Santo Padre

Papa Francisco e sua mensagem vocacional aos leigos

Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)

Escrito por Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

16 AGO 2021 - 08H39 (Atualizada em 16 AGO 2021 - 08H52)

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Estamos no mês de agosto, dedicado às vocações. O quarto domingo é destinado à vocação leiga na Igreja. O Documento 105 da CNBB afirma: “As cristãs leigas e os cristãos leigos, mulheres e homens em todas as fases da vida, constituem uma parte importantíssima da Igreja e possuem rostos próprios: “Como São Paulo, nós também queremos reconhecer os diferentes rostos dos cristãos leigos e leigas, irmãos e corresponsáveis na evangelização (CNBB, DOC. 105, n.51).

O reconhecimento do Papa aos que são a ‘imensa maioria na Igreja”

No documento “Alegria do Evangelho” (Evangelii Gaudium), Francisco diz:

“A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. A seu serviço está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicato, dotado de um arreigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé”.

Em muitas declarações, o Papa tem reconhecido que muitos cristãos leigos estão comprometidos em movimentos sociais, sindicatos e outros tantos grupos que se empenham para que os povos possam viver com dignidade. Ao mesmo tempo, Francisco tem pedido que essas iniciativas sejam reconhecidas como legítimas e conclama os cristãos a apoiarem os que delas participam.

Preocupação do Papa com as Igrejas fechadas à atuação dos leigos

Mesmo reconhecendo os avanços na participação do leigo na Igreja, Francisco demonstra preocupação, ressaltando a necessidade da ‘tomada de consciência desta responsabilidade laical’ e constata que o crescimento do leigo na Igreja encontra obstáculos e deficiências internas na ampliação e aprofundamento dessa legítima missão:

“Em alguns casos, não se formaram para assumir responsabilidades importantes, noutros por não encontrar espaço nas suas Igrejas particulares para poderem exprimir-se e agir por causa de um excessivo clericalismo que os mantém à margem das decisões” (EG 102).

Outra preocupação do Papa é quando a ação dos leigos é exercida apenas dentro da Igreja, sem a participação na transformação da sociedade:

“Limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja, sem um empenho real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade (EG 102).

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“A Igreja em saída”, pedido do Papa também aos leigos

Ainda no documento “Alegria do Evangelho”, Francisco convoca os cristãos para uma “Igreja em saída”, e quanto aos leigos, ele destaca a importância de ser igreja ‘presença’, principalmente onde moram e vivem.

Leia MaisPapa Francisco e a solidariedade ao povo haitiano e afegãoFala da presença do leigo no mundo da família, da política e das políticas públicas, no mundo do trabalho, da cultura e da educação, no mundo da comunicação, no cuidado com a ‘Casa Comum’ e em outros campos de ação. Não esconde as dificuldades que podem enfrentar em ter que “ir contra a corrente”, representada pelos pensamentos da sociedade pós-moderna que levam ao individualismo, egocentrismo e vão contrários aos interesses do bem comum.

Conselhos e um alertas do Papa para os leigos

Francisco faz um alerta quanto à fé expressa de forma superficial, “na qual a vida espiritual se confunde com momentos religiosos que proporcionam certo deleite pessoal, mas não alimentam 'o encontro com os outros', o ‘compromisso com o mundo’ e a 'paixão pela evangelização'” (EG 78).

Outro perigo é quanto ao subjetivismo, ou seja, pertencer a grupos fechados na Igreja, induzindo o cristão a se sentir ‘superior aos outros’. Neste tipo de prática religiosa, muitos são seduzidos por uma ‘suposta segurança doutrinal ou disciplinar’, que acaba gerando ‘um elitismo narcisista e autoritário’” (EG 94).

Outro alerta importante é para os agentes pastorais e cristãos leigos que demonstram um ’cuidado exibicionista da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja’, mas não se empenham com a mesma dedicação para que ‘o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel a Deus e nas necessidades concretas da história’” (EG 95).

Escrito por
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

Missionário redentorista com bacharelado em Teologia (UCSal), pós-graduado em Comunicação e Cultura Brasileira (SEPAC-PUC/SP) e mestrado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP).

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