Igreja

Primado dos 10 mandamentos

Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)

Escrito por Dom Orlando Brandes

15 JUN 2021 - 08H00 (Atualizada em 16 JUN 2021 - 08H31)

Y.G.Harrison/ Shutterstock

Chamamos os Dez Mandamentos de Decálogo: 10 leis. Qual sua finalidade? São necessários? O que protegem? Por que existem? Seriam esses mandamentos uma imposição arbitrária? Qual o sentido dessas dez palavras?

1. O decálogo é manutenção da aliança, da amizade e da fidelidade do povo com seu Deus. Para proteger essa amizade e defender a aliança são promulgados os dez mandamentos. O amado e o amante concordam em proteger o amor. Assim fazem os amigos, os namorados, os esposos, os aliados. São as exigências do amor. O amor é exigente, é mandamento. Em outras palavras, os mandamentos cuidam do amor, entre a criatura e o Criador, defendem-no e o promovem.

2. Os dez mandamentos são regras para proteger a vida, valor primordial a ser defendido. Viver bem, ter vida digna, plena, feliz, eis o que o Deus da vida quer para seus filhos e suas filhas. O decálogo é um código de defesa da vida, dos direitos humanos, do verdadeiro humanismo. São normas que o Criador inscreveu em nossos corações como proteção de vida longa e feliz.

3. Eles protegem a liberdade, livram-nos do mal, do egoísmo, da destrutividade. Proíbem nossa escravidão às coisas e às pessoas, libertam-nos do poder, do ódio, da mentira, da ambição, das paixões. São remédios contra os venenos da existência humana. Quanto mais seguirmos os mandamentos, mais livres seremos. Livres do mal. Os mandamentos são leis de libertação. Protegem nossa liberdade de todas as correntes e cadeias do mal.

4. Os mandamentos expressam a sabedoria e providência de Deus. O povo de Deus torna-se sábio, se obedecer aos mandamentos, que são leis inteligentes, justas, autênticas, protetoras. Eles são uma pedagogia, porque indicam o caminho do bem, da verdade, da justiça, da retidão. Conduzem à felicidade e à virtude. Graças ao decálogo, podemos construir uma sociedade justa, fraterna, solidária. O bem comum precisa das leis do decálogo, que são um código de ética universal. Valem para as pessoas, culturas e nações.

Leia MaisConselhos do Papa Francisco sobre os 10 mandamentos5. São leis inatas, naturais, colocadas pelo Criador em nossos corações e nossas consciências. São a base segura para a vida pessoal e social. Antes de serem escritos nas pedras, os mandamentos foram escritos no coração. São a voz da consciência moral e nos levam a colaborar com o Criador e a conviver com os outros em igualdade, dignidade, liberdade e reciprocidade. Constituem a lei natural que ordena a todos: faça o bem, evite o mal. São o futuro da humanidade, pois, graças a sua força interior, a seus valores, preservam a vida na terra.

6. O decálogo é luz e orientação para a sociedade. Não precisaríamos multiplicar as leis se observássemos os dez mandamentos. Eles são suficientes e necessários para a organização social. Quanto menos seguimos os mandamentos, tanto mais precisamos promulgar leis que se tornam coativas, opressoras, arbitrárias. Jesus não anulou o decálogo, mas o aprimorou, completou-o e o aprofundou. O novo decálogo são as bem-aventuranças, que mostram o que é a felicidade. São orientações para a prática do reino de Deus, prescrevem como deve ser o novo mundo, a nova sociedade. Os fariseus inventaram 613 mandamentos. Jesus resumiu-os em dois, pois bastava o mandamento do amor.

7. Os dez mandamentos são uma escola, uma catequese, um ensinamento ético e social. São leis inatas que levam ao bom senso, à retidão, aos deveres essenciais. O decálogo é a mais perfeita legislação de todos os tempos. “Se queres entrar na vida eterna, guarda os mandamentos” (Mt 19,17). Muitos problemas internacionais, continentais, sociais e pessoais seriam resolvidos se a humanidade observasse os Dez Mandamentos, que são a síntese da verdadeira humanidade, da retidão da consciência moral e da sociedade justa e fraterna. Mais que promulgar leis, precisamos voltar à prática e observância do decálogo, que expressam a vontade de Deus e o desejo do coração humano, da lei natural e da consciência reta, em favor da vida.

Escrito por
Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)
Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Aparecida (SP)

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