Espiritualidade

O que significa dizer que "é Deus quem nos justifica"?

A justificação é a comunicação da justiça de Deus, que lava os nossos pecados, pela ação do Espírito Santo

Júlio Egrejas

Escrito por Júlio Egrejas

12 NOV 2021 - 13H17 (Atualizada em 11 NOV 2022 - 15H30)

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O Catecismo da Igreja Católica explica que a justificação é a comunicação da justiça de Deus, que lava os nossos pecados, pela ação do Espírito Santo.

Leia MaisOs títulos de Jesus: O Sol da Justiça Seis vezes em que o Papa 'cutuca' injustiçasJustificação é um dos termos que a Revelação Divina usa para falar do admirável Mistério Salvífico de Cristo.

Outros termos muito utilizados, além de salvação, são redenção, santificação, reconciliação.

Cada um deles expressa ou acentua dimensões essenciais do único mistério salvífico cristão, na pessoa, vida e obra de Jesus Cristo.

Claro que o termo não está referido à justiça humana. A justiça neste caso é, como ensina o Catecismo, “a retidão do amor divino” (Catecismo, nº 1991), que vai muito além da justiça como virtude dos homens, e tem as suas raízes no ser mesmo de Deus, que é amor. Amor divino incomensurável, graças ao qual se realiza a justificação de cada ser humano.

Por isso, podemos dizer que a justificação, da qual aqui se fala, só pode ser alcançada mediante a abertura a Deus. Ou seja, só Deus é quem pode justificar. Trata-se de uma ação da graça, ou seja, o dom gratuito de Deus, que restabelece a saúde completa da pessoa humana ferida pelo pecado, cuja realização final acontecerá na vida eterna.

A Igreja ensina que, no caminho de conversão do ser humano, a iniciativa é completamente de Deus, cuja graça, a vida mesma de Deus doada ao homem, antecede, preside e espera todo movimento de conversão da pessoa humana.

A graça está no começo, no meio e no fim de toda experiência de conversão e aproximação a Deus. Ou seja, nenhuma parte do processo de conversão do homem acontece sem que a graça divina anteriormente a suscite, desde o seu íntimo. A graça é a razão primeira e última da nossa salvação.

Isso é muito importante dizer, pois o mundo moderno pressiona cada vez mais a que pensemos que somos autores da nossa própria justificação, que o poder da conversão se encontra completamente, somente, em nossas mãos, e que somos os únicos atores da nossa salvação.

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Isso não significa que não podemos - e devemos - participar do processo da nossa justificação. Assim ensina o catecismo:

“A justificação estabelece a colaboração entre a graça de Deus e a liberdade do homem. Do lado do homem, exprime-se no assentimento da fé à Palavra de Deus que convida à conversão, e na cooperação da caridade com o impulso do Espírito Santo que se lhe adianta e o guarda” (Catecismo, nº 1993).

No processo de justificação, de viver segundo a retidão do amor divino, e assim caminhar à salvação de si mesmo, nós somos chamados a participar livremente, a cooperar com a graça, a abrir a nossa vida de maneira constante e total à ação divina. Caso contrário, corremos o risco de deixar que a graça da justificação caia em solo infértil.

“A primeira obra da graça do Espírito Santo é a conversão, que opera a justificação, segundo a mensagem de Jesus no princípio do Evangelho:Convertei-vos, que está perto o Reino dos céus’ (Mt 4,17). Sob a moção da graça, o homem volta-se para Deus e desvia-se do pecado, acolhendo assim o perdão e a justiça do Alto” (Catecismo, nº 1989).


Reflita a lição do Sermão da Montanha sobre a justiça


Escrito por
Júlio Egrejas
Júlio Egrejas

Membro do Sodalício de Vida Cristã, onde realiza diversos serviços de evangelização e formação Cristã, com destaque para o Curso Católico de Oração e Espiritualidade. Atualmente cursa Mestrado em Direito Canônico.

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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