“Corriam ambos juntos, mas o outro discípulo corria mais do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Tendo-se inclinado, viu os lençóis postos no chão, mas não entrou. Chegou depois Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os lençóis postos no chão, e o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus, o qual não estava com os lençóis, mas dobrado num lugar à parte” (Jo 20,4-7)
Estamos vivendo a Oitava de Páscoa, quando se reservam oito dias para celebrar solenemente a Ressurreição de Cristo, e aqui no A12 você pode conferir mais sobre a celebração do conjunto dos primeiros oito dias do Tempo Pascal, iniciados no domingo após a Vigília da Ressurreição.
Mesmo tendo sido profetizada por Jesus, em diversas ocasiões, como sendo o maior de todos os sinais da sua divindade, os Apóstolos demoraram a crer nela. Eles estavam apavorados com a prisão, o julgamento, a paixão e a morte de Jesus, seu Mestre, e com medo de que o mesmo pudesse acontecer com eles.
Os inimigos de Jesus, fariseus e chefes religiosos, sabiam que ele profetizara sua ressurreição no terceiro dia. Por isso foram a Pilatos e pediram que mandasse soldados guardar com segurança o sepulcro de Jesus, o que foi feito: “puseram em segurança o sepulcro, lacrando a pedra e colocando a guarda” (Mt 27, 66).
Um sinal evidente e que mudou a percepção dos apóstolos foi o relato das santas mulheres de que o sepulcro estava vazio. Além disso, o próprio Sudário que envolveu o corpo do Senhor e com o qual foi sepultado, que guardou misteriosamente a imagem dele e dos seus sofrimentos, ficou no sepulcro quando Jesus ressuscitou. Era natural que, se alguém tivesse roubado o corpo, o teria levado envolto no lençol.
Na passagem do Evangelho de São João citada no início deste conteúdo, mostra que o lenço que cobria a divina face de Jesus foi cuidadosamente dobrado e colocado de lado. Para entender a importância deste detalhe, o Padre Paulo Henrique Borges, da Diocese de Santo André (SP), explica que o costume judaico revela a intenção de Jesus para ressuscitar e estar em Sua forma gloriosa no meio de nós.
“Segundo a tradição hebraica do oriente, enquanto o senhor estava à mesa se alimentando, o servo estava atento escondido, esperando que a refeição terminasse. Quando ele sabia que o senhor havia terminado de se alimentar? Quando ele dobrava o lenço, e deixava-o dobrado sobre a mesa, significando que 'eu sairei, mas voltarei'. Jesus com seu lenço dobrado nos deixou a mensagem maior de sua Páscoa: 'Eu fui, mas eu voltarei, eu ressuscitarei!' Assim como Madalena, Pedro também viu este pano dobrado, mas o viu de Pedro era uma contemplação. Pedro, ao olhar aqueles panos, fez uma memória: 'eu traí o Mestre, eu não permiti que Ele me lavasse os pés, eu o neguei'. Pedro estava assimilando aquilo que o Senhor havia dito, que voltaria, que ressuscitaria”, disse o sacerdote.
João viu e acreditou que não havia sido o fim, que o Senhor, Amado de nossa alma, retornaria e já havia retornado de fato.
Padre Carlinhos Melo, da Arquidiocese de Aparecida, também falou da relevância espiritual deste gesto realizado por Jesus.
“Os sinais da ressurreição que Ele deixa ao redor são pra dizer que o mesmo Cristo terreno que esteve ao lado deles é o mesmo Cristo, mas agora ressuscitado. E que agora, para encontrá-Lo, é através dos Sacramentos, da Palavra e da Caridade. Basicamente, os textos pascais mostram duas coisas: a dificuldade de crer na Ressurreição e o envio para que eles, uma vez que se encontraram com o Ressuscitado, vão e continuem a obra, anunciem e coloquem em prática a Palavra”.
Nós que amamos o Senhor, somos Seus servos, estamos sempre atentos aos sinais deixados por Ele, sinais que nos revelam Sua ressurreição. Por isso, meus irmãos, neste dia Santo, este dia de Páscoa, estejamos sempre atentos aos sinais que revelam a nossa fé. E que com este e mais sinais visíveis e invisíveis possamos ser fortalecidos pelos sinais da vitória de Jesus sobre o pecado e a morte. Jesus Cristo está vivo e Ele se revela a cada um de nós.
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