Santo Padre

São José de Anchieta soube comunicar a mensagem da ressurreição, diz Papa

Escrito por Redação A12

24 ABR 2014 - 15H31 (Atualizada em 09 JUN 2022 - 09H59)

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O Papa Francisco presidiu nesta quinta-feira (24) a Missa em ação de graças pela canonização do missionário José de Anchieta, na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma, ocorrida no último dia 3, com a assinatura do decreto de canonização. O cardeal arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, dom Raymundo Damasceno Assis, o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, e outros cardeais e bispos brasileiros concelebraram a missa. Marcaram presença o vice-presidente do Brasil, Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros.

A Igreja no Brasil e o povo brasileiro agradecem a Deus por lhes permitir realizar um sonho que durou mais de 400 anos: ver o Apóstolo do Brasil apresentado à Igreja Universal como testemunha de Jesus Cristo.

Na homilia, o Santo Padre comparou a escolha de São José de Anchieta com a escolha de Pedro, a de comunicar a alegria que irrompe da ressurreição de Cristo.

"No meio daquela confusão, Pedro anunciava a mensagem. Porque a alegria do encontro com Jesus Cristo, aquela que nos dá tanto medo de assumir, é contagiosa e grita o anúncio. E aí cresce a Igreja. O paralítico acredita. A Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração. A atração testemunhal, destacou a segunda leitura, retirada do capítulo 3 dos Atos dos Apóstolos, enquanto que São José de Anchieta também soube comunicar aquilo que tinha experimentado com o Senhor, o que tinha visto e ouvido Dele", sublinhou o Papa.

"O Senhor lhe comunicou em seus exercícios. Ele, junto a Nóbrega, foi o primeiro jesuíta que Inácio enviou à América. Um jovem de 19 anos, tinha tal alegria, tal gozo na alma que colocou o fundamento cultura de uma nação em Jesus Cristo. Não tinha estudado teologia, não havia estudado filosofia. Era um jovem que havia sentido o olhar de Jesus Cristo e deixou-se alegrar pela luz. Essa foi e é sua santidade: Não teve medo da alegria", assinalou.

Papa Francisco destacou ainda o amor de José de Anchieta pela Virgem Maria e o hino que fez em sua homenagem. "São José de Anchieta tem um hino belíssimo dedicado à Virgem Maria, a quem, inspirando-se no cântico de Isaías 52, compara com um mensageiro que procura a paz, que anuncia a alegria da boa notícia".

Por fim, pediu a bênção da Mãe de Jesus para que os cristãos possam renunciar à paralisia da fé e aceitar a paz e a alegria que Jesus ressuscitado concedeu a todos.

Ao final da celebração foi executado o hino de Anchieta, e diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida e de uma Relíquia do Padre Anchieta, foram cantadas estrofes de um hino dedicado a Nossa Senhora.

Dom Raymundo Damasceno expressou a alegria da Igreja presente no Brasil e de todos os brasileiros pela canonização do missionário José de Anchieta, em mensagem lida ao final da celebração.

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Leia na íntegra:

Santidade,

Estou certo, Santo Padre, de trazer à sua presença centenas de jesuítas que, ao longo de muitos anos, trabalharam para este momento. Não só dou voz aos filhos de Santo Inácio, mas também a milhares de fiéis leigos envolvidos pela santidade e carisma do Padre Anchieta. Eles deram o melhor de si para que esta celebração acontecesse. Assim, em nome de todos eles, vivos ou já na visão beatífica, quero, do fundo do coração, dizer-lhe: muito obrigado, Santidade!

José de Anchieta chegou jovem ao Brasil, com 19 anos de idade, pouco depois de ter emitido os votos religiosos de pobreza, castidade e obediência. Com um coração juvenil, amou, desde o primeiro contato, o povo brasileiro. A ele, dedicou sua grande inteligência, cultura e erudição, a capacidade de amar e de sofrer por amor. A ele, consagrou suas qualidades humanas, a capacidade de lutar, de ser aguerrido e a sua espiritualidade.

Como um São Francisco do Novo Mundo, revelando notável capacidade de observação da natureza, escreveu a chamada Carta de São Vicente. Nela, com grande erudição, e de modo muito completo e preciso, fez a primeira descrição detalhada da Mata Atlântica, importante bioma brasileiro.

Anchieta, também como o santo de Assis, viveu a pobreza e a simplicidade. Em carta, descreveu como as vivia com os indígenas, chegando ao ponto de relatar que, como toalha de mesa, usavam folha de bananeira, para, em seguida, completar que dela não tinham necessidade, pois qual a razão da toalha se lhes faltava a comida? Como o pobrezinho de Assis, no espírito da perfeita alegria, asseverou que estavam tão felizes naquela situação – ele e os demais jesuítas –, que, ao pensarem no tipo de vida levada nos colégios da Europa, nenhum tipo de saudade lhes vinha ao coração. Santo Padre, contemplando no Padre Anchieta a simplicidade de vida, o serviço prestado aos marginalizados, o seu modo de vida, encontramos o Senhor da Vida. Nosso Apóstolo se fez santo servindo aos indígenas, aos negros e a todos os pequenos do Brasil. Queremos seguir seus passos. Ele foi o nosso grande e incansável evangelizador. Seu exemplo motiva-nos a irmos destemidamente ao encontro de Jesus Cristo e dos irmãos.

O Padre Anchieta deixou-nos também o exemplo do grande amor que dedicava a Nossa Senhora, a quem sempre pedia socorro. Ela foi sua força e apoio nos momentos cruciais de sua vida: no ambiente conturbado de Coimbra, quando percebeu que sua vida cristã poderia arruinar-se, ou na Aldeia de Iperoig, na costa brasileira, onde, sem nenhum apoio visível - a não ser a oração -, por vários meses permaneceu refém dos índios tamoios. Nesse trágico momento, mais uma vez recorreu a Maria e, certo de sua ajuda, começou a escrever o Poema da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, expressão de sua extraordinária devoção e amor à Santíssima Virgem.

Santo Padre, muito obrigado por nos permitir partilhar com os cristãos do mundo todo o belo testemunho que foi a vida de São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil.

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