Por Redação A12 Em Santo Padre

Um Papa, um Muçulmano e um Rabino

terra santaNa sua peregrinação no próximo Mês de Maio, o Papa Francisco irá acompanhado do Rabino Abraham Skorka e do dignitário muçulmano Omar Addoub.

Dois amigos da Argentina com os quais trabalhou para o diálogo inter-religiososo enquanto Arcebispo de Buenos Aires.

 

Rabbi-Abraham-SkorkaConheciam-se desde há muitos anos. O Rabino Abraham Skorka, conhecido familiarmente desde algum tempo como “o Rabino do Papa”, é o reitor do Seminário Rabínico latino-Americano de Buenos Aires. A sua amizade com o futuro Papa, então Arcebispo de Buenos Aires, deu origem a uma longa e profícua colaboração no diálogo inter-religioso. Juntos, ao longo de anos, abordaram questões diferentes postas pelo mundo moderno aos Judeus e aos Cristãos tais como o fundamentalismo, o ateísmo, a morte, a Shoa, a homossexualidade e o capitalismo. As suas conversas foram, então, muito mediatizadas pela televisão local no programa “A Bíblia, um diálogo de hoje” e, depois, retomadas num livro intitulado “Entre o Céu e a Terra".

Depois de Mons. Bergoglio se tornar Papa, a sua amizade tornou-se ainda mais forte. Uma ponte foi levantada entre o Seminário Rabínica e as Universidades Pontifícias Romanas. Na sua entrevista ao Vatican Insider, em Janeiro de 2014, o Rabino exprimiu-se sobre o diálogo inter-religioso e a sua amizade com o Papa nos seguintes termos: desejamos dar um sentido ao Diálogo e à espiritualidade, às atividades da alma como à busca de Deus (…). A diferença é que hoje o meu amigo tornou-se Papa, mas continuamos o nosso compromisso, agora sob os olhares do mundo”.

Juntos partilham um sonho comum: “rezar juntos” e “mostrar ao mundo que tal é possível”. A 17 de Janeiro de 2014, durante um almoço "kosher" na casa de Santa Marta, este sonho começou a tornar-se realidade no momento em que decidiram fazerem, juntos, a histórica peregrinação papal a Amã, Belém e Jerusalém. Rezarem juntos no Muro das Lamentações, o lugar mais sagrado do Judaísmo depois do Monte Tabor, e em Belém no lugar do nascimento de Cristo, um dos mais sagrados da cristandade.

Contudo o Rabino está consciente que esta visita será um “verdadeiro challenge”: Israelitas, Palestinos, Judeus, Cristãos e Muçulmanos esperam, com efeito, muito do Papa Francisco. Em Janeiro, Skorka, na Pontifícia Universidade Gregoriana referiu as suas expectativas para esta viagem: “O que espero, o que peço a Deus, e o que desejo de todo o meu coração, com prudência e inteligência – uma vez que os habitantes desta região…….são muito apaixonados – é que o Papa possa deixar uma mensagem de paz e inspirar uma dimensão de paz para todos (…). É evidente que isto não vai ser fácil” E o Rabino acrescenta. “O Papa não poderá resolver todos os problemas, isso é impossível. Mas espero que possa deixar um sinal de paz aos povos”.

Omar-AbboudOmar Abboud é o antigo Secretário-geral do Centro islâmico da Argentina. É também o diretor do Instituto para o diálogo Inter-religioso, apoiado desde 2006 pelo Cardeal Bergoglio. Amigo de longa data do Papa, trabalharam juntos, infatigavelmente, para o diálogo na Argentina. Acompanhar o Papa na Terra Santa, integrado na Delegação do Vaticano, é fruto desta longa amizade e desta estreita colaboração.

O Papa Francisco comparecerá diante dos seus interlocutores judeus, cristãos e muçulmanos, acompanhado por dois dos seus velhos amigos do Instituto de Buenos Aires para o diálogo.

“Esta iniciativa, explicava, há dois dias, o dignitário muçulmano ao Vatican Insider, vai no sentido da nossa identidade nacional, um fruto cultivado com muitos cuidados por muitos líderes e chefes religiosos, graças ao impulso dado, pelo então cardeal Bergoglio, no sentido de criar espaços para que uma cultura de encontro possa ver o dia”. Omar Abboud tem, no entanto, o cuidado de sublinhar que “na realidade Buenos Aires se encontra do outro lado do planeta, a milhares de quilômetros das tensões do Médio Oriente”. Mas muito há a esperar deste diálogo: “o diálogo entre religiões não é um puro show fotográfico”. É, ao contrário, precisa o diretor do Instituto “um compromisso autêntico e bem fundamentado, um compromisso que se constrói, pois todos sabemos que não podemos avançar sem este diálogo”.

Diálogo e Oração: dois pilares incontornáveis para o Arcebispo Bergoglio como para o Papa Francisco. Omar Abboud conta como o Arcebispo estava consciente das virtudes “preventivas” do diálogo. Em Novembro de 2012, por exemplo, quando das violentas tensões entre Israelitas e Palestinos, o futuro Papa convidou judeus, protestantes e gregos ortodoxos para juntos rezarem pela paz, na Catedral de Buenos Aires.

Myriam Ambroselli
Patriarcado latino de Jerusalém

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