O termo “festa junina”, tão usado nesses dias, está associado a tradições de países cristãos que prestam homenagem a São João Batista, no dia 24 de junho, e a outros santos deste mês. Leia MaisFestas Juninas: A tradição e a devoção brasileira aos santos juninos
Originalmente, o evento era uma festa pagã que comemorava a chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte. Transportada para o Hemisfério Sul, a data foi associada ao solstício de inverno.
Solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior inclinação em latitude, medida a partir da linha do Equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em junho e dezembro. O dia e hora exatos variam de um ano para outro.
Com a evangelização da Europa, durante a Idade Média, o ritual pagão foi transformado e incorporado ao calendário cristão. No dia 24 de junho passou a ser comemorado o nascimento de São João Batista.
Por isso, as festas de junho antes eram chamadas de “Festas Joaninas”, e só mais tarde, com o advento de outras festas, passaram a se chamar de juninas, referentes às festas deste mês.
Pouco a pouco, outros dias do mês foram associados a santos populares: o dia 13, dedicado a Santo Antônio, e o dia 29 a São Pedro e São Paulo. Com a reforma do calendário litúrgico, muitas vezes, como neste ano de 2022, a festa dos santos apóstolos cai no início de julho, daí serem chamadas de “Festas Julinas”.
A mistura entre festas de santos da Igreja com folguedos pagãos recria até hoje práticas culturais que vão ganhando conotações mais modernas, de acordo com a região onde acontecem.
Com a chegada dos portugueses, espanhóis, holandeses e franceses, a soma de alguns elementos que trouxeram dará origem a outros tipos de celebrações em diferentes regiões do país que, somada com a miscigenação entre índios, africanos e europeus, fez brotar no país uma série de expressões artísticas como as modas de viola e cordéis, emboladas de coco e cirandas, xote, xaxado e baião, sem falar nas famosas quadrilhas e forrós.
Um dos principais símbolos das festas juninas, a fogueira de São João, surgiu, segundo a tradição cristã, porque no nascimento do santo, sua mãe, Isabel mandou acender uma fogueira nas montanhas para anunciar o nascimento do filho. O costume, que foi introduzido pelos primeiros cristãos ao acenderem fogueiras na festa de São João para lembrar que foi ele quem anunciou a vinda de Cristo, expressão da luz divina, vai reforçar essa tradição.
Os versos da música “O balão vai subindo”, registram esse costume nas festas juninas brasileiras: “São João, São João, acende a fogueira no meu coração”. A canção faz referência também à prática de soltar balões para sinalizar o início das festas, hoje proibida devido aos riscos de incêndio ou para a aviação. Outra tradição associada às chamas é soltar pequenos explosivos (bombinhas ou estalinhos) ou fogos de artifício para acordar o "santo dorminhoco".
Ao que tudo indica, foram os padres jesuítas que trouxeram a tradição de São João para o Nordeste brasileiro, de lá passando a outras regiões.
Os índios, que já adoravam dançar ao pé do fogo, aproveitaram a deixa. Em sua concepção, as brasas da fogueira, assim que se apagam, devem ser guardadas, conservando, deste modo, um poder de talismã que garante uma vida longa a quem segue o ritual.
Talvez por isso, algumas superstições dizem que faz mal brincar com fogo, urinar ou cuspir nas brasas ou arrumar a fogueira com os pés.
O certo é que, da mistura de influências, de rituais e de lendas, vivemos em junho um dos meses mais ricos do ano em festejos que compensam com o calor humano o frio do inverno que costuma chegar nessa época.
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