Um livro contará a história sobre as pessoas que foram salvas pelo Papa Francisco, quando ainda era padre, durante o período da ditadura argentina.
A publicação ‘A lista de Bergoglio’, de autoria do jornalista italiano, Nello Scavo, e com prefácio do Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel, será lançado no próximo dia 4 de outubro, pela Editora Emi.
Nas 192 páginas, o autor relata o testemunho de dezenas de perseguidos políticos pela ditadura argentina que foram salvos pela intervenção do então Padre Jorge Mario Bergoglio.
Em entrevista à Radio Vaticano, o autor comentou como foi a coleta das informações sobre os salvamentos.
“É difícil fazer uma estimativa precisa, sobretudo porque o padre Bergoglio sobre isto nunca quis falar. Nós recolhemos uma vintena de testemunhos todos em períodos diferentes entre si, de pessoas que não se conhecem e que conheceram Bergoglio em épocas diferentes. Cada uma destas pessoas, por sua vez, diz-se testemunha de, pelo menos, vinte salvamentos. Prudentemente, podemos afirmar que são mais de cem as pessoas que o padre Jorge Mário Bergoglio salvou naquele tempo. Depois há os que foram salvos indiretamente porque conseguindo evitar a prisão e a tortura a estes jovens evitou-se que não fossem ditos outros nomes durante os violentos interrogatórios a que eram submetidos todos os que acabavam debaixo da alçada da ditadura”.
O livro traz uma carta inédita escrita por Bergoglio à família do Padre Franz Jalics, um dos dois jesuítas sequestrados e torturados na ESMA, o centro de detenções do regime.
“Tomei diversas iniciativas para conseguir a libertação de seu irmão, até agora não tivemos sucesso, mas não perdi a esperança de que ele será libertado brevemente. Decidi que a questão é minha missão”, lê-se numa carta escrita em 15 de outubro de 1976. E ainda “As dificuldades que seu irmão e eu tivemos entre nós sobre a vida religiosa não tem nada a ver com a situação atual”. Jalics “é para mim um irmão”, escreveu Bergoglio na carta.
Inúmeros testemunhos foram recolhidos pelo jornalista, entre eles, muitos sindicalistas, sacerdotes, estudantes e intelectuais, um deles o jesuíta Juan Carlos Scannone, atualmente com 81 anos, é considerado o maior teólogo argentino.
O golpe militar, ocorrido em 1976, contabilizou números trágicos: cerca de 30 mil desaparecidos, mais de 15 mil fuzilados, 500 recém-nascidos retirados às suas mães que foram condenadas à morte pelo regime militar e mais de 2 milhões de exilados.
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