Muitos nem perceberam e a mídia pouco divulgou, mas no último dia 10 de maio, em Roma, aconteceu um encontro de extrema significância. Naquele dia o Papa Francisco recebeu o Patriarca Tawadros II, da Igreja Copta, uma das igrejas cristãs e católicas do mundo.
O patriarca permaneceu quatro dias em Roma onde participou de diversos eventos. Fazia 50 anos que não acontecia um encontro dessa relevância.
1973, o encontro de duas igrejas
O Papa Paulo VI havia convidado e, no 10 de maio de 1973, Shenouda III, Patriarca que governou a Igreja copta de 1971 a 2012, foi a Roma por ocasião da celebração dos 1600 anos da morte de Santo Atanásio de Alexandria, Doutor e Pai da Igreja, venerado nas Igrejas Ortodoxa, Copta e Católica.
Aquela reunião possibilitou a assinatura de um acordo cristológico que pôs fim a uma longa controvérsia entre coptas e católicos sobre o Concílio de Calcedônia (451), que havia sido a raiz da ruptura entre Roma e as Igrejas Orientais.
Pela primeira vez, os líderes das duas igrejas afirmaram que compartilhavam a mesma fé em Cristo, reconhecido como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Essa aproximação foi importante porque abriu caminho para outros gestos ecumênicos feitos por Roma para com as Igrejas Siríaca, Armênia e Siro-Malankara e vice-versa.
Agora, indo a Roma e se encontrando com o Papa Francisco, no 50º aniversário do primeiro encontro, o Patriarca Tawandros II enfatizou a importância dessa aproximação. Sua visita comemorou ainda os 10 anos de sua primeira ida a Roma em 2013, na primeira viagem fora do Egito, encontrando o então recém-eleito Papa Francisco. Naquela ocasião, o dia 10 de maio foi designado como o Dia da Amizade Copta-Católica. Em seguida, o Papa Francisco visitou o Egito em 2017, um verdadeiro passo à frente na aproximação das duas igrejas, com a assinatura de um acordo sobre o reconhecimento de batismos.
Passo ecumênico
Ao retornar dez anos depois de sua visita anterior, o Patriarca Tawadros II deu mais um passo ecumênico que o Papa Francisco fez questão de honrar e, num gesto sem precedentes, o convidou para participar da Audiência Geral no dia 10 de maio, falando ao povo de Roma e do mundo.
Na visita o Papa Francisco reconheceu os mártires da Igreja copta como mártires cristãos, incluindo-os no calendário católico.
Pequena, mas incomoda
A palavra copta deriva do grego, sendo usada para designar os habitantes do Egito que aderiram ao Evangelho no início da era cristã. Considera-se que a comunidade cristã tenha sido fundada por São Marcos.
No século V, porém, aderiram à heresia monofisita, que o Concílio de Calcedônia (451) havia condenado por afirmar que em Cristo havia uma única natureza.
A partir do século VIII, com a invasão do Egito pelos muçulmanos, os cristãos ganharam identidade própria e formaram a Comunhão Egípcia Copta, que tem ramificações na Etiópia (Abissínia) e na Síria. Existem coptas no Brasil e eles participam de uma igreja que existe na zona sul de São Paulo.
Os membros da igreja copta representam cerca de 10% da população egípcia. Naquele país, os católicos romanos são apenas cerca de cem mil.
Frequentemente descrita como a Igreja dos mártires, a Igreja Copta é marcada pelo assassinato de fiéis coptas pela organização Estado Islâmico na Líbia em 2015, os mesmos que o Papa reconheceu como mártires. Desde a Primavera Árabe, as igrejas coptas no Egito e na Síria têm recebido vários ataques, o que preocupa muito os seus descendentes aqui do Brasil.
Os coptas tradicionalmente desenham uma cruz em seu pulso, sendo um exemplo de como, nos países de maioria muçulmana, é possível que cristãos e muçulmanos vivam lado a lado. É por isso que o Estado Islâmico quer matá-los. Eles são um problema.
Merece, portanto, destaque a visita do Patriarca copta a Roma e o reconhecimento por parte do Papa Francisco e da Igreja católica, pois todos os membros da Igreja devem estar unidos na alegria e na dor, no tempo de paz e de perseguições.
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