Por Elisangela Cavalheiro Em Santo Padre Atualizada em 03 MAR 2020 - 14H39

"Fixar olhar na misericórdia" para acolher imigrantes e refugiados, pede Papa em mensagem

O Papa Francisco faz um apelo especial aos cristãos e toda a humanidade para que acolham as pessoas que vivenciam esse drama

O Papa Francisco divulgou, nesta quinta-feira (1), a mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2016, celebrado no dia 17 de janeiro. No texto, Francisco faz um apelo especial aos cristãos e toda a humanidade para que fixem o olhar na misericórdia para acolher as pessoas que vivenciam esse drama no mundo.

O Santo Padre lembrou que a indiferença e o silêncio “abrem a estrada à cumplicidade”, fazendo com que as pessoas assistam inertes às inúmeras mortes e sofrimentos vividos pelos imigrantes e refugiados.

Ao longo da mensagem, Francisco faz diversos questionamentos.

Ao se referir ao sentido primordial de toda vida humana, o Papa indaga se este não é, de fato, o desejo de cada pessoa, de “melhorar as próprias condições de vida e obter um honesto e legítimo bem-estar que possa partilhar com os seus entes queridos”, questiona.

Em outro momento, ele lembra que os que vivenciam essa realidade da imigração são levados a modificar aspectos importantes de sua identidade, e também obrigam a mudar quem os acolhe. Nesse sentido, Francisco reflete como essas mudanças podem favorecer um “autêntico crescimento humano, social e espiritual”, de forma que sejam promovidos os valores comuns à vida humana, que “tornam o homem cada vez mais homem, no justo relacionamento com Deus, com os outros e com a criação”, reflete.

Se estas mudanças são inevitáveis, Francisco então indaga como a integração pode servir para o “enriquecimento mútuo” e para abrir caminho para vencer “o risco da discriminação, do racismo, do nacionalismo extremo ou da xenofobia”.

 

“Somos guardiões dos nossos irmãos e irmãs, onde quer que vivam”, exortou Francisco. 

Diante do cenário mundial, Francisco elogia as experiências de muitas instituições, associações, movimentos e grupos diocesanos, nacionais e internacionais no acolhimento aos refugiados e imigrantes, dizendo que estes vivem “o encanto e a alegria da festa do encontro, do intercâmbio e da solidariedade”. Para o Papa, estes têm reconhecido a voz de Cristo, que diz: ‘Olha que Eu estou à porta e bato’ (Ap 3, 20).

Por outro lado, o Pontífice lembrou os múltiplos debates sobre as condições e os limites que devem ser impostos nessa realidade, e até em algumas comunidades paroquiais, que se “veem ameaçadas” em sua “tranquilidade paroquial”.

Após essas indagações, Francisco faz o seu questionamento central: “Diante de tais questões, como pode a Igreja agir, senão inspirando-se no exemplo e nas palavras de Jesus Cristo? A resposta do Evangelho é a misericórdia”, fazendo menção ao título escolhido para a publicação: ‘Os imigrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho da misericórdia’.

Francisco explica, então, que a misericórdia é dom de Deus revelado no Filho, pois “a misericórdia recebida de Deus suscita sentimentos de jubilosa gratidão, pela esperança que nos abriu o mistério da redenção no sangue de Cristo” e ela é quem “alimenta e robustece a solidariedade para com o próximo, enquanto exigência de resposta ao amor gratuito de Deus”, enfatiza.

“Somos guardiões dos nossos irmãos e irmãs, onde quer que vivam”, exortou Francisco. 

Nesta perspectiva, ele afirma que é importante olhar para os imigrantes “não somente com base na sua condição de regularidade ou irregularidade, mas sobretudo como pessoas que, tuteladas na sua dignidade, podem contribuir para o bem-estar e o progresso de todos”. Para Francisco, é inadmissível “reduzir as migrações à dimensão política e normativa, às implicações econômicas”, pois são aspectos complementares da “defesa e promoção da pessoa humana”.

O Santo Padre ainda cita que a Igreja defende o direito de cada pessoa de viver com dignidade em sua terra. Por isso, vê a ajuda aos países de onde partem os imigrantes e refugiados como condição essencial para atuar com “eficácia e profundidade”, para que cessem as realidades que forçam as pessoas a deixarem seus lares.

Por fim, deixa uma mensagem de esperança:

Queridos irmãos e irmãs imigrantes e refugiados!

Na raiz do Evangelho da misericórdia, o encontro e a recepção do outro entrelaçam-se com o encontro e a recepção de Deus: acolher o outro é acolher a Deus em pessoa!
Não deixeis que vos roubem a esperança e a alegria de viver que brotam da experiência da misericórdia de Deus, que se manifesta nas pessoas que encontrais ao longo dos vossos caminhos!
Confio-vos à Virgem Maria, Mãe dos imigrantes e dos refugiados, e a São José, que viveram a amargura da emigração no Egito.
À intercessão deles, confio também aqueles que dedicam energias, tempo e recursos ao cuidado, tanto pastoral como social, das migrações.
De coração a todos concedo a Bênção Apostólica.

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