Por Secretariado Vocacional Redentorista Em Notícias Atualizada em 26 AGO 2020 - 08H25

51ª Semana Vocacional: Ouvir para poder decidir

Toda vocação é, antes de tudo, um diálogo com Deus. É um encontro entre duas liberdades: Deus, que livremente chama e a liberdade humana, que ouve e responde a esse chamado.

Trata-se de um colóquio generoso, de um intercâmbio de dons, no qual a experiência original das alteridades rompe os limites da meritocracia e assume o arquétipo da gratuidade, de modo que a iniciativa é sempre de Deus em autocomunicar seu grande amor.

Neste sentido, a capacidade humana de ouvir é fundamentalmente necessária para um encontro pessoal com Deus. É uma atitude de humildade e acolhida. É perceber, dar atenção, considerar e atender uma proposta. Muitas vezes escutamos as vozes que ressoam ao nosso redor, mas raramente as ouvimos. Ouvir é aprofundar, interiorizar e dispor-se a silenciar.




A experiência do discipulado nos ensina que o silêncio é o primeiro caminho para um verdadeiro diálogo com Deus.
Para ouvi-Lo é necessário silenciar o coração. Quase sempre precisamos renunciar nossas disposições pessoais para compreender a voz do nosso interlocutor [Deus]. O silêncio é, muitas vezes, desolador e, igualmente, pode ser consolador. Ele expõe a pessoa humana à sua interioridade, purificando os sentidos e proporcionando o maduro discernimento. No entanto, silenciar-se nem sempre é fácil, sobretudo em nossa cotidianidade. Muitos ruídos insistem em invadir nossa consciência.

Deus nos fala no silêncio do coração humano, ainda que mergulhado em angústias e incertezas. Conforme as Escrituras Sagradas, Ele não se manifesta no vento impetuoso, nem no terremoto, tampouco na fúria ardente do fogo, mas na suavidade de uma brisa (cf. 1Rs 19,11-14). O barulho pode ser sempre um canal para a fuga de si, assim como o silêncio constitui um canal favorecedor do encontro consigo mesmo, com o outro e com Deus.

Na tradição judaica, a capacidade de ouvir é ensinada e praticada por Deus. A palavra hebraica mais comum para o verbo “ouvir” é לְהַקְשִׁיב [lehaqshív]. Em sua etimologia, não lhe é atribuído um sentido de passividade, mas de atenção e acolhida. No Êxodo, Deus ouviu o clamor do seu povo (cf. Ex 3,7). Ele está próximo daqueles que o invoca e ouve atentamente seus clamores (cf. Sl 145). De igual maneira, através da suavidade de sua voz, Deus chama ao compromisso profético: “Toda manhã o Senhor desperta meus ouvidos para que, como um bom discípulo, eu preste atenção” (Is 50,4).

No testamento cristão, Jesus ao ouvir a voz do Pai, compreende sua missão: “Do céu se ouviu uma voz que dizia: Este é meu filho amado” (cf. Mt 3,13-17, Mc 1, 9-11, Lc 3, 21-22). Pela sua voz e por sua autoridade, Ele restaura a capacidade de falar e de ouvir (cf. Mc 7, 31-37). Igualmente, os discípulos ouviram seu chamado e, sem demora, deixaram tudo para o seguir: (cf, Lc 5, 5b) – “Em atenção à Tua Palavra, lançarei as Redes" (Lc 5, 5).

Os sentidos humanos constituem o acesso direto e mais seguro ao coração. Jesus compreendeu perfeitamente esta realidade. Ele restaurou a visão aos cegos, a voz aos emudecidos, a mobilidade aos paralíticos mas, além disso e, de fato, o mais importante, Ele tocou os corações humanos e restaurou a dignidade das pessoas, reintegrando-as ao convívio social. Jesus, igualmente, também usou dos sentidos para chamar seus discípulos. São bem aventurados todos aqueles que ouvem e acolhem sua Palavra e a colocam em prática (cf. Lc 11,27-28).

A messe é grande e os operários são poucos

Ao ver uma grande multidão que estava como ovelhas sem pastor, deu-nos um mandato: peçam ao Pai operários para sua Messe (cf. Mt 9 35-38). O Bom Pastor continua a nos chamar. Convoca-nos para uma grande missão. Não obstante, precisamos silenciar o coração para ouvir sua voz, discernir e acolher seu chamado.

Maria é nosso grande exemplo. No silêncio do seu coração ela ouviu e discerniu sua vocação. Na intimidade do mistério da Palavra de Deus, Maria de Nazaré, a partir do acontecimento da Anunciação, torna-se educadora, mãe da Igreja e modelo vivo de todo encontro [diálogo] pessoal e comunitário com o Senhor. Ela, na fé, acolheu sua missão, meditou, interiorizou e viveu (cf. Lc 1, 38; 2, 19.51; At 17, 11).

Para refletir:

1. Em meio a tantas vozes, como é possível ouvir a voz do Senhor?

2. Como fazer do silêncio um verdadeiro encontro com Deus?

3. Que atitudes concretas devemos eleger para manter um verdadeiro diálogo com o Senhor?

Fr. Diego Antônio da Silva
Missionário Redentorista

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