Até 1979, o Irã era um dos maiores aliados dos Estados Unidos na região considerada extremamente estratégica pelo fato de abrigar a maior parte das reservas mundiais de petróleo.
Naquele ano, o país sofreu a Revolução Islâmica, que resultou na deposição do Xá (imperador) Reza Pahlevi e na posse do aiatolá (chefe religioso) Ruhollah Khomeini como líder máximo do país.
Grupos de esquerda que eram a favor da nacionalização do petróleo, organizações islâmicas e movimentos estudantis apoiaram a rebelião contra o regime pró-americano da dinastia Pahlevi. Isso significaria uma volta aos valores fundantes do islamismo em seus aspectos mais extremos.
Cresce o fundamentalismo religioso e político
Com os Xiitas no poder o Irã deixou de ser uma monarquia alinhada com o Ocidente para se tornar uma espécie de ditadura fundamentalista islâmica. O fato de a população ser de maioria xiita (islâmicos radicais) explica a maciça adesão à revolução, pois Khomeini defendia a expansão da revolução, o que criou atritos com outras nações do Oriente Médio, onde predominava o ramo sunita do islamismo.
Leia MaisO Irã atualUma história marcada por conflitos e guerrasDa civilização Persa ao irã atual : Compreendendo a crise entre Estados Unidos e IrãEle criticava abertamente os EUA, acusando-os de corromper os valores islâmicos. Nas palavras do próprio Khomeini, os Estados Unidos passaram a ser denominados de “o Grande Satã”.
A revolução iraniana concentrou ainda mais as contradições do desenvolvimento histórico do país, em especial na sua fase moderna e contemporânea, como semicolônia dos imperialismos russo e britânico, no século XIX e na primeira metade do século XX, e do imperialismo americano, depois da Segunda Guerra Mundial.
Para compensar a perda do Irã, os EUA se aproximaram do país vizinho, o Iraque, porque precisavam de uma forte base no Oriente Médio. Os Estados Unidos armaram e apoiaram Sadam Hussein que depois se voltaria contra eles. A partir daí a história nos é bastante conhecida, com vários episódios que ganharam destaque na mídia mundial.
Primeiro veio a expulsão da Família Pahlevi do país, ainda em 1979. Em 04 de novembro de 1979, estudantes invadiram o complexo da Embaixada dos EUA em Teerã e fizeram 52 funcionários reféns. A situação durou 444 dias e selou de vez o fim da amizade entre Estados Unidos e Irã.
Para complicar a situação a Guerra Irã x Iraque acontecida nos anos de 1980, com forte motivação no fundamentalismo religioso e na presença dos EUA no Oriente Médio, além da histórica diferença entre os dois países gerou imenso prejuízo e ceifou milhares de vidas. O conflito terminou no dia 20 de agosto de 1988, sem vencedores, sendo um fato histórico que ajuda a entender importantes conflitos posteriores no Oriente Médio, como a Guerra do Golfo (1991) e da Guerra do Iraque (2003).
Mas antes disso, um navio militar americano derrubou um avião de passageiros iraniano com destino a Dubai, nos Emirados Árabes provocando a morte dos 274 passageiros e dos 16 tripulantes. E há outro acontecimento macabro conhecido como Irã-Contras.
Desde então, o Irã vem se consolidando como uma potência da região, graças à indústria do Petróleo, rivalizando com a Arábia Saudita que é aliada dos americanos, apoiando grupos armados e fundamentalistas em países vizinhos.
A Guerra do Golfo aconteceu quando o Iraque invadiu o vizinho Kuwait. Com a operação chamada de “Tempestade no Deserto” iniciada em janeiro de 1991, os Estados Unidos libertaram o Kuwait num processo muito rápido. Depois, a partir do atentado de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos invadiriam o Iraque em 2003, como suposta e motivação de “combater o terror” e lá estão até os dias de hoje num atoleiro que não tem fim.
Em 2014, com a ascensão do Estado Islâmico, os conflitos se intensificaram na região. Militantes extremistas tomaram o controle de grande parte do norte iraquiano, incluindo Mossul, a segunda maior cidade do país, que só foi retomada em 2017.
Eleição de Trump e acirramento das tensões
No mais recente desdobramento das tensões entre os dois países, o presidente dos EUA Donald Trump decidiu dar sinal verde à operação com drones que resultou na morte do general iraniano Qasem Soleimani no aeroporto internacional de Bagdá, no Iraque. Ele era considerado um herói nacional no Irã e foi enterrado como mártir.
E os desdobramentos desta crise que tem, obvio, interesses políticos do presidente dos EUA que busca a sua reeleição em novembro, com as consequências inclusive para o Brasil é o que estamos presenciando agora.
É importante lembrar que o presidente Trump tem entre os seus maiores apoiadores e financiadores os componentes do forte lobby da indústria armamentista do país que muito lucrarão com esta crise.
Patrimônio artístico e cultural
Os muitos testemunhos do esplendor e riqueza do Império Persa ainda existentes, marcado pelo patrimônio artístico e cultural que é constituído por obras de arte, arquitetura e artes figurativas serão colocados em sério risco caso os conflitos com os americanos se acentuem, com bombardeios e destruição, assim como aconteceu em outras regiões com a ocupação do Estado Islâmico.
Isto porque os persas se notabilizaram pelas suas artes, com suas esculturas decorativas e a arquitetura monumental de seus palácios e jardins. E tudo o que restou da grande civilização do passado é considerado um Patrimônio da Humanidade.
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