso agressor. A raiva, por também ser eliminada pela meditação que leva à compreensão. Perdoar é compreender. Grande parte dos nossos sofrimentos somos nós mesmos que causamos. Nossa angústia é criação nossa.

Shutterstock/ Song_about_summer
Shutterstock/ Song_about_summer


Outra saída para vencer a raiva é não levar tão a sério as pequenas ofensas. Isto é infantilismo. Este sofrimento é obra nossa, de nossa Imaturidade. Melhor é não perder a calma e a paz que reagir aos insultos, humilhações, injúrias. Para São Francisco, nisto consiste a perfeita alegria. Neste sentido, o sofrimento passa a ser uma oportunidade de crescimento, de amadurecimento e de agradecimento. São ocasiões para crescermos na humildade, reduzindo nossa arrogância e presunção.

É comum encontrarmos na vida de homens e mulheres de Deus, o hábito de agradecer pelas ofensas recebidas, que lhes deram a oportunidade de serem bons e virtuosos. Do mal vem um bem. Conseguimos vencer o mal com o bem (Rm 12, 21). As Escrituras nos aconselham a abençoar os que nos maltratam.

Muitos de nós vencemos a raiva fugindo da agressão, despistando, não batendo de frente, mudando de assunto, saindo de cena educadamente. Isso significa transformar o limão em limonada. Certamente, nossas raivas cessarão quando a gente souber se alegrar com o sucesso dos outros, com a felicidade de nossos inimigos, elogiá-los quando merecem. Quem se sente feliz pela felicidade de seus inimigos, tem grandeza de alma, sabedoria, paz interior e felicidade.

Escrito por
Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)
Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Aparecida (SP)

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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