Opinião

A Pedagogia do estábulo de Belém

Joana Darc Venancio (Redação A12)

Escrito por Joana Darc Venancio

15 DEZ 2021 - 11H15 (Atualizada em 16 DEZ 2022 - 07H57)

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Leia MaisThe Chosen: Uma série sobre os seguidores de JesusEcologia das Mídias e suas significativas mudanças Vamos refletir sobre o Protagonista do Natal. Não, não é aquele velhinho vestido de vermelho com saco de presentes nas costas. Com a proximidade do Natal, por todos os lados nos deparamos com os enfeites anunciando o “espírito natalino”.

Eles encantam sim, mas nem sempre o Protagonista, assim como no relato bíblico, tem lugar central. Na maioria dos ambientes decorados, o verdadeiro Protagonista acaba ficando pelos cantinhos ou nem mesmo tem lugar. "Veio para o que era Seu, e os Seus não o acolheram" (Jo 1, 11).

O velhinho vestido de vermelho, que não é o protagonista, esse sim, reina. Tem lugares centrais e bem visíveis e imagens espalhadas para todos os lados. Ele tem uma grande e confortável poltrona, onde se senta, para ser muitas vezes fotografado ao lado das crianças... e de adultos também.

No relato do Nascimento de Jesus, o verdadeiro Natal, na estrebaria, dentro de uma manjedoura, foi o lugar que a Ele, a Maria e José, fora reservado. Não era confortável! Era onde comiam os bois e os cavalos. "Manifestou-se a graça de Deus, que nos traz a salvação para todos os homens". (Tt 2,11).

Quem? O velhinho de roupa vermelha com saco de presentes nas costas e que tem uma poltrona confortável? Não! O “Filho do Altíssimo”, Jesus! Deus se manifestou indistintamente para todos.

São João Paulo II, em 2002, em sua homilia na noite de Natal, ensinou que:

“O Menino jaz na pobreza duma manjedoura: este é o sinal de Deus. Passam os séculos e os milénios, mas o sinal permanece, e vale também para nós, homens e mulheres do terceiro milénio. É sinal de esperança para a inteira família humana; sinal de paz para os que sofrem por causa de todo gênero de conflito; sinal de libertação para os pobres e oprimidos; sinal de misericórdia para quem se encerra no círculo vicioso do pecado; sinal de amor e de consolação para quem se sente só e abandonado.” São João Paulo II

Deus se encarna na história na humanidade num estábulo de Belém. Essa é a Pedagogia de Deus, a grande escola, o impactante cenário da solidariedade, do amor, da partilha, principalmente com os que não têm lugar na hospedaria.

Em Jesus Menino, Deus nos enche de ternura, assume nossas fragilidades e limitações. Na poltrona do velhinho vestido de vermelho com sacos nas costas, todos podem sentar-se? E dentro do saco que carrega, há presente para todos?

Papa Francisco, na homilia da noite de Natal em 2016, refletiu que:

“O mistério do Natal, que é luz e alegria, interpela e mexe conosco, porque é um mistério de esperança e simultaneamente de tristeza. Traz consigo um sabor de tristeza, já que o amor não é acolhido, a vida é descartada. Assim acontece a José e Maria, que encontraram as portas fechadas e puseram Jesus numa manjedoura, “por não haver lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 7). Jesus nasce rejeitado por alguns e na indiferença da maioria. E a mesma indiferença pode reinar também hoje, quando o Natal se torna uma festa onde os protagonistas somos nós, em vez de ser Ele; quando as luzes do comércio põem na sombra a luz de Deus; quando nos afanamos com as prendas e ficamos insensíveis a quem está marginalizado. Esta mundanidade fez refém o Natal; é preciso libertá-lo! ” Papa Francisco

Não é a intenção apontar o velhinho de roupa vermelha e que tem uma poltrona confortável como o antagonista do Menino da Manjedoura. A ludicidade faz parte da constituição humana e é uma dimensão agradável da existência.

No entanto, quando a verdade do Natal é ofuscada pela fantasia coletiva atualizando a história da estrebaria, é sinal de que precisamos ser iluminados pela Verdadeira e Grande Luz. Diante dela, até mesmo o Velhinho de roupa vermelha e saco nas costas deve se dobrar...e para ele, fique reservado, com carinho e cuidado, um cantinho na decoração de Natal.

Ao verdadeiro Protagonista, o lugar ao centro e visível. Reconduzamos Jesus ao centro de nossa história e devolvamos a Ele o protagonismo do Natal. A propósito, postemos muitas fotos junto com Ele nas redes sociais: em seu abraço, em seu colo, em seu coração! E anunciemos:

"O povo que andava nas trevas viu uma grande luz" (Is 9, 1).

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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