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História da Igreja

O Império Bizantino e a formação das igrejas orientais

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

06 AGO 2025 - 09H27 (Atualizada em 06 AGO 2025 - 13H47)

Reprodução/Wikipedia

Nos últimos grandes eventos da Igreja relacionados com a morte do Papa Francisco, com o conclave e eleição do Papa Leão XIV, vimos cardeais com roupas muito diferentes uns dos outros, mas todos com o mesmo propósito: homenagear e expressar gratidão ao Papa Francisco e eleger o novo Papa.

Enquanto alguns usavam a clássica batina vermelha da Igreja Latina, outros vestiam trajes orientais riquíssimos em símbolos. O mesmo vimos no dia 14 de maio, quando o Papa Leão recebeu em audiência as Igrejas Orientais, cujos representantes estavam em Roma por ocasião de seu jubileu.

Todos, inclusive um cardeal redentorista, pertencem aos 24 diferentes ritos da Igreja Católica que vivem em plena comunhão com Roma.

O Cardeal redentorista que tem sua Igreja de rito ucraniano em Melbourne, Austrália, veste-se com trajes bizantinos, enquanto o patriarca dos caldeus vem do coração do Iraque.

Existem outros cardeais indianos que seguem tradições litúrgicas de Antióquia e da Síria e junto deles estão os do Rito da Etiópia.

Reprodução/Vatican Media Reprodução/Vatican Media Papa Leão XIV e líderes das Igrejas Orientais


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Essa diversidade mostra que a Igreja é católica, significando a sua universalidade, mas não é uniforme. Há uma só fé, mas com formas de expressão ou ritos diferentes. Como dizia São João Paulo II, a Igreja respira com dois pulmões: o Ocidente e o Oriente. E o Conclave foi a prova viva disso.

Para compreendermos essa diversidade existente no seio da Igreja precisamos voltar ao longínquo passado a partir da criação do Império Romano do Oriente e na sequência do Império Bizantino, ao qual estará associada a Igreja Ortodoxa.

Império Bizantino – História e Organização

O Império Bizantino foi criado como uma medida estratégica de manutenção do Império Romano, que em 395 d.C. fora dividido entre Ocidente e Oriente, que mais tarde assumiria o nome de Império Bizantino.

Esta fundação se deu em meio à queda do Império Romano do Ocidente que se tornava cada vez mais visível. A divisão foi proposta pelo imperador Teodósio, como uma maneira de se resolver a crise que incluía não apenas conflitos territoriais com povos germânicos, mas também uma grave crise econômica que se acentuava com a difícil tarefa de administrar o gigantesco território.

Nos últimos tempos, a alta inflação e a crise de abastecimento levou à convulsão social e enfraquecimento político e militar no seio do império.

Assim que foi dividido entre Ocidente e Oriente, a parte Ocidental do Império continuou com os graves problemas de invasões dos Povos Germânicos. Isso começou de forma pacífica e depois se acentuou com a crise política devido à corrupção e decadência moral, até que o império se dissolveu totalmente em 476 d.C., dando origem a novos reinos independentes.

Mais tarde viria a unificação de alguns desses povos e culturas que estavam adentrando o território romano, que já não existia mais. Enquanto isso, a parte oriental cresceu como potência econômica e militar, suportando os ataques que aconteceram como os dos Hunos e Visigodos.

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A principal cidade do Império Oriental se chamava Bizâncio, tendo sido renomeada como Constantinopla pelo imperador Constantino em 330. Esse nome se manteve até sua queda em 1453, quando passou a ser chamada de Istambul, como conhecemos ainda hoje. A extensão territorial do Império Oriental também era gigantesca, compreendendo a Península Balcânica, Ásia Menor, Síria, partes da Mesopotâmia e nordeste da Ásia.

Reprodução/Wikipedia Reprodução/Wikipedia


Apogeu e queda do Império Bizantino

O Império Bizantino atingiu seu apogeu com o reinado do Imperador Justiniano, entre 527 e 565. Ele realizou uma grande tarefa de governo expandindo o território bizantino, chegando a reconquistar territórios antes pertencentes ao decaído Império Romano Ocidental. Esses territórios haviam sido tomados pelos Povos Germânicos, que eram chamados de “Bárbaros” pelos romanos, conquistando terras no Norte da África, da Península Ibérica e da própria Itália.

Para governar um império tão grade que foi se formando, o imperador Justiniano teve o cuidado de preservar as leis romanas, fazendo sua junção com um Código Civil. Ele também elaborou outras leis conforme sua cultura, realizando diversas obras públicas como estradas, enormes palácios e templos religiosos, como a Igreja de Santa Sofia que, com o domínio dos muçulmanos, foi transformada em mesquita.

Reprodução/Wikipedia Reprodução/Wikipedia Basílica de Santa Sofia, em Istambul, na Turquia. Pertenceu ao Império Bizantino, mas posteriormente foi convertida em mesquita

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Justiniano teve, porém, momentos conturbados em seu mandato — assim como todo imperador em sua história — como aqueles que aconteceram quando a população acreditava estar sendo injustiçada pelo imperador por causa dos altos impostos e escassez de comida.

A gota d’água foi uma corrida de cavalos realizada no hipódromo de Constantinopla, que acabou com a vitória de Niké, cavalo em que a população tinha colocado suas apostas. Entretanto, a vitória foi dada ao cavalo do imperador, gerando grande confusão que acabou com uma batalha entre tropas bizantinas e população; mas a revolta acabou sendo brevemente contida. Essa revolta ficou conhecida como Revolta de Nika, tendo acontecido em 532.

O imperador Justiniano morreu em 565, e embora seus sucessores tenham conseguido manter o controle da parte oriental, grande parte das terras conquistadas da Roma ocidental foi perdida.

Criação da Igreja Ortodoxa

Uma marca que explica a criação da Igreja Ortodoxa foi a estreita ligação entre o poder temporal e o poder espiritual, além do distanciamento que foi se estabelecendo entre Roma e Bizâncio, que nunca aceitou a preponderância da Igreja romana e o fato de se tornar o centro do cristianismo.

De crise em crise, foi acontecendo um distanciamento e a separação definitiva se deu a partir de 1054. Com isso, diversas igrejas locais e territoriais foram se formando e outras ganhando autonomia. Delas, hoje 24 vivem na comunhão com Roma.

A cultura bizantina tinha influências romanas e helenísticas. Essa complexa fusão gerou um império de produção cultural muito característica em todos os seus estilos e expressões, se diferenciando bastante da cultura ocidental.

O Império Bizantino e a Igreja Ortodoxa mantiveram o seu poderio por muitos séculos, sofrendo um cerco dos muçulmanos que foram avançando, derrubando cidades, acabando com vários patriarcados até que a queda final se deu em 1453.

Hoje no Oriente e, mesmo em Istambul, o número de cristãos é extremamente baixo, devido, sobretudo, ao radicalismo islâmico que não permite um pluralismo religioso como o que existe em outras partes do mundo.

O número de católicos ortodoxos também é baixo se comparado aos católicos do Rito Romano. Enquanto o número de cristãos ortodoxos está perto de 300 milhões, dos quais 100 milhões vivem na Rússia, obedecendo ao Patriarcado de Moscou, o número de cristãos do Rito Romano ultrapassa a casa de 1,1 bilhões de pessoas em todo o mundo.

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Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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