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Parkinson atinge cerca de 2% dos idosos no mundo

Escrito por Eduardo Gois

09 ABR 2021 - 15H34 (Atualizada em 09 ABR 2021 - 16H54)

Shutterstock

De repente, a família começa a perceber uma lentidão nos movimentos daquele familiar que já chegou à terceira idade. Depois vem uma leve alteração da postura, o corpo tende a ficar encurvado. Os passos ficam mais lentos e aparecem leves tremores nas mãos e pernas.

Se você tem percebido algumas dessas características em alguém da sua família, fique atento e procure um médico. Essa pessoa pode estar sofrendo da doença de Parkinson, um mal que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge entre 1 e 2% da população mundial com idade acima de 65 anos. No Brasil, o índice é de 3,3% das pessoas acima de 70 anos.

O Parkinson é uma doença neurológica, degenerativa que prejudica a coordenação motora e provoca dificuldade de mobilidade, tremores e enrijecimento muscular. A doença é progressiva e ainda não tem cura.

De acordo com o neurologista Henrique Ballalai Ferraz, o tratamento é feito sobre os sintomas, mas não é possível impedir a evolução da doença. O médico ressalta a importância de que o diagnóstico seja feito o quanto antes. “Quanto mais cedo, melhor. O paciente tem a chance de receber o tratamento precocemente e ter o benefício da melhora dos sintomas”, argumenta.

Contudo, um fator que desfavorece o diagnóstico precoce é que só pode ser feito quando a doença se manifesta a partir da presença dos sintomas e sinais característicos. “Não depende de exames de laboratório ou radiológicos. Em alguns casos, podem ser solicitadas Tomografia ou Ressonância magnética do cérebro. O objetivo desses exames é afastar outras doenças que eventualmente se confundem com o Parkinson. Quando a pessoa tem Parkinson, os exames de imagem do cérebro não acusam anormalidades, explica.

Além disso, segundo o médico, outras doenças podem produzir sintomas semelhantes e confundir o diagnóstico. “Problemas circulatórios cerebrais, exposição a alguns tipos de medicamentos e outras doenças degenerativas cerebrais são exemplos disso. Não raro, essas doenças se confundem com o Parkinson e acabam recebendo o mesmo tratamento sem que o paciente melhore”, alerta.

Para controlar os movimentos musculares, as células nervosas usam a dopamina, que é uma substância química do cérebro. A doença de Parkinson ocorre quando as células que produzem dopamina são destruídas lenta e progressivamente. Sem a dopamina, as células nervosas dessa parte do cérebro não podem enviar mensagens corretamente. Isso leva à perda da função muscular.

Mas o que gera o desgaste dessas células? Embora a doença tenha sido descrita pela primeira vem em 1817, pelo médico inglês James Parkinson, a sua causa ainda é desconhecida. Acredita-se que vários aspectos podem aumentar o risco da doença, como fatores ambientais, exposição a determinadas toxinas, fatores genéticos, consumo de medicamentos durante muito tempo, problemas circulatórios cerebrais, lesões cerebrais, além de outras doenças degenerativas. 

O tratamento

Segundo informações da Associação Brasil Parkinson, a doença pode e deve ser tratada, combatendo os sintomas e retardando o seu progresso. Não há como impedir a morte das células produtoras da dopamina na área do cérebro chamada de substância negra. Segundo Henrique Ferraz, o tratamento é realizado com medicamentos, fisioterapia, para estimular a recuperação dos movimentos, e fonoterapia, com o objetivo de diminuir as dificuldades de fala, geradas pela doença. “A classe de medicamentos mais utilizada é a Levodopa. Mas há outros que podem ser combinados”, explica. Os médicos também recomendam algumas atividades como exercícios físicos, leitura, acompanhamento psicológico, entre outros.

O principal objetivo do plano de tratamento é oferecer o maior alívio dos sintomas com o menor número possível de efeitos colaterais. Algumas mudanças no estilo de vida também podem ajudar, como manter uma alimentação saudável, períodos de descanso e evitar o estresse.

De acordo com o doutor Henrique Ferraz, com o tratamento adequado, é possível levar uma vida praticamente normal. Contudo, ele alerta para o fato de que, em fases mais adiantadas do problema, mesmo com o tratamento pode haver maiores limitações. Por isso, segundo ele, o apoio da família é fundamental. “Os familiares devem entender que as limitações físicas do paciente não se devem à preguiça ou à má vontade. São limitações físicas que a doença pode acarretar”, indica.

Leia MaisO mal de Parkison é uma doença que não tem cura e atinge mais de 200 mil brasileirosCasos cirúrgicos

Além de medicamentos, exercícios e fisioterapia, nos últimos anos têm surgido procedimentos cirúrgicos para minimizar os sintomas da doença de Parkinson. Esse tipo de tratamento vem ganhando cada vez mais destaque.

De acordo com o médico, a cirurgia pode produzir bons resultados em pacientes que já não respondem ao tratamento. “Em casos em que os medicamentos e as terapias não conseguem devolver o paciente ao estado de plena funcionalidade ou independência, a cirurgia é algo que pode ser indicado e produz ótimos resultados, dependendo da fase do problema. Contudo, é importante frisar que a cirurgia não cura nem faz com que o paciente deixe de tomar os medicamentos”, argumenta.

As cirurgias são indicadas para aliviar o tremor, a rigidez e a perda ou lentidão dos movimentos. Uma delas é a Deep Brain Stimulation ou Estimulação Cerebral Profunda (DBS). Nesse procedimento, são implantados eletrodos em regiões do cérebro responsáveis pela manifestação dos principais sintomas da doença. Esses dispositivos são conectados a um estimulador, uma espécie de marca-passo, implantado sob pele. Eles produzem uma estimulação contínua no tecido cerebral, o que resulta em inibição da atividade elétrica local.

Outro tipo de cirurgia é a Talamotomia, que lesiona ou remove tecidos do tálamo, pequena parte do cérebro responsável por grande parte da coordenação motora necessária para a execução de movimentos simples, como por exemplo beber um copo d'água. Outra técnica é a Palidotomia, na qual uma pequena parte do globo pálido, no cérebro, é destruída para aliviar sintomas como rigidez, tremor e os movimentos lentos.

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