Todos já ouvimos falar ou lemos alguma coisa sobre o período histórico conhecido como Idade Média. Ele durou de 476, quando se deu a queda do Império Romano do Ocidente com capital em Roma, prosseguindo até 1453, quando se deu a queda de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente.
A Igreja foi a única instituição que saiu vitoriosa à queda do Império Romano e, por isso mesmo coube a ela um papel muito importante na Idade Média, tendo a tarefa de reorganizar a civilização ocidental e recristianizar a Europa, fazendo a união de povos e reinos totalmente diversos, integrando a cultura romana com a germânica sob o signo do cristianismo.
No interior da Igreja, os mosteiros aos poucos foram se tornando não apenas centros religiosos, como também centros de cultura e abrigo, pois davam proteção à população que vivia perto de seus muros, sobretudo nas épocas de invasão.
A partir da Casa Mãe de Monte Cassino, localizada no sul da Itália, os monges beneditinos cumpririam a missão de fomentar a cultura, a arte e a economia pela prática da agricultura. Essa missão pôde ser realizada porque sua vida era baseada na oração e no trabalho.
Aos poucos, cada mosteiro se converteu num centro de vida econômica, industrial, religiosa e cultural. As originais cabanas de palha vão sendo substituídas por grandes construções e cada mosteiro, uns mais e outros menos, vai se transformando numa pequena cidade, com Igreja, claustro, dormitórios e suas dependências com armazém, oficinas, hospital, escola e muito mais. Cada mosteiro passa a ter servos a seu serviço para complementar o trabalho dos monges.
Como o mosteiro produzia de tudo para suprir as necessidades dos monges e da população que vivia nas suas proximidades, os monges passam a produzir não só o alimento, mas também a bebida necessária para o dia a dia, como vinho, cerveja e licores.
Ainda hoje, alguns mosteiros e abadias da Europa mantêm essa tradição e, para muitos deles, a produção de bebidas selecionadas tornou-se também uma fonte de sustento. Nos tempos atuais, vários mosteiros e abadias da Europa foram transformados em hospedarias.
A tradição saiu dos mosteiros entrando nos conventos religiosos. Várias ordens e congregações religiosas passaram a produzir sua própria bebida, comercializando o excedente com as pessoas que frequentavam os conventos.
Na tradição da Igreja temos até um santo considerado o padroeiro dos cervejeiros!
Santo Arnulfo de Metz, o santo padroeiro dos cervejeiros
A Igreja tem também um rito próprio, em latim, para abençoar a cerveja e Santo Arnulfo ou Arnolfo de Metz é considerado o padroeiro dos cervejeiros, celebrado neste 18 de julho.
Ele nasceu na Áustria, no ano de 580, em tempos que o país era muito bem famoso por elaborar cervejas de excelente qualidade. Desde pequeno, se sentia chamado a seguir a Deus, e por isso, entrou num mosteiro beneditino, ainda muito jovem. Posteriormente foi nomeado abade e finalmente bispo de Metz, na França, aos 32 anos.
Tomar cerveja ou morrer
Quando era bispo de Metz, chegou àquela região uma terrível peste, que contaminou a água e muita gente acabou ficando doente ao consumi-la. Por essa razão, Santo Arnulfo ensinava seus fiéis a não consumir a água contaminada e em vez disso, beber cerveja.
Hoje sabemos que, ao ferver a água para a fabricação da cerveja, ela ficava livre dos germes que produziam a enfermidade.
A multiplicação da cerveja
No ano de 627, Santo Arnulfo se retirou a um mosteiro perto de Remiremont, na França, onde morreu e foi sepultado, em 640. No ano seguinte, os cidadãos de Metz pediram que seu corpo fosse exumado e levado a cidade para enterrá-lo na Igreja local.
Enquanto levavam o corpo de volta, vários fiéis sentiram-se cansados, esgotados e pararam numa taberna para comprar cerveja. Ao entrar, descobriram com tristeza que só havia uma garrafa e tiveram que compartilhar. Surpreendentemente, a garrafa nunca acabou e todos puderam beber a cerveja e matar sua sede.
O milagre foi atribuído a Santo Arnulfo e é em razão disso que a Igreja o considera o Santo padroeiro dos cervejeiros. Ele é venerado como santo na Igreja católica e na Igreja ortodoxa e sua festa é celebrada em 18 de julho.
Tradição redentorista
Os primeiros missionários redentoristas que vieram para o Brasil eram holandeses, chegados aqui em 1893, e alemães, chegados em 1894.
Nos conventos redentoristas em seus países de origem, também havia a tradição de produção da cerveja. Ao passarem da Europa para o Brasil, trouxeram consigo esse costume.
Além do costume de se consumir a bebida como habito cultural, naquele tempo não havia a comercialização e a variedade de marcas e rótulos como temos hoje no mercado. Mas, ao contrário do que pode parecer, o consumo do “precioso líquido” não era facultativo, havendo dias certos e até quantidade determinada para isso.
Algumas casas da Província de São Paulo tinham o maquinário necessário, chegando a fabricar a cerveja para o consumo interno. Uma dessas casas era o Convento Redentorista localizado na praça central da cidade de Aparecida.
Com a facilidade de se adquirir a cerveja no mercado, com a mudança das gerações e com a chegada das gerações de brasileiros que substituíram os bávaros alemães, esse costume aos poucos foi se perdendo. As instalações onde se produzia a cerveja foram desmontadas, restando apenas a casa que abrigava os equipamentos, localizada ao lado do Memorial Redentorista.
As fotos registram esse costume e essa tradição, inclusive, como registram as crônicas da comunidade redentorista, uma brincadeira que se fez em 1925 com o Pe. José Clemente, responsável pela cervejaria.
Para concluir, é bom lembrar que alguns católicos pensam que o consumo de cerveja e outras bebidas alcoólicas seja pecado. Sem embargo, a Igreja não vê problema no consumo moderado de álcool, sempre e, quando este se faça com responsabilidade e de modo que não ponha em risco a busca pela nossa santificação.
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