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Por Eduardo Gois Em Igreja Atualizada em 21 AGO 2020 - 09H21

Vida Consagrada: "Coragem, Jesus acalma a tempestade e o medo", diz presidente da CRB

Nesta Semana dedicada à Vida Consagrada, o A12 reservou um tempo para um papo com a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Irmã Maria Inês Ribeiro.

Ela conta como foi pensada esta semana, quais lições os consagrados têm tirado da pandemia e também compartilha um pouco de sua escolha vocacional. "Muitas vezes, em muitas ocasiões, vieram grandes tribulações, desejo de abandonar a caminhada, as incompatibilidades e desafios na missão, seja no Brasil ou em Angola (África) onde fui missionária. Mas, sempre a graça de Deus me sustentou", diz. 

Confira abaixo o texto na íntegra:

Eduardo Gois
Eduardo Gois
Ir. Maria Inês, MAD


A12 - A CRB promove, pela primeira vez, a Semana Nacional da Vida Consagrada. O que inspirou a conferência em organizar uma semana dedicada ao tema?

Ir. Maria Inês Ribeiro - É a primeira vez que, não só a Conferência dos Religiosos e Religiosas, mas toda a Igreja do Brasil celebra a Semana da Vida Consagrada. O mês vocacional foi instituído no Brasil há quase 40 anos, pela CNBB, celebrando todas as Vocações, no decorrer das semanas de agosto.

É uma especificidade em nosso país e, graças à sensibilidade de tantas pessoas envolvidas neste contexto, no final dos anos 1970 e início de 1980, foram dados muitos passos. O grande objetivo é despertar o povo de Deus para a realidade do chamado a servir na Comunidade, seja como leigo (a), nos diversos serviços pastorais, bem como a vocação ao matrimônio, ao sacerdócio, a vida consagrada e ao diaconato.

No decorrer dos anos, as pessoas mais envolvidas na causa vocacional contribuíram para o surgimento de novas iniciativas e, no ano de 2019, logo após a realização da Reunião Ampliada da Comissão para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada da CNBB, nós da Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil, pensamos em propor não somente celebrar no terceiro domingo de agosto, o Dia do(a) Religioso(a), como também destinar toda a terceira semana para celebração, formação e divulgação da vocação a Vida Consagrada, incluindo os Institutos Seculares e as Novas formas de consagração.

A Comissão acolheu plenamente. Com isso, veio a aprovação do tema para este ano: “Amados(as) e Chamados(as)" e o lema: “És Precioso aos meus olhos... Eu te amo” (Is 43,4). Para tal, o setor de Animação Vocacional da CRB Nacional preparou uma rica programação.

A12 - O que move a Vida Consagrada nos tempos atuais?

Ir. Maria Inês - O principal foco desse tempo é cuidar da vida, que é muito preciosa. Como Deus, queremos ser amigos (as) da vida. As Consagradas e Consagrados tem vivido este momento de pandemia desde a experiência de vulnerabilidade e incerteza, mas também desde a solidariedade e comunhão que nasce de uma leitura permanente da fé.

Essa realidade do cuidado com a vida tão ameaçada, tem movido a Vida Consagrada, a dar respostas concretas especialmente estando ao lado dos mais pobres e vulneráveis. Neste tempo de pandemia tenho constatado que os consagrados estão vivendo movidos por uma profunda comunhão com os mais sofridos, por todos os cantos do país. Temos participado de inúmeras campanhas de solidariedade, em parceria com outros organismos, como a CNBB, Cáritas, Pontifícias Obras Missionárias (POM) e Rede Eclesial Pan Amazônica (Repam), também a Confederação Latino Americana de Religiosos (CLAR) e a  (União Internacional de Superioras Gerais (UISG).

Os Consagrados têm dado enorme exemplo humano de cuidado com a Vida! Quantas histórias profundas de heróis e heroínas, de abnegação, doação, serviços nos hospitais e nas obras sociais, nas comunidades e junto aos mais vulneráveis

A12 - Quais lições a pandemia trouxe para os consagrados e consagradas. Dá para retirar bons frutos em meio à dor?

Ir. Maria Inês - Há muitos sentimentos que nos envolvem. Esse tempo de pandemia nos deixará ganhos e perdas. Creio profundamente que o maior ganho, espero eu, é que está nos ajudando a olhar para as coisas essenciais.

Muitas coisas são importantes, e como! Porém, há algo essencial. O convite maior nos tempos de sofrimento é testemunhar o Deus da Vida. Voltar ao essencial é voltar os olhos para Deus.

Com certeza, podemos tirar inúmeras lições desse tempo. Uma delas, por exemplo, é que, neste tempo de pandemia, estamos tendo uma oportunidade maior de oração e, com certeza, é o que tem sustentado e impulsionado a cada um a se lançar em direção daqueles e daquelas que mais precisam da nossa presença.

Tenho percebido que, neste tempo, os consagrados têm voltado mais para o essencial. Percebo que estão buscando realizar a experiência vital de escuta e de acolhimento. Estão com as mãos erguidas, intercedendo pela humanidade sofrida. Com certeza, neste tempo, cada comunidade de Consagrados e Consagradas tem feito uma profunda experiência de oração e percebido o Mistério de Deus avizinhando-se e segurando-os, mesmo quando não se dão conta, e mesmo quando o silêncio - o duro e pesado silêncio - parece a verdade mais palpável.

“Voltar ao essencial é voltar os olhos para Deus”

Neste tempo, em comunidade constatamos que a nossa vida não depende apenas de nós e das nossas escolhas. Todos estamos nas mãos dos outros.

Experimentamos como é vital esta independência, essa trama feita de reconhecimento, de dom, de respeito e solidariedade, de autonomia e relação. Valorizamos mais a realidade bairro, vizinhança e país! Há uma rede de interesse, solidariedade, humanidade e cidadania. Estamos aprendendo a usar melhor as Redes Sociais, não como forma de divertimento ou fuga mas como canais de presença, de cuidado e de escuta.

Estamos distantes e estamos reaprendendo o valor da saudação, do cumprimento, a incrível força que recebemos de um sorriso, de um olhar, sem que nossos braços se estendam na direção uns dos outros, podemos nos abraçar afetuosamente sem nos conhecermos. Podemos reaprender a não relegar ninguém à indiferença.

A12 - Qual conselho daria para quem quer seguir a caminhada e sentiu o chamado?

Ir. Maria Inês - Seguir Jesus é uma grande alegria! Pessoalmente, Iniciei minha caminhada vocacional muito jovem, com muito ânimo, no ardor próprio da juventude. Ingressei na Congregação das Irmãs Mensageiras do Amor Divino e hoje, tendo já celebrado o meu Jubileu de Ouro como consagrada, o sentimento é de imensa gratidão ao Senhor, por ter-me chamado e sustentado até aqui.

Muitas vezes, em muitas ocasiões, vieram grandes tribulações, desejo de abandonar a caminhada, as incompatibilidades e desafios na missão, seja no Brasil ou em Angola (África) onde fui missionária. Mas, sempre a graça de Deus me sustentouEle me fortalecia e renovava minha coragem de segui-Lo. Hoje, vivo e viverei em ação de graças. Meu louvor é ao Senhor, pois sei que me dará força e coragem em todos os dias da minha vida.

Na mensagem para o 57º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco nos convida a rever nossa “viagem vocacional”, tendo como pano de fundo o texto de Mateus (14, 22-33), onde Jesus manda subir na barca e seguir para outra margem. Na travessia, os discípulos se deparam com a tormenta. Depois de estar um tempo em oração, Jesus vai ao encontro deles, andando sobre o mar. Eles se assustam e pensam ser um fantasma. Jesus acalma a tempestade e o medo deles em alto mar: “Coragem, sou Eu, não tenham medo”.

.:: 51ª Semana Vocacional. Veja detalhes aqui.

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