Quaresma, tempo em que Deus nos abre a porta da conversão

Com as cinzas sobre as nossas cabeças, iniciamos hoje a Quaresma, tempo em que Deus nos abre a porta da conversão e nos convida a passar por ela.

É tempo para abrirmos o coração e nos deixarmos moldar pelas mãos amorosas de Deus. O jejum, a oração, a penitência e a caridade realizados por nós, devem ser traduzidos em boas obras e ações, devem nos levar a um novo estilo de vida.

Deus vê o coração e não as aparências

No Evangelho de hoje, Jesus nos alerta para não vivermos de aparências, pois Deus vê o nosso íntimo, o nosso coração. De que nos vale ter uma aparência impecável, pomposa, perfeita se o nosso coração está fechado, endurecido e insensível?

Por isso, se vês o teu coração fechado de amor; se em teu coração pulsa o anseio por vingança; se o teu coração bombeia o sangue da indiferença; este é o tempo para você entrar no teu íntimo e escutar com o ouvido do coração a voz de um Deus que te ama e te diz: “Volta para mim! Pois é pra você que eu abro a porta do meu Coração”.

A quaresma, caro irmão, cara irmã, é o tempo em que Deus nos abre a porta conversão, e Jesus, o único capaz de transformar o nosso coração machucado e ferido em um coração de carne, capaz de amar e perdoar, nos espera de braços abertos, na soleira da porta.

Kara Gebhardt/ shutterstock

Das cinzas a chama viva!

O ato de receber cinzas sobre a cabeça não deve ser para nós uma “superstição” quaresmal, mas sim uma recordação. As cinzas colocadas na cabeça significam que nada restará de nossas aparências perfeitas, de nossos pensamentos mundanos, de nossas atitudes soberbas; serão reduzidos a cinzas. E é por isso que as recebemos na cabeça, para nos recordar que somos pó e ao pó voltaremos.

As cinzas devem se tornar para nós motivo de conversão e não de superstição, pois não adianta recebermos cinzas hoje e não mudarmos a partir de amanhã! Por isso, peçamos ao Senhor que, por meio da oração, do jejum e da caridade, possamos obter o perdão dos pecados e viver uma nova vida em Cristo.

Que o Espírito Santo nos acompanhe nessa caminhada quaresmal e que o Seu fogo crepite no íntimo de nós, para que, iniciando a Quaresma com as cinzas sobre as nossas cabeças, possamos terminá-la com a chama viva da esperança ardente em nosso coração. Pois, “somos feitos para o fogo que arde sempre, não para a cinza que imediatamente desaparece”, Papa Francisco.

Jesus, nossa esperança de salvação

A Quaresma é um tempo apropriado para refletirmos sobre a presença e a importância de Deus em nossa vida. Será que estamos convictos de que Ele pode perdoar os nossos pecados? Ou nos comportamos achando que podemos nos salvar sozinhos?

O tema do jubileu — Peregrinos da Esperança — nos traz a mensagem de que, juntos, caminhamos rumo à única esperança que não desilude, rumo a única esperança da nossa salvação: Jesus! Ele é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na vida eterna.

Irmãos e irmãs, Deus nos conhece; deixemo-nos conhecer por Ele também, Ele é a nossa força. Como diz Santo Agostinho, “força da minha alma, entra nela e molda-a para Ti, para que possas abraçá-la e tomá-la como Tua, sem mácula nem mancha. Essa é minha esperança”.

Este é o tempo de deixarmo-nos moldar pelas mãos de Deus. Por isso, diante dos ruídos do mundo, silencie-se, entra no teu íntimo, abra o seu coração e permita-se ser moldado pelas mãos amorosas de Deus, pois imenso é o amor Dele por você, e jamais se acabará.

Que nesta Quaresma, movidos pela esperança e pela penitência, e na certeza de que a porta da conversão está aberta, caminhemos como peregrinos rumo a grande a promessa de Deus para nós: a vida eterna.

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