
Considerada a melhor cerveja do mundo, “La Trappe” é cobiçada por especialistas e pelos amantes da bebida, que desembolsam uma bagatela considerável por uma única garrafa. Aliás, se você não sabe, dentre as 10 melhores cervejas do mundo, sete são monásticas, produzidas ainda nos dias atuais com técnicas medievais, seguindo uma tradição de séculos, o que garante sua qualidade.
Foi na grandiosa abadia de Saint Gallen, na Suíça e em Weihenstephan, Alemanha que se iniciou a produção da cerveja em mosteiros beneditinos. Sabe-se que em 1040 Weihenstephan teve autorização para seu fabrico e comercialização, podendo esta ser considerada a cervejaria mais antiga do mundo, ainda hoje em funcionamento.
Coube à monja e hoje santa beneditina e doutora da Igreja, Hildegard von Bingen (1098-1179) a inovação na receita da cerveja. Ela acrescentou um ingrediente chave para a preservação e aromatização da bebida, o lúpulo. Hildegard era uma amante e grande conhecedora das ervas e sabendo dos efeitos do lúpulo no organismo, o acrescentou na cerveja com o intuito também medicinal. Em “Liber Subtilitatum Diversarum Naturarum Creaturarum”, obra de sua autoria, ela descreve, por exemplo, as qualidades conservantes da flor do lúpulo à cerveja. Descreve também sua capacidade calmante, que contribui com o sono e no relaxamento do sistema nervoso.
É importante lembrar que não há nenhuma menção à cerveja na Regra de São Bento, embora o santo patriarca tenha escrito um capítulo exclusivamente dedicado ao consumo de uma outra bebida, o vinho, bem mais popular na Península Itálica. Trata-se do capítulo 40, “Da medida da bebida”. Aqui São Bento permite o consumo moderado da bebida, sem excessos, um quarto de litro por dia.
O vinho é a bebida por excelência do cristianismo. Aliás, o próprio Cristo dele se utiliza em momentos de destaque como o primeiro milagre que operou e a instituição da Eucaristia. O vinho é a bebida da missa enquanto culto litúrgico. Já nas mesas dos mosteiros é elemento sempre presente, desde os primórdios. Nos mosteiros a produção em grande escala da bebida também se faz desde sua gênese, podendo até mesmo ser comercializado.
Leia MaisSanto Arnulfo, o padroeiro dos cervejeiros Foi no mosteiro, a partir da adega com experimentos quase alquímicos que Dom Pierre Pérignon (1639-1715) criou o champanhe. Também nos mosteiros são muito comuns os licores dos mais diversos sabores, podendo também ser encontrados nas lojas monásticas.
Mas o nosso assunto é cerveja e hoje em dia, os monges a têm apreciado ainda mais. Milagrosamente a cerveja tem sido a salvação do mosteiro de Núrsia, Úmbria, Itália, cidade natal de São Bento (480-547). Este mosteiro ficou ao menos 200 anos sem monges, pois expulsos em 1810, apenas sendo repovoado por religiosos no ano 2000, a convite do Papa João Paulo II (1920-2005). O cenóbio sofreu muitíssimo com o terremoto de 2016, restando intacta no lugar, apenas a cervejaria, e esta tem ajudado nas finanças e contribuído na construção de um novo mosteiro.
Os monges da abadia de Grimbergen, na Bélgica, encontraram em 2019, nos seus arquivos a receita perdida de uma cerveja monástica que há mais 200 anos não mais era fabricada. Isto pelo fato de a abadia ter sido saqueada durante a Revolução Francesa, sendo na ocasião, a cervejaria destruída. A receita foi encontrada acidentalmente e os religiosos testaram-na obtivendo grade sucesso.
Nos últimos anos alguns mosteiros brasileiros passaram a produzir suas próprias cervejas. O destaque é a premiada “Mosteiro”, do Mosteiro de São Bento de São Paulo, com dois sabores (Red e Golden), lembrando a influência dos monges alemães da congregação beuronense que o reformaram entre os séculos 19 e 20. O mosteiro da congregação americano-cassinense de Vinhedo, interior de São Paulo, oferece uma saborosa cerveja, assim como também o Mosteiro de São Bento de Brasília. Estas bebidas, assim como outras iguarias monásticas, como pães, bolos e biscoitos, podem ser adquiridas em suas lojas nos próprios mosteiros.
Dom João Baptista Barbosa Neto, OSB
Monge do Mosteiro de São Bento de São Paulo (SP)
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