Por Wallison Rodrigues Em Música

Quem canta nas celebrações litúrgicas?

Iniciamos nossa reflexão com a seguinte motivação: “Que vosso modo de celebrar seja a própria expressão de vossa fé!” (João Paulo II).  Expressão convidativa a uma reflexão mais profunda sobre as músicas que cantamos em nossas liturgias. Haja vista, mais importante antes de tudo, ressaltar quem é cantor em nossas celebrações litúrgicas. Sabemos que toda a Igreja constitui o corpo místico de Cristo. Muitos membros, que mutuamente estão a serviço uns dos outros (cf. 1Cor 14,5; Ef 4,12). Logo, o lugar de quem canta a liturgia não é de direito profissional. Referimo-nos a uma função ministerial, abraçada por homens e mulheres (cf. Lumem Gentium, 34) que celebram os mistérios de sua fé.

Por força do Batismo, toda a assembleia – os fieis - é convidada a participar das celebrações de maneira plena, consciente e ativa. De modo que se usem os meios necessários e prudentes a restabelecer e favorecer a participação do povo na liturgia. (cf. Sacrossanctum Concilium, 14). Fonseca (obra: Quem canta? O que cantar na liturgia? p.14) nos relembra que a participação dos fieis foi uma das principais preocupações que desencadeou o Vaticano II. Mas, para que isso aconteça é importante pensar em um caminho pedagógico e formativo, de preparações cuidadosas e  de zelo fiel às orientações da Igreja.  

Quando ligamos nossos rádios, tvs, quando acessamos a internet, quando estamos em nossas comunidades ou visitamos outras cidades... Somos envoltos da riqueza ministerial que é a nossa Igreja. Notem, no canto litúrgico temos: compositores, animadores, salmistas, instrumentistas, corais, grupos de cantores, entre outros. Todos estes ministérios são cheios de importância, pois formam um ÚNICO MINISTÉRIO LITÚRGICO. Mas, muitas vezes este ministério não tem sido desempenhado de maneira mais adequada. Em sua maioria falta formação litúrgico-musical – Eis nossa grande preocupação. Fonseca (p.15) diz que este fator acarreta grandes dificuldades, tais como: a falta de critérios teológico-litúrgicos na escolha de repertórios, maneira incorreta de tocar os instrumentos musicais, falta de entrosamento entre cantores e instrumentistas, cantores e assembleia e, ouso acrescentar, entre cantores/instrumentistas e o presidente da celebração.  

 

Viver a nossa vocação é fazer o povo cantar o mistério celebrado.

Sem o auxílio de uma formação adequada para o desempenho do nosso ministério, caímos na tentação de cantar PARA O POVO. Vale lembrar que cantamos COM O POVO! Não levar em conta a presença do povo é fazer deles meros expectadores, que simplesmente observam e espera o “momento” acontecer. Não respeitar o direito do povo de celebrar ativa e plenamente a liturgia, é não levar em conta o autor daquela “reunião”, feita sob a ação do Espírito Santo. Sabemos e acreditamos que bendito é Aquele que reúne o seu povo em seu amor. Ou seja, Deus chamou todos os fieis, os reuniu para “louvar de todo o coração e crescer espiritualmente, deixando-se santificar pelo Espírito Santo, que atua poderosamente na celebração litúrgica” (Foncesa apud Buyst).

Se levarmos em conta a essência de nossa vocação ministerial – dom divino que o Senhor nos confiou para o bem dos nossos irmãos – não deixamos ser afetados por “estrelismos” ou modos inadequados de projetar e exibir as vaidades pessoais. O “EU” que celebra, é um “Eu” comunitário... Cantar a liturgia é cantar com toda a assembleia ali reunida. Viver a nossa vocação é fazer o povo cantar o mistério celebrado. A música tem a força de unir todas aquelas diferentes pessoas que vieram celebrar e formar um único corpo. Devemos insistir na vivência desta ideia de unidade e comunhão. Quem dera que com um estetoscópio, lá de fora, nas paredes de nossas Igrejas, pudéssemos escutar um único coração a pulsar lá de dentro. Não é uma realidade distante, pois depende de mim e de você... Depende de nós!

Sugestões práticas para que o povo possa cantar e bem celebrar: 1) Você deve ter segurança do canto; 2) O material que você vai usar (microfone, instrumento...) deve estar arrumados antes da assembleia se reunir; 3) Alguns minutos antes de começar a celebração, é importante passar o refrão dos cantos que são novos (Salmo, Comunhão, Respostas...); 4) Elogiar e incentivar a comunidade a cantar, pois você simplesmente irá sustentar o canto. É possível?

 Para refletirmos: Nas celebrações em sua comunidade, você é capaz de sentir-se unido aos outros membros formando um único corpo? Como é a participação da assembleia em sua comunidade? Existe uma integração entre músicos, equipes de liturgia e presidência nas celebrações? Se modo de celebrar é a expressão do modo que acreditamos... Como você celebra em sua comunidade?

 

Sugestão de leitura: FONSECA, Joaquim. Quem canta? O que cantar na liturgia? Vol. 6 da Coleção Liturgia e Música. São Paulo: Paulus, 2008.

 

Até logo,

Um abraço fraterno e musical de
Wallison Rodrigues

 

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