Opinião

“Politicamente correto”: ajuda ou não?

Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.

Escrito por Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

28 JUL 2023 - 10H03 (Atualizada em 28 JUL 2023 - 11H14)

Stephen Orsillo/ Shutterstock

O termo “politicamente correto” surgiu por volta da década de 1970 nas Universidades Norte-Americanas, como uma forma de luta contra o racismo, o sexismo e outras formas de violência que haviam nas Universidades.

Mas este termo não fazia parte do vocabulário mundial quando, em 1914, começou a Primeira Guerra Mundial, ou quando iniciou a Segunda Guerra, em 1939, ou durante o Apartheid na África do Sul de 1948 até 1994. Este termo, cunhado pela esquerda nas faculdades de direito estadunidenses, serviu para dar um novo rosto à luta de classes, que a partir de 1970, começou a ver mudanças para lutas identitárias.

As lutas identitárias são marcas registradas de políticas de esquerda, que buscam simpatizantes para a causa contra o racismo, contra o sexismo, contra diversas causas que antes eram lidadas dentro da luta de classes.

(Aqui não estamos refletindo sobre o que é comunismo, marxismo, ou outros “ismos” que existem, mas mostrar que, muitas vezes, o “politicamente correto” é usado de forma contrária ao que foi criado).

Leia Mais Cancelamento de pessoas: o ser humano julgado sem critériosJulgamentos, condenações e até “cancelamentos” de pessoas, porque não seguiram o “politicamente correto” são uma forma de utilizar o termo indevidamente. Respeito, educação, consciência do que é certo e errado são elementos básicos que aprendemos desde crianças; é uma educação doméstica que recebemos e ao longo da vida vamos utilizando.

Condenar uma pessoa pela fala e pelo discurso, e dizer que esta pessoa está fora do “politicamente correto” é uma afronta à liberdade de expressão da pessoa. Desde que a fala ou discurso da pessoa não tenha ferido outra, ou seja, um discurso racista e que vá contra o que rege às leis nacionais, por exemplo, este discurso não precisa ser aceito ou que concordem, mas que respeitem o pensamento do outro.

Estamos vivendo numa sociedade onde cada vez mais pessoas se veem como "defensores da moral e bons costumes", ou "defensores e lutadores das causas sociais", e todos os que discordam deles não podem ser levados a sério, devem ser “cancelados”. Pessoas que gritam aos quatro ventos pela liberdade de expressar-se livremente, mas que não aceitam a liberdade do outro, condenando-o com o “politicamente correto”.

Utilizemos sim, o conceito do “politicamente correto” da forma devida à qual foi criado, defendendo e lutando pelo direito daqueles que são oprimidos e desrespeitados, mas não o utilizemos para condenar e “cancelar” o outro só porque discordamos.

Escrito por
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

Missionário Redentorista, Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e estudante de Teologia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores – ITESP.

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Por Redação A12, em Opinião

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