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Padre missionário na Amazônia relança projeto “Novo Moisés”

Iniciativa pode acabar com a fome de muitas pessoas no mundo

Escrito por Lais Silva

20 SET 2022 - 15H40 (Atualizada em 21 SET 2022 - 07H45)

Vatican News/ Reprodução

A maior floresta tropical do mundo pode matar a fome de muitas pessoas no Brasil. Essa é a bandeira que o pe. Giovanni Mometti levantou em 1989, com o projeto “Novo Moisés”, e continua batalhando para fazer acontecer até os dias atuais.Leia MaisConheça Padre Inácio Cordeiro, indígena ordenado na AmazôniaEncontro inter-religioso reflete a preservação da Amazônia

O padre italiano deixou seu país há mais de 50 anos e veio ao Brasil, ser missionário na Floresta Amazônica. E foi lá que ele criou o projeto que ajuda diversas famílias e o qual ele acredita que ainda pode ajudar muito mais.

Em entrevista a Rádio Vaticano, em 2019, o padre explicou que a iniciativa usa as terras que são banhadas pelo Rio Amazonas, que no inverno ficam alagadas devido às cheias do rio e são conhecidas como vazantes. Após o período de cheia, o solo fica fértil e facilita o plantio. As plantações também são possíveis nos pântanos. Juntando a área dessas terras, elas somam mais de 300 milhões de hectares.

“A Amazônia pode ser o grande celeiro dos pobres. É um dos erros mais estúpidos que existe destruir a floresta, porque ela pode produzir muito sem a necessidade de cortar árvores. Esse é um projeto do Senhor”, afirmou o padre.

Papa Francisco, em sua homilia na missa celebrada na Casa Santa Marta, em janeiro de 2019, descreveu pe. Giovanni Mometti como "louco":

"Padre Giovanni é louco, mas a dele é uma loucura que vem diretamente de Deus."

Analisando o projeto que já deu muitos frutos, é possível ver que ele caminha ao encontro da Carta Encíclica Laudato Si, escrita pelo Santo Padre, que pede o cuidado com a Casa Comum. Padre Mometti lembra que esse projeto pode ser replicado pelo mundo todo:

"O maior pecado que podemos cometer é o de não fazer o melhor uso dos dons que Deus nos deu! E Deus nos deu tudo. Este não é apenas um projeto para nós; podemos replicá-lo na África, na Ásia, onde quer que haja água. Estamos dispostos a formar os jovens, hospedá-los e ensiná-los a não morrer de fome. Aqui nós realmente experimentamos a passagem do Evangelho da 'Multiplicação dos Pães e Peixes'. Na Laudato Si', o Papa também diz: sem a Amazônia, o mundo morre, a Amazônia é a vida para todos, não só para os nativos”.

“Novo Moisés”

O Projeto atende muitas famílias fazendo o bem, porque além de alimentar a população com peixes do rio, porcos da criação nos espaços reservados e arroz produzidos no local, ainda consegue fazer tudo isso sem derrubar uma árvore.

Vatican News/ Reprodução
Vatican News/ Reprodução

Padre João, como é chamado pelos povos ribeirinhos, explica que o nome do projeto não foi escolhido em vão, "porque toma o nome de um fato bíblico e como Moisés por vontade de Deus foi salvo das águas do Nilo, assim nós queremos que nosso rio possa salvar, com a riqueza e abundância de suas águas, todas as populações que vivem ao longo de seu curso".

Em 1989 o projeto deu seus primeiros passos, em algumas regiões do estado Pará e que já alimentam cerca de três mil famílias. O módulo “Vibra João XXIII”, sede as famílias 5 hectares em concessão do Estado. Em um deles é cultivada uma lagoa artificial que proporciona uma planície para o cultivo de arroz, com uma média de três colheitas por ano.

Em um outro espaço, a criação de peixes que pesam até 2 quilos, cerca dez mil alevinos, e nas margens da lagoa a família faz um chiqueiro que não polui a água, mas alimenta os peixes com plâncton. Os outros hectares, é o cultivo de alimentos para a própria família, e para a manutenção dos suínos.

"Esses lagos resolvem o problema do desmatamento que está destruindo a Amazônia. Quanto mais lagoas forem construídas, mais pessoas não precisarão cortar árvores para cultivar a terra. Então meu sonho é justamente este: fazer com que as terras banhadas pelo Rio Amazonas e seus afluentes, que são as mais férteis do mundo, se tornem o 'celeiro dos pobres', a fim de alimentar aqueles que vivem na região, mas não só. E isso sem cortar uma única planta da floresta que nos dá um terço de todo o oxigênio que respiramos".

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