O arcebispo Gabriele Caccia, representante do Vaticano nas Nações Unidas, proferiu um discurso durante a conferência das Nações Unidas sobre a resolução pacífica da questão Palestina e a implementação da solução dos dois Estados, promovida pela França e pela Arábia Saudita e encerrada no último dia 30 de julho, em Nova Iorque, nos EUA.
A posição da Santa Sé pela solução do conflito defende a manutenção de dois Estados, devidamente delimitados por fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente.
Caccia pediu com urgência “um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns israelenses, a restituição dos corpos dos falecidos, a proteção de todos os civis palestinos em conformidade com o direito internacional humanitário e o acesso irrestrito à ajuda humanitária”.
Arcebispo Gabriele Caccia, representante da Santa Sé na ONU
A crise humanitária instalada na Faixa de Gaza, agravada com ações do governo israelense que impede a chegada de ajuda humanitária aos civis palestinos, é uma das principais preocupações da representação do Vaticano na ONU.
“A Santa Sé permanece profundamente preocupada com o agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza”, segundo fala do arcebispo Caccia. Daí o apelo à comunidade internacional para uma resposta imediata e coordenada ao “deslocamento em massa de famílias, ao colapso dos serviços essenciais à fome crescente e às privações generalizadas que abalam a consciência humana”, disse ele em trecho do discurso.
O arcebispo destacou o impacto do conflito sobre os civis, mencionando o número de crianças mortas, a destruição de casas, hospitais e locais de culto, com referência especial ao recente ataque à igreja da Sagrada Família, que feriu ainda mais uma comunidade já provada.
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“Um evento que gerou profunda angústia, considerando o papel dos cristãos na região, que há muito se propõem como presença moderadora e estabilizadora, promovendo o diálogo e a paz”, destacou em outra passagem de sua fala.
A convicção da Santa Sé é de que a solução dos dois Estados, baseada em fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente, é a única via viável e justa para uma paz duradoura.
Em relação aos palestinos, Caccia frisou outra posição essencial da Santa Sé: o firme apoio aos direitos inalienáveis do povo palestino, incluindo o direito à autodeterminação, bem como às legítimas aspirações dos palestinos “a viver em liberdade, segurança e dignidade dentro de um Estado independente e soberano”, disse o arcebispo em seu discurso.
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Em seu discurso, o arcebispo Gabriele Caccia destacou também a grande importância religiosa e cultural de Jerusalém, cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos. O representante da Santa Sé afirmou que é necessário que o local possua um status que transcenda as divisões políticas.
Em Jerusalém, segundo a posição da Santa Sé, “ninguém deveria ser alvo de intimidações. É, portanto, deplorável que os cristãos se sintam cada vez mais ameaçados na Cidade Velha de Jerusalém”, disse Caccia.
Ao final de sua intervenção na conferência, o arcebispo citou o Papa Leão XIV e seu apelo pelo fim da barbárie da guerra e que o encontro realizado em Nova Iorque possa servir para lembrar que “somente por meio de um diálogo paciente e inclusivo é possível alcançar uma resolução justa e duradoura dos conflitos”.
O Padre José Inácio de Medeiros, C.Ss.R., historiador e missionário redentorista, que atua no Instituto Histórico Redentorista em Roma; e é colunista do Portal A12, explica que uma das principais razões dos conflitos que acontecem no Oriente Médio se deve ao domínio que foi imposto sobre toda a região desde a antiguidade.
“Sobretudo nos tempos modernos, quando o Oriente Médio se tornou possessão das grandes potências europeias, foram criadas fronteiras artificiais que juntaram povos que eram inimigos e separaram outros povos que tinham uma igualdade étnica e cultural”, explica Pe. José Inácio em entrevista à reportagem.
“A Inglaterra, por exemplo, que era possuidora e tinha o mandato em toda a região até o período das Duas Grandes Guerras, saiu da região sem resolver os conflitos que lá existiam e, pelo contrário, ajudou a acirrar vários deles”, completou.
Para o historiador, as tentativas diplomáticas não funcionaram até hoje. Ele explica que no caso da Palestina, quando foi constituído o Novo Estado de Israel em 1948, a divisão das fronteiras promovidas pela ONU não agradou a todos os lados.
“Além das guerras que já aconteceram em diversas ocasiões, os conflitos são continuados porque um lado não se entende com o outro por razões étnicas, religiosas e culturais. Nenhum dos tratados de paz assinados até agora foi efetivo no sentido de resolver as fontes dos conflitos”, disse.
“A criação de dois países distintos, num processo coordenado pela ONU e respeitado por todos os lados, poderá ser, conforme defende a Igreja, o início da solução de tantos conflitos que atingem especialmente os mais fracos”, conclui Pe. José Inácio.
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