Importantes manifestações artísticas e culturais da Pérsia ajudaram a construir o Irã atual. Embora a arte, a cultura e outras manifestações do país fossem tradicionalmente conhecidas como persas, já faz muito tempo que o país é denominado como Irã e os seus habitantes são chamados de iranianos e não mais persas.
No entanto, o termo é mais difundido e mais popular para se referir ao período anterior à chegada do Islã, que remonta ao século VII d.C., ou seja, à época do antigo Império persa, bem como a sua pré-história.
O nome do país que hoje conhecemos como Irã é um exemplo da contribuição das diferentes culturas que, somadas, ajudaram a formar e moldar a sua atual identidade.
Um passado marcado pela descendência dos indo-europeus
Na Antiguidade, os gregos chamavam a região hoje ocupada pelo Irã como Pérsia. O idioma persa utilizava as palavras eran e aryan para designar o povo que habitava aquela região. Essas expressões faziam referência à origem étnica de uma população considerada descendente dos arianos, um povo indo-europeu que se estabeleceu na Ásia Central por volta do fim do terceiro milênio a.C.
Devido ao apreço que os reis e imperadores persas tinham pelo caráter ariano de sua língua, de sua escrita e de sua descendência, o nome Irã foi definitivamente adotado no século III d.C.
Além das inovações administrativas da antiguidade os persas haviam se notabilizado por sua arte, com suas esculturas decorativas e pela arquitetura monumental de seus palácios e jardins. Isso sempre será lembrado como recordação do tempo de seu maior poderio.
Na religião desenvolveram o zoroastrismo baseado na concepção religiosa do bem e mal, cujos pecadores seriam salvos quando viesse o messias. Os princípios da religião estavam no livro Avesta, escrito pelo legendário Zoroastro ou Zaratustra. Com a chegada do islamismo à região, o zoroastrismo forçadamente perdeu muitos de seus seguidores.
Leia MaisQuando a revolução religiosa acirra ainda mais os ânimos do IrãUma história marcada por conflitos e guerrasDa civilização Persa ao irã atual : Compreendendo a crise entre Estados Unidos e IrãMas havia outras religiões na Pérsia, como o mitraísmo que valorizava muito o bem, a vida após a morte e a reserva do paraíso para os justos, com uma moral religiosa bastante rigorosa. A divindade do mitraísmo, Mitra, teria nascido no dia 25 de dezembro, porém essa concepção religiosa é anterior ao cristianismo. Quando o cristianismo entrou em Roma lá encontrou o culto de Mitra bastante difundido.
No conjunto religioso havia ainda o gnosticismo, que buscava o conhecimento total através da graça divina e o maniqueísmo com uma origem religiosa baseado do dualismo, colocando a luz contra as trevas.
Depois da introdução do Islamismo no século VII d.C., a partir da conquista da região pelos muçulmanos em 650, o termo Pérsia venceu e prevaleceu até 1934, quando a dinastia dos Pahlevi mudou novamente o nome do país para Irã.
Região sucessivamente dominada
Já no período contemporâneo o Irã resistiu ao domínio de novas potências que retalharam o Oriente Médio formando países diferentes, divididos por fronteiras artificiais, motivo de grande parte dos conflitos que ainda hoje assola a região.
Em fins do século XIX e começo do Século XX o Reino Unido e a Rússia passaram a disputar a influência sobre o Irã. O Irã se localizava no meio das colônias desses dois grandes impérios, passando a ser também objeto de disputa até que os ingleses e russos decidiram resolver suas diferenças sem pegar em armas.
Em 1907, ingleses e russos assinaram um pacto, a chamada Entente Anglo-Russa, que pôs fim ao chamado "Grande Jogo", o conflito e a rivalidade estratégica entre o Império Britânico e o Império Russo pela supremacia na Ásia Central. O objetivo desse acordo era resolver a longa disputa entre as potências imperiais sobre o entorno de suas colônias, embora também tenha servido para combater a influência alemã que vinha crescendo naquela época.
Pelo pacto, o Reino Unido e a Rússia dividiram o Irã em três zonas de influência: o Norte ficou com a Rússia, o sudeste com a Inglaterra e o restante seria uma zona neutra. O acordo foi importante para estabelecer um alinhamento diplomático que durou até a 1ª Guerra Mundial.
Em 1941, na 2ª Guerra Mundial, o Irã foi invadido pelos Aliados. O objetivo era proteger os campos de petróleo que haviam sido descobertos no país e também as rotas de abastecimento, no chamado "Corredor Persa". Um período de muita instabilidade se seguiu ao fim do grande conflito. Entre 1947 e 1951, o Irã teve seis primeiros-ministros.
Quanto mais o Irã se afastava da Inglaterra, mais se aproximava dos Estados Unidos, o seu novo aliado. Nesta época, o mundo vivia no cenário pós-guerra, surgindo movimentos de contestação à ordem global controlada pelas potências europeias. Apesar da pressão britânica, o movimento de nacionalização continuou no Irã, e o país passou a assumir a sua indústria do petróleo.
Presença dos Estados Unidos
Depois de mais algumas crises o Irã se tornou uma autocracia com o apoio dos americanos, que se tornavam a nova potência global. O xá Reza Pahlevi ganhou plenos poderes, passando a governar o país. Começava assim um longo período de amizade com os Estados Unidos.
O Xá Reza Pahlevi deu início a uma série de reformas administrativas, agrárias, sociais e econômicas com o objetivo de modernizar o país. Essa empreitada ficou conhecida como a Revolução Branca do Xá.
Com a aproximação do Ocidente o país também importou novos costumes, se ocidentalizando cada vez mais, num movimento iniciado pelo governo anterior, do pai de Pahlevi, Mohammad Reza-Shah. Os homens foram obrigados a usar roupas ocidentais, as mulheres foram desencorajadas a usar o véu. Homens e mulheres podiam até orar juntos, violando uma das principais regras islâmicas.
Os filmes, a música e outros elementos da cultura americana invadiram o país. Tudo isso entrou em choque com o xiismo, a corrente islâmica mais rigorosa que dominava o Irã.
Oponentes foram presos, torturados e mortos. Neste contexto é que o aiatolá Khomeini, expoente da resistência xiita foi preso e exilado na França.
E os EUA foram acusados de fazer vista grossa para as violações de direitos humanos, que aconteciam no país em nome dessa amizade.
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