Nesta quinta-feira (3), Papa Francisco deixou uma mensagem especial defendendo a inclusão de pessoas com deficiência nas comunidades católicas e sociedade em geral. Instituído pela ONU há 28 anos, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência trouxe o tema “Reconstruir melhor: rumo a um mundo pós-Covid-19, inclusivo da deficiência, acessível e sustentável”.
Papa Francisco defendeu que “todas as celebrações litúrgicas da paróquia deveriam estar acessíveis para que cada um possa viver a sua fé”, fazendo um apelo para que, tanto a Igreja como a sociedade, criem novas iniciativas que ajudem na construção de um mundo inclusivo para todos.
Trazendo à luz o próprio tema da jornada deste ano, Papa Francisco nos relembra a parábola da casa construída sobre a rocha ou sobre a areia (cf. Mt 7, 24-27; Lc 6, 46-49), aprofundando também a ameaça da cultura do descarte. Para ele, é necessário que fortaleçamos a inclusão e participação ativa para sustentar este novo mundo inclusivo.
Francisco afirma que a cultura do descarte “afeta sobretudo as categorias mais frágeis, entre as quais se contam as pessoas com deficiência” e que a mentalidade narcisista e utilitarista causa atitudes de rejeição. “Assim, de modo especial neste Dia, em defesa nomeadamente dos homens e mulheres com deficiência, é importante promover uma cultura da vida que afirme sem cessar a dignidade de toda a pessoa, independentemente da sua idade e condição social.”
Diante da pandemia de Covid-19, o Pontífice salienta que mesmo que estejamos todos no mesmo barco, as pessoas com graves deficiências precisam lutar mais, uma vez que as desigualdades foram salientadas, em particular, em detrimento dos mais frágeis.
Dessa forma, ele afirma que “uma primeira ‘rocha’ sobre a qual construir a nossa casa é a inclusão” e nos encoraja a sermos “bons samaritanos”, sem desprezar pessoas “com traços da deficiência e da fragilidade”. “
Acrescenta Francisco: "A inclusão deveria ser a ‘rocha’ sobre a qual construir os programas e iniciativas das instituições civis para que ninguém, especialmente quem enfrenta maior dificuldade, fique excluído. A força de uma corrente depende do cuidado dispensado aos elos mais frágeis”.
Direcionado às instituições eclesiais, o Papa reitera a necessidade de oferecer instrumentos idôneos e acessíveis para a transmissão da fé. Ele declara que espera “que os mesmos sejam disponibilizados, da forma mais gratuita possível, àqueles que precisam deles, inclusivamente através das novas tecnologias que se revelaram tão importantes para todos neste período de pandemia. Do mesmo modo encorajo, para sacerdotes, seminaristas, religiosos, catequistas e agentes pastorais, uma formação ordinária sobre a relação com a deficiência e o uso de instrumentos pastorais inclusivos.”
Para o Santo Padre, uma paróquia inteiramente acessível “requer não só a eliminação das barreiras arquitetônicas, mas sobretudo atitudes e ações de solidariedade e serviço, por parte dos paroquianos, para com as pessoas com deficiência e suas famílias” e enaltece que o empenho das comunidades paroquiais é importante para “fazer crescer, nos fiéis, o estilo acolhedor das pessoas com deficiência”.
Papa Francisco também evidencia que, para “reconstruir melhor” a sociedade, é necessário que essa inclusão englobe a participação ativa das pessoas com deficiência, para que não sejam apenas “destinatários”.
“Reafirmo veementemente o direito de as pessoas com deficiência receberem os Sacramentos como todos os outros membros da Igreja. Todas as celebrações litúrgicas da paróquia deveriam estar acessíveis para que cada um, juntamente com os irmãos e irmãs, possa aprofundar, celebrar e viver a sua fé. Deve ser reservada uma atenção especial às pessoas com deficiência que ainda não receberam os Sacramentos da iniciação cristã: poderiam ser acolhidas e inseridas no percurso catequético de preparação para estes Sacramentos”, ele reforça. A participação ativa das pessoas com deficiência, destaca o Papa, “constitui uma grande riqueza para a vida de toda a paróquia”.
O Pontífice finaliza sua mensagem afirmando que a presença de pessoas com deficiência entre os catequistas representa um “recurso para a comunidade”, sendo assim possível edificar a “casa” sólida “construída sobre a rocha da inclusão”. “Espero que, nas comunidades paroquiais, cada vez mais pessoas com deficiência possam tornar-se catequistas, para transmitir a fé de maneira eficaz, inclusive com o seu próprio testemunho (cf. Discurso no Congresso 'Catequese e Pessoas com Deficiência', 21/10/2017).”
Fonte: Vatican News
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