Gabriel Saiz Gutiérrez

RELIGIOSO DE VERDADE VAI DIRETO PARA O CÉU

Simplicidade, desprendimento das coisas do mundo e total entrega a Deus são traços que bem definem irmão Gabriel.

Bernardo Saiz Gutiérrez era o nome de batismo desse irmão, que nasceu em 23 de julho de 1896, num vilarejo da província de Burgos chamado Melgosa. Batizado no mesmo dia, recebeu, segundo um costume de Burgos, um advogado no céu, na pessoa de Santo Apolinário.

Manifestou logo cedo inclinação para a vida religiosa. Seus pais, Martín e Casilda, pobres lavradores que eram, opuseram-se. Disseram-lhe que mais tarde se poderia pensar nisso. Tentou outra vez aos doze anos, por ocasião de uma missão redentorista no povoado. E outra vez a resposta foi não.

O chamado se fazia permanentemente presente em seu coração, entretanto. Mesmo vendo o tempo passar, e não sendo possível estudar, mantinha-se preso a essa idéia. O que não tinha lugar em seu coração eram as coisas do mundo, suas pompas e vaidades. Passava os domingos em casa, rezando e lendo livros de espiritualidade. Ao pai e aos irmãos, quando lhe diziam que não se interessava por nada, respondia: “Que interesse vou ter nestas coisas, sabendo que um dia terei de deixá-las?”.

Nisto, seu irmão saiu de casa para servir no exército do Rei. Seu pai chamou-o de lado e apressou-se a dizer a Bernardo que enquanto não voltasse seu irmão, dali a três anos, nem pensar em convento. O pior, advertiu-se, era que, quando o irmão voltasse, era a ele que tocava a vez de servir. E começou desde então a pedir com insistência à Virgem do Perpétuo Socorro que o livrasse de servir. A Virgem o atendeu.

Por fim, com mediação de sua irmã, que morava em Vitória e se prontificou a falar com os padres do El Espino, Bernardo pôde realizar o sonho de sua vida: deixar o mundo e entrar no convento.

Começou o Noviciado já não sendo mais Bernardo, e sim Gabriel, e com esse nome professou em 13 de novembro de 1920, aos 24 anos de idade e quase o mesmo tanto de luta para seguir sua vocação.

Desde que entrou, seu ofício foi o de cozinheiro. Para tanto, freqüentou durante uma temporada um curso que foi ministrado no palácio da Nunciatura. Um irmão que conviveu com ele escreveu a seu respeito: “Era piedoso e trabalhador; não me recordo de que alguma vez tenha se negado a prestar ajuda aos demais; era visto com freqüência fazendo visita ao Santíssimo. Homem de coração sensível, isso o fazia sofrer muito quando tinha qualquer atrito com alguém, e não descansava enquanto não conseguia desfazer qualquer mal feito; mais de uma vez pediu desculpas de joelhos se em algo tinha falhado...”.

Quando começaram a chegar notícias da perseguição religiosa desencadeada na Espanha, dizia com admirável tranqüilidade às senhoras de uma casa para onde levou os objetos sacros da Comunidade e da Basílica para livrá-los de roubo e profanação: “Se ao sair daqui me prenderem e me derem um tiro ou me matarem de  outra forma qualquer, não me importa nada. Que há melhor que morrer mártir e ir direto para o céu?”.

Logo depois, haveria de se cumprir seu desejo. Estava para completar quarenta anos.

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