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Vivemos a dramaticidade do presente e tememos um futuro ainda mais dramático. A Educação está diante de situações gravíssimas que envolvem a formação humana. A formação integral da pessoa compreende as várias dimensões: intelectual, espiritual, ambiental, psicológica, social, etc. Cabe à Educação, em qualquer instância, proporcionar a vivência de ritos que humanizam, sensibilizam e formem sujeitos solidários. A Igreja Católica sempre esteve atenta para atender este apelo e compreende a emergência de renovação do compromisso com a formação integral, ao longo da história humana. Na Carta Encíclica Populorum Progressio sobre o desenvolvimento dos povos, de 26 de março de 1967, Papa Paulo VI afirmou:
"Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação.
E dado a todos, em germe, desde o nascimento, um conjunto de aptidões e de qualidades para as fazer render:
desenvolvê-las será fruto da educação recebida do meio ambiente e do esforço pessoal,
e permitirá a cada um orientar-se para o destino que lhe propõe o Criador.
Dotado de inteligência e de liberdade, é cada um responsável tanto pelo seu crescimento como pela sua salvação.
Ajudado, por vezes constrangido, por aqueles que o educam e rodeiam,
cada um, sejam quais forem as influências que sobre ele se exerçam,
permanece o artífice principal do seu êxito ou do seu fracasso:
apenas com o esforço da inteligência e da vontade, pode cada homem crescer em humanidade, valer mais, ser mais. (15)"
Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum Progressio, retomou e atualizou o que anteriormente anunciou na Declaração Gravissimum Educationis sobre a Educação Cristã, em 28 de outubro de 1965. A busca de um projeto que favoreça o senso de renovação, de colaboração para as diversas iniciativas no mundo.
Todos os homens, de qualquer estirpe, condição e idade, visto gozarem da dignidade de pessoa,
têm direito inalienável a uma educação correspondente ao próprio fim,
acomodada à própria índole, sexo, cultura e tradições pátrias, e, ao mesmo tempo,
aberta ao consórcio fraterno com os outros povos para favorecer a verdadeira unidade e paz na terra.
A verdadeira educação, porém, pretende a formação da pessoa humana em ordem ao seu fim último e, ao mesmo tempo,
ao bem das sociedades de que o homem é membro e em cujas responsabilidades, uma vez adulto, tomará parte. (1, 5-6)
A Educação integral e humanitária esteve e está presente como escolha da Igreja, que sempre se manteve atenta, para que a Educação não cedesse ao secularismo que, renovado ao longo do contexto histórico, tem gerado desumanização, indiferentismo, ateísmo e relativização de valores perenes. À Educação cabe também educar para a esperança que dissipou, dissipa e dissipará às trevas da história da humanidade: Papa Bento XVI na Carta Encíclica Spe Salvi de 30 de novembro de 2007, ensina:
(...) da esperança destas pessoas tocadas por Cristo brotou esperança para outros que viviam na escuridão e sem esperança.
(...) A Fé é substância da esperança. (...) Para nós, hoje a fé cristã é também uma esperança que transforma e sustenta a nossa vida?
O homem tem necessidade de Deus; de contrário, fica privado de esperança.
A Igreja, através de muitos documentos dedicados à Educação, tem refletido sobre a “emergência educativa” e nos convoca também refletir intensamente sobre os grandes desafios de educar. Desafios intensificados neste novo contexto histórico, que nos embaraça, que nos desestabiliza e nos faz acreditar e defender o relativismo como princípio democrático, sem que percebamos a força devastadora do mesmo.
“Educar ao Humanismo Solidário para Construir uma ‘Civilização do Amor’” é uma proposta da Igreja e pode ser conferida no documento da Congregação para a Educação Católica, que comemorou com 50 anos da Populorum Progressio em 2017. Afirma o Documento:
«Conhecedora da humanidade», como descrita pela Populorum progressio cinquenta anos atrás,
a Igreja tem seja a missão como a experiência para indicar os percursos educativos adequados aos desafios atuais.
A sua visão educativa está ao serviço da realização dos maiores objetivos da humanidade.
Tais objetivos foram destacados, previamente, na Declaração Gravissimum Educationis:
o desenvolvimento harmônico das qualidades físicas, morais e intelectuais finalizados ao gradual amadurecimento do sentido de responsabilidade;
a conquista da verdadeira liberdade; a positiva e prudente educação sexual.
Ao longo desta perspectiva, intuía-se que a educação devia estar ao serviço de um novo humanismo,
no qual a pessoa social estivesse aberta ao diálogo e cooperasse na promoção do bem comum (7. 14-16)
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"Vivemos numa sociedade da informação que nos satura indiscriminadamente de dados,
todos postos ao mesmo nível, e acaba por nos conduzir a uma tremenda superficialidade
no momento de enquadrar as questões morais.
Por conseguinte, torna-se necessária uma educação que ensine a pensar criticamente
e ofereça um caminho de amadurecimento nos valores. (EG)"
Neste sentido, educar é antes de tudo, promover o sujeito em todas as suas dimensões para que seja protagonista de um mundo novo. Um mundo de solidariedade Universal. Passar da cultura descartável para a cultura do diálogo profundo e não superficial. Eis a “Civilização do Amor”.
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