Natal 2025 - Viva este momento com fé e criatividade!

Explorar Conteúdos
Por Elisangela Cavalheiro Em Igreja

Em entrevista especial, Chico Whitaker fala sobre acordo nuclear Brasil e Japão

Líderes sociais, organizações civis e representantes de pastorais da Igreja Católica entregaram na última sexta-feira (13) uma declaração com mais de 200 assinaturas em embaixadas e consulados do Brasil e do Japão, em diversos países, afirmando posição contrária ao possível acordo de cooperação nuclear entre os governos do Brasil e do Japão. 

A declaração foi entregue na data do 27º aniversário do mais grave acidente radiológico ocorrido no mundo, do Césio 137 de Goiânia, de fonte radioativa usada em hospitais. 

O documento da Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares foi assinado por organizações da sociedade civil brasileira e japonesa. A fundação Right Livelihood Award, que concede anualmente o prêmio conhecido como ‘Nobel Alternativo’ anunciou que 32 pessoas e instituições laureadas com a premiação também assinaram a declaração que repudia o acordo que visa a exportação de usinas nucleares japonesas para o Brasil. 

A energia nuclear surge como uma das atuais alternativas para resolver o problema da geração de energia no país. Alternativa que gera debates sobre a sua segurança, devido aos acidentes nucleares, como foi o caso de Fukushima, no Japão, e do Césio-137 no Brasil.  

O promotor da iniciativa é o ativista social Chico Whitaker, um dos premiados pela Fundação Right Livelihood Award em 2006, reconhecido pelo seu trabalho de promoção da justiça social e fortalecimento da democracia no país. 

Para falar sobre esse assunto, o A12.com convidou Chico Whitaker, que concedeu entrevista por e-mail. Para ele, é preciso que a população brasileira seja esclarecida sobre o assunto e que a questão nuclear seja realizada com a “mínima transparência”. 

A12.com – O que representa esse possível acordo nuclear entre Brasil e Japão? 
Chico Whitaker – Teoricamente, é uma ajuda do governo japonês ao uso da tecnologia nuclear no Brasil. Na prática, uma ajuda à indústria nuclear japonesa que está se vendo diante da possibilidade do Japão ter que “sair” do nuclear e com isso ela perder o mercado japonês... Ou seja, vender a países pobres (e incautos) o que não conseguirão vender nos seus próprios países. Este tipo de “movimento” econômico está acontecendo também em outros países que estão saindo ou terão que sair do nuclear; ou que tem sede de “negócios”, como é o caso da Rússia, que quer vender pelo mundo afora usinas nucleares “chave na mão”. O acordo nuclear Brasil-Alemanha vence em 2015. Há um movimento melhor que esse – que poderia ser um bom exemplo para o Japão: celebrar um novo acordo não sobre o nuclear (do qual a Alemanha já saiu), mas sobre energias alternativas (solar, eólica, etc)  

Foto: arquivo pessoal. 

Entrega da declaração em Brasília (DF).

A12.com – O que está sendo feito para conscientizar a população brasileira sobre esse assunto?  
Chico Whitaker – Somos um punhado de brasileiros clamando no deserto. Contando só com o silêncio dos meios de comunicação de massa. O povo brasileiro é totalmente desinformado dos riscos das usinas (apesar das notícias que chegam de Fukushima), totalmente esquecido do acidente de Goiânia (onde o estrago foi feito por míseras 19 gramas de césio 137) e ignorante dos riscos do lixo atômico produzido pelas usinas (um desses “lixos”, o Plutônio, fabricado pelas usinas, leva 24.100 anos para perder a metade de sua radioatividade). No Brasil, estamos ainda precisando elaborar cartilhas sobre o assunto (enquanto não conseguimos “acordar” os tecnocratas do governo).  

A12.com – O que se espera com a entrega desta declaração? 
Chico Whitaker – Que os governos do Brasil e do Japão fiquem sabendo que não podem tomar essa decisão sem nem ao menos informar a população e discutir a questão com toda a sociedade. Que fiquem sabendo que há gente que acordou. Que não podem continuar a tratar a questão nuclear sem a mínima transparência, como no tempo dos militares (que nos impuseram o programa nuclear brasileiro).    

A12.com – O senhor poderia avaliar a contribuição da Igreja do Brasil nesse trabalho realizado pela Coalização?
Chico Whitaker – A Igreja ainda está “acordando”. Na última Assembleia Geral da CNBB foi aprovada por unanimidade a decisão de aprofundar o debate da questão na Igreja e de estimulá-lo na sociedade. É um bom passo. Mas é preciso ir bem mais longe. Por exemplo, que em todas as dioceses se façam coletas de assinatura na Iniciativa Popular com o objetivo de vetar a construção de novas usinas no Brasil.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Elisangela Cavalheiro, em Igreja

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...