Mundo

A força da Internet

Comunicação pode ser usada para o bem ou para o mal

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

25 FEV 2023 - 08H00

LookerStudio/ Shutterstock

A humanidade demorou bastante para evoluir na sua forma de se comunicar à distância, o que sempre foi uma necessidade muito real e premente. Até a invenção da escrita, passaram-se milhares de anos em que utilizou recursos primários como gestos e grunhidos. A própria fala custou a aparecer, e os seres humanos compensavam essa carência fazendo as pinturas rupestres para comunicar e registrar os seus feitos. Leia MaisÓdio na Internet: reflexo da fragilidade das relações

Com o desenvolvimento da fala, tudo se acelerou. As pessoas começaram a trocar conhecimentos a distância, falando de seus feitos, mesmo aqueles de caráter mitológico e religioso. Numa sequência lógica, a escrita não demorou a surgir, como uma forma de registro daquilo que era falado.

Mesmo no caso das Sagradas Escrituras, primeiro existiu a tradição oral para depois acontecer a escrita, quando já havia as condições necessárias para isso.

Do início da linguagem escrita até chegar aos nossos dias, a humanidade começou a aplicar a tecnologia à comunicação numa rápida sucessão de conquistas e progressos. Em pouco tempo chegamos ao ponto de um único emissor conseguir transmitir uma mensagem para milhões de pessoas, como é o caso do telégrafo, depois do rádio e da televisão, com todos os recursos que a tecnologia hoje oferece. E o futuro promete!

Surgimento da internet

A Internet surgiu em meados dos anos 60, na época da Guerra Fria, nos Estados Unidos, quando o Departamento de Defesa investiu na criação de uma rede de comunicação de computadores em pontos estratégicos ligados por cabo.

O planeta estava dividido em dois blocos ideológicos e politicamente antagônicos – EUA x URSS ou capitalismo x socialismo - que exerciam enorme controle e influência em todas as partes do mundo. Milhões e milhões de dólares eram investidos e qualquer mecanismo, qualquer inovação, qualquer ferramenta nova poderia contribuir para que um lado tivesse a supremacia nessa disputa.

Passos foram dados e, mais tarde, pelos idos dos anos 90, o governo americano liberou a rede para uso civil e hoje a circulação de dados se faz pela famosa WWW, a World Wide Web, um sistema de troca de informações entre redes de computadores primeiro a cabo e hoje pelo WFI, numa altíssima velocidade. Uma enciclopédia, que antes ocupava várias prateleiras numa biblioteca, cabe num pen-drive e ainda sobre espaço. Se em 1995, a internet tinha apenas 16 milhões de usuários, hoje são mais de 5,3 bilhões em todo o mundo e cada vez mais conectados.

No Brasil, a Internet surgiu no final da década de 80, quando as universidades brasileiras começam a compartilhar algumas informações com os Estados Unidos, alcançando também uma igual difusão. Hoje são cerca de 165 milhões de brasileiros que tem acesso a internet.

E a responsabilidade?

O que hoje se conhece como mundo virtual é um imenso arquivo de dados, grande parte guardados “na nuvem” e não mais em meios físicos, mas sempre disponíveis. Não há mais fronteiras ou distância e tudo está ligado numa rede planetária. Um minúsculo aparelho é capaz de nos dar acesso a todo o universo e o aparelho celular, desenvolvido também pelos anos 80, consegue fazer tudo, até mesmo falar!

Os impactos da internet provocam mudanças nas relações familiares, religiosas, de trabalho, de aprendizado e de vida social. Porém, a humanidade - e nela o Brasil - precisa rever com urgência, alguns conceitos, como direitos Autorais, domínios, arquivamento e preservação de dados, mas, sobretudo, a espinhosa questão da liberdade de expressão.

As redes sociais têm se tornado cada vez mais um espaço para a exposição de ideias, o que propicia uma abertura maior para a discussão de temas entre os seus usuários. Porém, a má utilização dessa rica possibilidade tem causado o impulsionamento da presença de discurso de ódio, nas redes sociais e no mundo virtual como um todo.

Por "discurso de ódio" se entende as ofensas gratuitas que têm como propósito humilhar, rebaixar, menosprezar e até mesmo agredir grupos e pessoas. Este tipo de violência é pautado na intolerância a diferenças culturais, religiosas, étnicas, de orientação sexual ou posicionamento político, entre outros.

Dados indicam que os discursos de ódio, muitos deles fundamentados em raízes de regimes e ideologias do passado, cresceram muito no período da pandemia e na recente disputa política de 2022.

Precisamos ter em mente que a vida real, longe da tela de computadores e smartphones, é diferente da vida on-line, e o real é que vale. Se na vida off-line as pessoas têm o cuidado de não expressarem opiniões preconceituosas e agressivas, principalmente pelo medo das consequências, no mundo virtual o comportamento de ódio parece estar muito mais liberado.

No Brasil, por exemplo, os crimes mais comuns cometidos no mundo digital, especialmente nas redes sociais são o preconceito étnico-racial, a injúria por preconceito, o preconceito religioso, a discriminação por questões de gênero, além das ameaças e difamação.

Para especialistas em Crimes Cibernéticos, a Internet, principalmente as redes sociais, facilitaram o bullying e os discursos de ódio, que podem ser praticados a qualquer momento, tendo o agressor a falsa sensação de impunidade, por estar “encoberto”.

É preciso, pois, aperfeiçoar a legislação de uso da rede, sobretudo com a melhor tipificação dos crimes virtuais, e acima de tudo, buscar por todas as vias a pacificação de nossa sociedade.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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