O Papa Leão XIV iniciou nesta quinta-feira (27) sua primeira viagem apostólica. O avião decolou de Roma, levando o Pontífice visivelmente emocionado para suas primeiras paradas na Turquia e no Líbano. Embora tenha rodado o mundo como superior geral dos agostinianos, esta é sua primeira vez voando como Papa.
A primeira etapa da viagem carrega um peso histórico: celebrar os 1700 anos do Concílio de Niceia, visitar comunidades marcadas por guerras e tensões e reforçar a necessidade urgente de diálogo no Oriente Médio.
O primeiro voo apostólico do Papa Leão XIV começou antes mesmo de tocar o chão da Turquia. Ainda no avião, o Papa conversou com 81 jornalistas que o acompanhavam para cobrir a missão do Pontífice; na ocasião, até brincou com jornalistas americanos a bordo: “Happy Thanksgiving! Obrigado por tudo que fazem pela Santa Sé e pelo mundo”.
+ Confira os detalhes da conversa com os jornalistas no avião.
Durante as três horas de voo até Ancara, Leão XIV enviou mensagens por telefone aos presidentes dos países sobrevoados: Itália, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Sérvia e Bulgária. Mensagens curtas, mas simbólicas, todas insistindo em unidade, fraternidade e concórdia.
Chegada a Ancara e primeiro gesto histórico
O primeiro local onde o Papa Leão XIV chegou foi o Aeroporto Internacional de Ancara-Esenboğa, na capital da Turquia.
Assim que desembarcou, ele foi recebido pelas autoridades da Turquia, por duas crianças com trajes tradicionais e pela Guarda de Honra.
Seu primeiro compromisso oficial foi a visita ao Mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk (Anıtkabir); o nome do museu é uma referência ao primeiro presidente da Turquia, considerado como o “Pai dos Turcos”. No museu, o Papa assinou o Livro de Honra, gesto simbólico que marca respeito à história e à identidade do país que o acolhe, acompanhado por autoridades turcas, entre elas o ministro, o vice-governador e o comandante do Mausoléu.
Em seu discurso, o Papa Leão XIV agradeceu a acolhida e destacou a alegria de iniciar seu pontificado apostólico na Turquia, terra profundamente ligada às origens do cristianismo. Ao falar sobre a grande história e diversidade cultural do país, o Pontífice ressaltou que a Turquia tem um papel decisivo como ponte entre continentes:
“É verdade que o nosso mundo está marcado por séculos de conflitos e que, à nossa volta, ele continua sendo desestabilizado por ambições e decisões que espezinham a justiça e a paz. No entanto, diante dos desafios que nos interpelam, ser um povo com uma grande história representa um dom e uma responsabilidade”, afirmou Leão XIV.
Leão XIV recordou um laço que une os católicos com o país, com o antigo Papa João XXIII, que recebeu o título carinhoso de “Papa turco”, dado ao Pontífice pelos próprios turcos, em reconhecimento ao profundo vínculo que ele criou com o país ao longo de quase uma década vivendo lá. Antes de se tornar Papa, João XXIII — ainda como Dom Angelo Roncalli — serviu na Turquia entre 1935 e 1944.
Falou também sobre a importância da família e das mulheres na cultura turca, onde se formam valores essenciais para a convivência social:
“Na verdade, é no seu interior que amadurecem atitudes essenciais para a convivência civil e uma primeira e fundamental sensibilidade para com o bem comum. As mulheres, em particular, também através do estudo e da participação ativa na vida profissional, cultural e política, colocam-se cada vez mais a serviço do país e da sua positiva influência no panorama internacional”, destacou o Papa.
1700 anos do Concílio de Niceia
Ao encerrar o discurso, Leão XIV ampliou o olhar para o horizonte maior dessa visita, lembrando que os 1700 anos do Concílio de Niceia são um chamado à memória e ao reencontro.
Os 1700 anos do Concílio de Niceia referem-se à comemoração do Primeiro Concílio de Niceia, que aconteceu em 325 d.C., convocado pelo imperador romano Constantino I na cidade de Niceia, na atual Turquia, e foi um marco para o cristianismo, porque definiu a doutrina cristã sobre a divindade de Jesus Cristo, estabeleceu critérios de unidade e tratou de questões disciplinares e organizacionais.
Ele finalizou recordando as visitas de seus predecessores, desde o Papa Paulo VI até seu último predecessor, Francisco, onde todos iniciaram a primeira viagem apostólica na Turquia, como sinal de uma relação sólida e de um desejo mútuo de cooperação.
Reunião com outros representantes religiosos
No último compromisso em Ancara, o Papa visitou a Presidência para os Assuntos Religiosos (Diyanet), onde se reuniu com Safi Arpaguş. A Diyanet, criada em 1924 para suceder a autoridade religiosa otomana, está subordinada ao presidente da Turquia e representa oficialmente a administração do islamismo sunita no país, mas que também mantém seu status de Estado laico e garante liberdade religiosa.
Após a agenda em Ancara, o Pontífice decolou em torno das 18h30 para Istambul, chegando no local às 19h10, onde foi acolhido por crianças e autoridades locais. Sem discursos, seguiu para a Delegação Apostólica, onde ficará hospedado. Na manhã seguinte, realizará uma Missa privada, visitará a Catedral do Espírito Santo para encontro com o clero e agentes de pastoral, e seguirá para a Casa de Acolhida das Irmãzinhas dos Pobres.
Assista as principais imagens do 1º dia da viagem apostólica de Leão XIV:
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Fonte: Vatican News
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