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Santo Padre

O último dia do ano velho e o primeiro do ano novo

Papa: com o novo ano os problemas não desaparecem, mas Deus está conosco

Escrito por Redação A12

01 JAN 2022 - 10H05 (Atualizada em 01 JAN 2022 - 10H15)

Para que o novo ano seja diferente do anterior, é preciso estupor e gratidão, disse o Papa Francisco em sua homilia na celebração das Vésperas na Basílica de São Pedro. A celebração foi presidida pelo Decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re. O Papa Francisco acompanhou a missa de seu assento posicionado em frente ao altar da Confissão.

Estupor para que o amanhã seja diferente

Em sua homilia, o Papa recordou que a Liturgia desses dias convida a despertar em nós a maravilha pelo mistério da Encarnação. Para o Papa não devemos nos limitar a uma emoção superficial, ligada à exterioridade da festa ou, pior, ao frenesi consumista. “Se o Natal se reduz a isso, nada muda: amanhã será igual a ontem, o próximo ano será como o que passou e assim por diante.”

Os problemas existem, mas não estamos sós

É Maria quem nos reconduz à verdade do Natal, afirma Francisco. “Ela é a primeira testemunha e a maior, porque é a mais humilde. O seu coração está repleto de estupor, sem romantismos, porque a maravilha cristã tem origem não em efeitos especiais, mas no mistério da realidade. Não há nada de mais maravilhoso e impressionante do que a realidade, do que uma mãe que segura o filho em seus braços e o amamenta”.

Nas palavras do Santo Padre, Maria contemplando o Filho nos ajuda a sentir a proximidade de Deus, que não abandona o seu povo. “É o Deus-conosco. Os problemas não desaparecem, mas não estamos sós. Ele, o Unigênito, se faz primogênito entre os irmãos, para reconduzir a todos nós à casa do Pai”.

O 1º de janeiro de 2022

Na manhã deste sábado, primeiro dia do Ano 2022, o Santo Padre rezou a Oração do Angelus, com os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Em sua alocução mariana, o Papa confiou o Ano Novo a Maria, Mãe de Deus.

Menino-Deus conosco!

Maria, disse o Papa, coloca o Menino diante dos nossos olhos e, sem dizer uma só palavra, nos transmite uma mensagem maravilhosa: “Deus está próximo de nós, ao nosso alcance! Ele não vem com o poder de quem causa temor, mas com a fragilidade de quem pede para ser amado; não nos julga do alto de um trono, mas nos olha, a partir de baixo, como um irmão, ou melhor, como um filho”. Por isso, Francisco disse:

Jesus nasce pequenino e necessitado para que ninguém tenha vergonha de si mesmo: quando experimentamos nossa fraqueza e fragilidade, sentimos que Deus está bem mais perto de nós, porque assim se apresentou a nós: fraco e frágil. O Deus-Menino veio, não para excluir ninguém, mas para nos tornar todos irmãos e irmãs”.

Ano Novo começa com Deus

Papa Francisco também dirigiu o seu pensamento às jovens mães e seus filhos, que fogem das guerras e da escassez ou estão à espera em campos de refugiados: “Contemplando Maria, que depõe Jesus na manjedoura, à disposição de todos, lembremos que o mundo muda e a vida de todos só pode melhorar se nos colocarmos à disposição dos outros, sem esperar que eles venham ao nosso encontro. Somente se nos tornarmos artesãos da fraternidade, poderemos recompor um mundo dilacerado por guerras e violências”.

Dia Mundial da Paz

A seguir, falando sobre o “Dia Mundial da Paz”, que se celebra neste início de ano, o Santo Padre citou uma frase da sua Mensagem para esta ocasião: “A paz é uma dádiva do alto e fruto de um empenho compartilhado”.

Francisco disse que devemos ter também “uma visão positiva da paz”; olhar sempre, tanto na Igreja como na sociedade, não ao mal que nos divide, mas ao bem que nos pode unir! E recomendou: “Não devemos desanimar ou reclamar, mas arregaçar as mangas para construir a paz. Que a Mãe de Deus, Rainha da Paz, nos obtenha, no início deste ano, paz aos nossos corações e ao mundo inteiro”.

Solenidade da Mãe de Deus

Para superar o choque entre o ideal e o real, é preciso fazer como Maria: guardar e meditar. Aceitar e superar, como fazem as mães mundo afora, disse o Papa durante a homilia da celebração da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.

Segundo o Pontífice, este olhar inclusivo, que supera as tensões guardando e meditando no coração, é o olhar das mães; é o olhar com que muitas mães abraçam as situações dos filhos. É um olhar concreto, que não se deixa condicionar pelo desconsolo nem se deixa paralisar perante os problemas, mas os coloca num horizonte mais amplo.”

O Papa cita as mães que assistem um filho doente ou em dificuldade: “Quanto amor há nos seus olhos, banhados de lágrimas, que ao mesmo tempo sabem inspirar motivos de esperança!”.

É isto que fazem as mães: sabem superar obstáculos e conflitos, sabem infundir a paz. “Há necessidade de pessoas capazes de tecer fios de comunhão, que contrastem os numerosos fios de arame farpado das divisões.”

O novo ano começa sob o signo da Mãe

Francisco então indica o modelo a seguir: “O olhar materno é o caminho para renascer e crescer. As mães, as mulheres olham o mundo não para o explorar, mas para que tenha vida.”

E enquanto as mães dão a vida e as mulheres guardam o mundo, o apelo do Papa é para que todos se empenhem em promover as mães e proteger as mulheres. “Quanta violência existe contra as mulheres! Basta! Ferir uma mulher é ultrajar a Deus, que tomou de uma mulher a humanidade. No início do Ano Novo, coloquemo-nos sob a proteção desta mulher, a Mãe de Deus, que é nossa mãe. Que Ela nos ajude a guardar e meditar tudo, sem ter medo das provações, na jubilosa certeza de que o Senhor é fiel e sabe transformar as cruzes em ressurreições”, exclamou.

Um olhar sobre 2022

Dois eventos importantes estão previstos para o novo ano: em 27 de fevereiro, o encontro organizado pela Conferência Episcopal Italiana em Florença com os bispos e uma centena de prefeitos de cidades da orla do Mediterrâneo; entre 22 e 26 de junho, o décimo Encontro Mundial das Famílias em Roma sobre o tema "O amor familiar: vocação e caminho de santidade".

Quanto às viagens internacionais, foi anunciada uma visita ao Canadá (as datas ainda não são oficiais), no contexto do processo de reconciliação entre o episcopado e os nativos, que ficaram chocados com a descoberta de valas comuns nas escolas residenciais confiadas pelo governo, no passado, a várias Igrejas cristãs, incluindo a Igreja Católica.

Em entrevistas, o Papa Francisco manifestou também o desejo de visitar o Congo, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Hungria no futuro, sendo esta última uma etapa rápida em setembro na conclusão do Congresso Eucarístico Internacional em Budapeste.

Ainda o desejo de uma peregrinação ao Líbano, no auge de uma grave crise humanitária, política e econômica, um país pelo qual rezou com os chefes das Igrejas Orientais num dia de oração ecumênica em 1º de julho em São Pedro, tal como o desejo de viajar, juntamente com o Primaz Anglicano Welby, para o Sudão do Sul, onde nos últimos dias o Secretário para as Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher, foi preparar o terreno para a chegada do Papa.

No voo de regresso de Atenas, o Papa disse finalmente estar "sempre disposto a ir a Moscou" para se encontrar novamente, após o encontro de 2016 em Cuba, com o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kirill.

Fonte: * Com informações da Vatican News

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