Por que premiar a música católica é tão importante?

A música sempre foi uma força vital na vida da Igreja. Desde os primeiros séculos do Cristianismo, o canto ajudou a transmitir a fé, ensinar o Evangelho e tocar profundamente os corações.

Assim, os artistas católicos seguem essa missão de pregar o Evangelho com criatividade e belas melodias. Reconhecer esse trabalho pastoral é mais do que justo e necessário.

E é por isso que iniciativas como o Catholic Music Awards e o tradicional Troféu Louvemos o Senhor ganham tanta importância.

O Catholic Music Awards, conhecido como o “Grammy da música católica”, teve sua primeira edição internacional em julho deste ano. Com o apoio de organismos vaticanos como o Dicastério para a Comunicação e a Fundação Ramón Pané, o prêmio quis celebrar o melhor da produção musical católica em quatro línguas: português, espanhol, inglês e italiano.

A proposta é valorizar a excelência artística, impulsionar a evangelização por meio da música e criar uma rede global de músicos católicos.

Troféu Louvemos o Senhor, em 2014, em sua 5ª edição

A tradição do Louvemos o Senhor

No Brasil, há uma premiação que por mais 15 anos trouxe visibilidade a música católica: o Troféu Louvemos o Senhor, promovido pela Associação do Senhor Jesus.

O prêmio foi pioneiro ao destacar compositores, intérpretes, produtores e grupos que fazem da música uma ponte com Deus. A premiação busca valorizar a qualidade técnica das produções e a missão evangelizadora por trás de cada nota, letra e melodia.

Muitos dos que hoje ganham visibilidade internacional começaram sendo reconhecidos por esse prêmio brasileiro. É o caso da banda Rosa de Saron, vencedora de mais de 30 Troféus Louvemos o Senhor ao longo dos 35 anos de carreira, e que, de maneira inédita, conquistou os prêmios de Melhor Canção Rock com “A Rosa e o Espinho” e Melhor Videoclipe, com “Baile das Máscaras”.

Em entrevista ao Portal A12, Bruno Faglioni, Rogério Feltrin e Wellington “Grevão” Greve falaram sobre a importância da música católica receber um reconhecimento da Igreja pelo trabalho de evangelização.

“Esses prêmios chancelam o nosso trabalho, de que estamos no caminho certo, que estamos conseguindo transmitir para as pessoas a nossa mensagem”, comemora o baterista Grevão, reforçado pelo vocalista, Bruno:

“Quando a gente tem a possibilidade de participar de uma premiação assim, confere um outro peso para as coisas, um outro grau de profissionalismo de que há seriedade de como a música católica é encarada. Um órgão como o Vaticano, a Fundação [Ramón Pané] apoiada pelo Vaticano, um órgão extremamente respeitado e abraçando algo de caráter mundial, em que muitos dos maiores músicos católicos do mundo estavam presentes, geram possibilidades de toda a indústria se prepararem para estarem presente nisso, a desejarem isso, e como isso interfere e impacta nas produções e faz com que a música cresça.”

Para Rogério, o baixista, premiações como essa geram curiosidade nas pessoas.

“Ajuda a dar visibilidade e interesse a artistas e bandas que o público, e até mesmo nós que estamos no meio, ainda não conhecemos. Ao estar numa premiação e ver os indicados, você fica curioso para ouvir suas músicas. Hoje em dia ainda há dificuldade de espaço e de divulgação, então qualquer porta que se abre é importante, e a premiação é uma delas”.

Ao relembrarem a trajetória como vencedores de mais de 30 prêmios do Troféu Louvemos ao Senhor, os integrantes do Rosa de Saron comemoram o pioneirismo da Associação do Senhor Jesus, por meio da TV Século 21, em terem um olhar para a música católica brasileira.

“Vale comentarmos como foi louvável uma Associação fazendo uma premiação que teve um caráter de prêmio nacional, porque não tinha outra premiação expressiva da Igreja Católica que levasse em consideração a música católica no Brasil”, relembra Bruno, que ainda reitera como a música católica precisa ter um olhar profissional, assim como a música secular.

“Ainda tem na nossa Igreja a cultura do ‘se é pra Deus, é de coração’, ou seja, não se preocupa com o lado profissional e tende a depreciar o valor da nossa arte. Assim, esses prêmios valorizam não só o Rosa de Saron, mas todos os artistas que vão vir e estão aí, e essa premiação traz luz a arte deles, traz espaço para esses artistas.”

Karo/Adobe Stock

A música como ferramenta de evangelização

A Instrução Musicam Sacram, do Concílio Vaticano II, ensina que "o canto sacro é elogiado, seja pela Sagrada Escritura, seja pelos Padres, seja ainda pelos Pontífices Romanos que recentemente, a começar por São Pio X, sublinharam com insistência a tarefa ministerial da música sacra no serviço divino”.

Já a Sacrosanctum Concilium afirma que a “a tradição musical da Igreja é um tesouro de inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte”, pois ela tem o poder de tornar a liturgia mais bela e mais participativa.

A música é um meio direto de anunciar Jesus, que emociona, ensina e consola. E para muitos jovens, é o primeiro contato com a fé. Como afirmou o Papa Francisco: “Cantar, tocar, compor, dirigir música na Igreja são as coisas mais bonitas para a maior glória de Deus”.

Um santo também falava sobre isso. Santo Agostinho costumava dizer que “quem canta, reza duas vezes”, e quem evangeliza com a música, toca almas inteiras.

Dessa forma, Grevão vê como mais uma forma de destacar esse belo ministério na Igreja:

“Importante [haver] essas premiações, pois é a forma da Igreja dizer que os Ministérios de Música são uma ferramenta de evangelização no mundo católico. Mostra que a Igreja está nos enxergando como meio evangelizador na Igreja”.

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