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Curiosidades da História: A origem das Festas Juninas

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

23 JUN 2022 - 09H48 (Atualizada em 15 JUN 2023 - 11H51)

O termo “festa junina”, tão usado nesses dias, está associado a tradições de países cristãos que prestam homenagem a São João Batista, no dia 24 de junho, e a outros santos deste mês. Leia MaisFestas Juninas: A tradição e a devoção brasileira aos santos juninos

Originalmente, o evento era uma festa pagã que comemorava a chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte. Transportada para o Hemisfério Sul, a data foi associada ao solstício de inverno.

Solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior inclinação em latitude, medida a partir da linha do Equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em junho e dezembro. O dia e hora exatos variam de um ano para outro.

Com a evangelização da Europa, durante a Idade Média, o ritual pagão foi transformado e incorporado ao calendário cristão. No dia 24 de junho passou a ser comemorado o nascimento de São João Batista.

Por isso, as festas de junho antes eram chamadas de “Festas Joaninas”, e só mais tarde, com o advento de outras festas, passaram a se chamar de juninas, referentes às festas deste mês.

Pouco a pouco, outros dias do mês foram associados a santos populares: o dia 13, dedicado a Santo Antônio, e o dia 29 a São Pedro e São Paulo. Com a reforma do calendário litúrgico, muitas vezes, como neste ano de 2022, a festa dos santos apóstolos cai no início de julho, daí serem chamadas de “Festas Julinas”.

A mistura entre festas de santos da Igreja com folguedos pagãos recria até hoje práticas culturais que vão ganhando conotações mais modernas, de acordo com a região onde acontecem.

Com a chegada dos portugueses, espanhóis, holandeses e franceses, a soma de alguns elementos que trouxeram dará origem a outros tipos de celebrações em diferentes regiões do país que, somada com a miscigenação entre índios, africanos e europeus, fez brotar no país uma série de expressões artísticas como as modas de viola e cordéis, emboladas de coco e cirandas, xote, xaxado e baião, sem falar nas famosas quadrilhas e forrós.

Cenas Brasileiras/ Shutterstock
Cenas Brasileiras/ Shutterstock


Um dos principais símbolos das festas juninas, a fogueira de São João, surgiu, segundo a tradição cristã, porque no nascimento do santo, sua mãe, Isabel mandou acender uma fogueira nas montanhas para anunciar o nascimento do filho. O costume, que foi introduzido pelos primeiros cristãos ao acenderem fogueiras na festa de São João para lembrar que foi ele quem anunciou a vinda de Cristo, expressão da luz divina, vai reforçar essa tradição.

Os versos da música “O balão vai subindo”, registram esse costume nas festas juninas brasileiras: “São João, São João, acende a fogueira no meu coração”. A canção faz referência também à prática de soltar balões para sinalizar o início das festas, hoje proibida devido aos riscos de incêndio ou para a aviação. Outra tradição associada às chamas é soltar pequenos explosivos (bombinhas ou estalinhos) ou fogos de artifício para acordar o "santo dorminhoco".

Ao que tudo indica, foram os padres jesuítas que trouxeram a tradição de São João para o Nordeste brasileiro, de lá passando a outras regiões.

Os índios, que já adoravam dançar ao pé do fogo, aproveitaram a deixa. Em sua concepção, as brasas da fogueira, assim que se apagam, devem ser guardadas, conservando, deste modo, um poder de talismã que garante uma vida longa a quem segue o ritual. 

Talvez por isso, algumas superstições dizem que faz mal brincar com fogo, urinar ou cuspir nas brasas ou arrumar a fogueira com os pés.

O certo é que, da mistura de influências, de rituais e de lendas, vivemos em junho um dos meses mais ricos do ano em festejos que compensam com o calor humano o frio do inverno que costuma chegar nessa época.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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