Fraternidade e olhar para os pobres: o legado de Dom Geraldo Majella

Leia MaisPapa envia pesar pela morte do Cardeal Dom Geraldo MajellaO Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador da Bahia, faleceu no último sábado (26), em Londrina, aos 89 anos, e deixou um grande legado para a Igreja no Brasil.

Dom Geraldo Majella foi um dos principais arcebispos primazes do Brasil e, durante seu pastoreio, trilhou um caminho pavimentado de paz, fraternidade, luta contra as injustiças sociais e de olhar para os pobres.

Dom Orlando Brandes, arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, conversou com exclusividade com o A12 e contou sobre a época em que foi Arcebispo de Londrina e conviveu com Dom Geraldo na cidade paranaense.

"Quando ele terminou seus trabalhos em Salvador, ele pediu para voltar para Londrina. E eu era o arcebispo de Londrina, então eles pediram o meu aval”, disse Dom Orlando.

E completou:

“Convivemos um bom tempo juntos. Ele, humanamente falando, era uma pessoa de muita simplicidade, de muita cordialidade, mas de muita oração também. Sempre atento à situação do povo. Tinha o dom de evangelizar a classe alta, mas de nunca esquecer os mais pequeninos e, especialmente, as crianças”, disse o Arcebispo de Aparecida.

Thiago Leon

Antes de assumir a Arquidiocese de Aparecida, Dom Orlando foi arcebispo de Londrina

Dom Orlando ainda confidenciou que Dom Geraldo sempre foi uma escuta atenta para os padres. Presente em seu sepultamento, em Londrina, Dom Orlando constatou essa proximidade de Majella:

“Como pessoa, ele atendia muitos padres. Indo agora em Londrina para seu enterro, quantos padres deram esse testemunho para mim! E eu também confirmo: ele tinha esse grande amor por atender os padres”, contou Dom Orlando.

Nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais, Dom Geraldo Majella entrou para o seminário aos 12 anos de idade e se tornou padre em 1957, na Catedral de São Paulo. Quando já morava em Londrina, fundou, junto com Zilda Arns, a Pastoral da Criança.

Arquidiocese de Londrina

Dom Geraldo participou de conclaves para as escolhas de dois Papas: em 2005, de Bento XVI, e há dez anos, do Papa Francisco

Desde 1983, a Pastoral tem papel fundamental na queda da mortalidade infantil em todos os estados do Brasil e em países da América Latina, da África e da Ásia.

“Dom Geraldo deixa um legado muito grande. Um legado de amor e de compromisso. Ele assumiu por tantos anos sua missão junto àqueles que mais sofriam, especialmente os pequeninos. Na Pastoral da Criança não foi diferente. Ele fez com que a Pastoral crescesse, avançasse e desse bons frutos”, falou ao A12 a Irmã Veneranda Alencar, coordenadora nacional da Pastoral da Criança.

Dom Geraldo chegou a trabalhar no Vaticano, na década de 90, com o Papa João Paulo II. Ele foi secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Em 1999, João Paulo escolheu Dom Geraldo como arcebispo da primeira Arquidiocese fundada no Brasil, a de Salvador, na Bahia. Ele ficou no cargo por 12 anos.

Um dos principais nomes da Igreja no país, entre 2003 e 2007, Dom Geraldo presidiu a Conferência Nacional dos Bispos, a CNBB.

Dom Ricardo Hoepers, Secretário-Geral da Conferência, falou ao A12 sobre o legado deixado por Dom Geraldo dentro da CNBB e também para a Igreja no Brasil:

“Ele era um homem focado, sabia conversar com todo mundo e resolvia as questões com muito discernimento, com muita clareza. Então esse é um grande legado de Dom Geraldo Majella. Que mesmo sendo aquele que tem grandes responsabilidades, continuava um homem simples, um homem que ouvia a todos”, pontuou.

Divulgação/ CNBB

Dom Ricardo Hoepers é o atual Secretário-Geral da CNBB

E finalizou: “Um homem acessível e, mesmo depois como Cardeal, nos mostrou que, em Salvador e também colaborando com a CNBB, essa simplicidade é um testemunho do Evangelho”.