Por Marília Ribeiro Em Igreja Atualizada em 13 AGO 2021 - 10H11

Relato de uma freira: a vida religiosa no serviço ao próximo

Uma vida de gratidão e amor, assim descreve a religiosa Antonia Cacilda dos Santos ao falar dos seus 41 anos de vocação na Ordem das Franciscanas do Coração de Maria, na cidade de Campinas, em São Paulo.

Eu sou muito grata a Deus por ter me abençoado e me apontado esse caminho da vida religiosa consagrada e nele eu me realizo”, expressou.

Arquivo Pessoal
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Irmã Cacilda, como é chamada, conta que teve o seu
despertar vocacional na infância, quando participava da catequese, a partir de uma visita a uma entidade de assistência a crianças, localizada na cidade de Taubaté (SP).

A minha catequista Guadalupe ensinava as coisas de Deus com tanto carinho, com tanta ternura e quando foi um dia, ela levou a gente no Lar Escola Santa Verônica, para passarmos uma tarde brincando com as crianças que lá moravam e me chamou muito atenção o trabalho das Irmãs”, explicou.

Leia MaisOração pelas vocações sacerdotais e religiosas Foi nesta visita, que aquela menina de sete anos sentiu-se atraída pelo cuidar do próximo, e na adolescência, passou a visitar o lar todos os domingos.

O meu passeio de domingo a tarde era ir ao lar brincar com as crianças e o meu amor foi ali, a minha vocação nasceu ali. À medida que eu via o cuidado das Irmãs com as crianças eu comecei a me perguntar por que eu não poderia fazer a mesma coisa que elas, e assim foi crescendo essa vontade no meu coração e eu nunca pensei em outra coisa na minha vida”.

E foi com o desejo de estar a serviço do outro, que hoje a religiosa realiza o trabalho de coordenadora técnica do serviço de proteção social, na Associação Franciscana de Assistência Social Coração de Maria (AFASCOM), em Campinas (SP).

“Deus me deu a graça dessa vocação e como resposta eu consagro a minha vida inteira a Ele, para seguir o projeto de Nosso Senhor Jesus Cristo onde Ele me enviar, me entregando totalmente e servindo todas as pessoas que colocar na minha vida.”

Com o sentimento de servir e a certeza de que não tem nada que o amor de Deus não alcance em sua vida, irmã Cacilda buscou ainda mais fortalecimento na oração e na fé para desenvolver as suas atividades profissionais neste tempo de pandemia.

Arquivo Pessoal
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Leia MaisA ação da Igreja em tempos de pandemia Em suas funções a frente da AFASCOM a religiosa viu de perto as consequências e as mazelas da Covid-19, quando as chagas e as feridas foram escancaradas.

Desde o início da pandemia em março de 2020 o nosso trabalho não parou. Fomos inclusos na primeira remessa da vacina, pois o nosso serviço foi considerado essencial. No segmento que eu trabalho, a violação de direitos foi potencializada. Passamos a lidar com muita miséria, violência de gênero, mães que morreram, pais que faziam uso de substância psicoativas e quando receberam o primeiro auxílio emergencial compraram tudo em drogas e morreram de overdose. Muitos adolescentes e jovens estão no sistema carcerário, muitas crianças fora da escola, muitas mulheres com depressão, perdemos muitos idosos que eram o sustentáculos das famílias, tivemos vários casos que precisaram de auxílio moradia, várias famílias que foram para os albergues, muitas famílias sem comida”, relatou, dizendo que o grito da entidade tem sido vacina no braço e comida no prato, afirmando que é necessário garantir segurança alimentar a todas as famílias.

Mesmo diante de todas essas realidades, a religiosa garante que sua vida é preenchida com o amor de Deus, vivendo os desafios como um caminho de fé e perseverança. “Como toda vocação nós encontramos obstáculos, nós encontramos perseguições, porque o próprio Jesus por muitos momentos disse: ‘Pai afasta de mim este cálice’, ‘tá pesada essa cruz’, ‘Pai me ajuda’, por isso, acho que dificuldades na verdade são obstáculos que aparecem na vida da gente como desafios que nos fortalecem para a gente alcançar metas e o desejo ser mais, de ser melhor, de ser uma pessoa renovada. Por isso eu não diria dificuldades, mais desafios”, ressaltou.

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