Santo Padre

Casa Santa Marta: a casa do Papa Francisco

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

26 ABR 2025 - 10H42 (Atualizada em 29 ABR 2025 - 16H22)

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Uma história do primeiro dia do pontificado do Papa Francisco, daquelas que não se sabe exatamente se é lenda ou se tem um fundo de verdade, conta que, ao entrar pela primeira vez no Palácio Apostólico, tenha exclamado: “Mas aqui podem morar umas 300 pessoas!” e que por isso tenha preferido morar na Casa Santa Marta, ocupando um de seus aposentos muito parecidos com os demais.

E justamente nesse aposento, que depois seria melhor preparado, mas com normas de simplicidade muito próprias do papa, ele faleceu no dia 21 de abril de 2025.

A partir daí passamos a conhecer melhor a tão famosa Casa Santa Marta (Domus Sanctae Marthae), onde havia se hospedado, junto com o Colégio dos Cardeais, durante o Conclave que o elegeu Sumo Pontífice.

Reprodução/ Vatican News
Reprodução/ Vatican News


A Casa Santa Marta abrigou também os cardeais nos dois últimos Conclaves, em 2005 e 2013, graças aos esforços do Papa João Paulo II, que reformou o antigo prédio no Vaticano, com a intenção justamente de dar um pouco mais de conforto aos cardeais eleitores dos conclaves.

Durante o tempo ordinário, a Santa Marta é uma casa de hospedagem para cardeais, bispos, padres e até mesmo leigos, que tenham algum compromisso oficial na cidade do Vaticano.

Uma casa que tem história

Como quase todos os prédios do Vaticano e também da cidade de Roma, a Casa Santa Marta teria muitas histórias para contar, se suas paredes pudessem falar.

O antigo prédio foi primeiro uma espécie de hospital construído pelo Papa Leão XIII, que em 1891 ajudou a recolher e cuidar das vítimas de uma grande onda de cólera que tomou conta da cidade de Roma.

Também durante a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), o então Hospital Santa Marta abrigou refugiados judeus e outras pessoas que foram banidos pelo regime comunista italiano. Como Roma foi declarada “Cidade Aberta”, não podendo ser bombardeada e o Vaticano ser um país independente, mesmo estando dentro da cidade de Roma, tinha as suas fronteiras limitadas e protegidas e assim a casa abrigou a muitos perseguidos pelo regime.

Depois da sua eleição para ocupar o trono de Pedro, refazendo e simplificando as regras para a eleição de um papa, João Paulo II decidiu reformar a Casa Santa Marta, oficializando-a como local de hospedagem para os cardeais durante os dias de conclave. Antes disso os cardeais ficavam espalhados em várias acomodações, algumas delas que deixavam a desejar.

Na eleição do Papa Bento XVI e depois na eleição de Francisco, os cardeais ali se hospedaram, mas nos dias do conclave televisores, rádios, telefones e computadores são retirados da casa, para garantir o sigilo do processo eletivo do novo papa.

Muitas pessoas ainda devem se recordar da marcante cena do já Papa Francisco tomando o mesmo ônibus que conduzia de volta os cardeais da Capela Sixtina para a Casa Santa Marta, sentando-se ao lado de Dom Raymundo Damasceno, então cardeal arcebispo de Aparecida.

As acomodações da Casa Santa Marta são simples, mas bastante agradáveis. O Papa Francisco, que decidiu morar nessa casa, assim expressou sua decisão em abandonar o escritório e quarto do Palácio Apostólico, dizendo que “a residência do Palácio Apostólico não é luxuosa. É grande, de muito bom gosto, mas não luxuosa. Parece um funil ao contrário, pois a entrada é estreita e o corpo bem largo. Somente uma pessoa por vez pode entrar ali e eu não consigo viver sozinho. Eu preciso viver no meio das pessoas”. 

Desde sua eleição ele vivia, dormia, fazia suas refeições, celebrava a missa e recebia pessoas na Casa Santa Marta. Em sua capela, onde ele tantas vezes celebrou quando não tinha compromisso fora do Vaticano, é que primeiro o cardeal camerlengo fez o comunicado oficial de seu falecimento; depois seu corpo foi ali velado antes de ser conduzido à Basílica de São Pedro.

Certo é que, se a casa já era muito famosa, após a passagem do Papa Francisco por lá mais e mais se tornará conhecida. Não se sabe se o futuro papa continuará nela residindo ou se retornará ao Palácio Apostólico no Vaticano onde, de uma de suas janelas, se dirige às pessoas reunidas na Praça de São Pedro na Oração do Angelus de cada domingo. 

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Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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