Todos os livros bíblicos estão ordenados ao anúncio sobre “quem é o Messias prometido”. O Cristo. Esse é o nome em grego, correspondente a Messias (hebraico). Ambos significam em português o conceito de: Ungido. No evangelho de São Marcos Jesus é esse UNGIDO. Ele porem se denominava: o filho do homem, ou alguém frágil e sem recursos grandiosos de poder. Alguém escolhido por Deus e por Ele enviado a uma missão libertadora integral dos homens. E por isso, missão perigosa, incompreendida e rejeitada pelos poderosos, em geral sempre fechados no orgulho, vaidades, ambições. É o “humano” fiel a Deus em extremo até a morte. Compreender Jesus na sua verdadeira identidade é tornar-se consciente do discipulado. Do estar com Ele para o que der e vier. Pretender segui-lo exige entrar no processo do conhecimento mais íntimo da pessoa de Jesus. Não superficialmente, mas adentrar no âmago do seu mistério. À medida que vamos ampliando o contato interior com sua personalidade, seu jeito de ser, suas propostas de vida, ser discípulo nos encanta. Ele nos atrai ao se nos revelar. E de repente percebemos que segui-lo como discípulo é inteirar-se de nossa própria identidade humana.
Nesse processo de conhecimento o perigo inicial é fazer de Jesus um Mestre que não complique a nossa vida. Em vez de nos esforçar em segui-lo pretendemos sujeita-lo às nossas expectativas, desejos e emoções. Isso ocorreu com os apóstolos nas primeiríssimas comunidades cristãs. O ensino do Evangelho escrito por São Marcos, talvez em 70-80 DC sugere a junção e interdependência de identidades: a do Mestre e do discípulo. É como uma linha divisória. Formada por duas perguntas. Num primeiro recurso literário Marcos alerta o candidato sobre que tipo de Messias é de fato Jesus. No segundo recurso, o candidato a segui-lo terá que abraçar sem medo a causa do Mestre. E, portanto, renunciar-se a si mesmo sem reservas. Leia o texto: Marcos, 8,27-35. (Texto do 24º Domingo comum ano B).
Imaginemos o cenário, o ambiente catequético criado pelo Evangelho. Jesus caminhava atravessando os povoados da Galiléia, acompanhado dos discípulos. Caminhando por ali faz a eles perguntas estranhas: qual é a opinião das pessoas sobre quem eu sou? E o que vocês dizem? É claro que poderia ter perguntado isso em outro momento. Portanto, aqui, a palavra “no caminho” mais que referência geográfica é lugar-símbolo. Não significa mera descrição: a estrada poeirenta sob o sol quente, carregando nos passos o cansaço da viagem. Nem é uma curiosidade banal. Estar em caminho com Jesus é comprometer-se com Ele, mesmo em situação desconfortável e perigosa. E de fato estava ficando muito complicado ir com Ele aonde fosse. Ele ia para Jerusalém, a capital. Aí se concentravam todos os poderes: o religioso, o político, o econômico, o intelectual, o militar do exército romano invasor. Caminhando para o centro do poder era certo Jesus pressentia um conflito inevitável com as autoridades. Palavras, gestos, ideias e posturas sobre a prática religiosa e a justiça social... Era pública e notória a divergência profunda dele com as lideranças. Logo, nada mais natural que associar a viagem ao desfecho arriscado: de perseguição e até morte.
Pois é nesse tipo de caminho que o discípulo segue o Mestre. Precisa ter consciência da renúncia de si e aceita-la mesmo no caso de perder a vida em fidelidade à Palavra do Mestre. A dupla pergunta sobre o que o povo e os discípulos opinavam sobre Ele tem essa finalidade. Elas acenam a uma mudança de expectativa quanto ao seguimento e quanto ao compromisso com a sua missão. Que tipo de Messias (Salvador) era afinal Jesus? O povo humilde criara para si o imaginário de um chefe libertador político capaz de mudar num passe de mágica a sorte ingrata dos pobres duplamente oprimidos: por suas próprias lideranças e pela força de ocupação romana. Lideranças e elite religiosa desejavam além do Messias guerreiro um reformador do Templo e do seu brilho para as classes favorecidas. Mais do que uma vida de comunhão íntima como querer de Deus, os líderes, as elites queriam o restabelecimento do seu prestígio social beneficiado com a soberania de Israel.
Um olhar para Maria
No seguimento de Jesus - o “Filho do homem”- nosso olhar “discípular-missionário” deve sempre tentar achar e convergir com o olhar de Maria, a primeira discípula-missionária que o seguiu sem ainda conhece-lo. E também não sair da “perspectiva” do caminho para Jerusalém! Entre todos os chamados a entrar nesse caminho a que mais se interrogava sobre o mistério de amor e dor do próprio Filho foi ela, já antes de concebê-lo. Dela se escreveu depois: “Maria conservava as recordações, meditando-as em seu coração” (Lucas, 2,19). Ela renunciou-se, antes de gerá-lo. Deixou que a Palavra o plasmasse em seu seio bendito. Não fazia parte da comitiva de mulheres que o serviam nas idas e vindas (Lucas, 8, 1-3). Até mesmo porque só elas precisaram antes de ser curadas de seus males. E é certo, no termo da jornada missionária, lá no Calvário, Maria consolava e confortava essas mulheres que lhe faziam companhia solidária (João, 19, 25). Podemos contar com sua maternal ajuda quando nos for difícil entender e permanecer fiéis na renúncia a nós mesmos para caminhar com Jesus Cristo.
Todos os livros bíblicos estão ordenados ao anúncio sobre “quem é o Messias prometido”. O Cristo. Esse é o nome em grego, correspondente a Messias (hebraico). Ambos significam em português o conceito de: Ungido. No evangelho de São Marcos Jesus é esse UNGIDO. Ele porem se denominava: o filho do homem, ou alguém frágil e sem recursos grandiosos de poder. Alguém escolhido por Deus e por Ele enviado a uma missão libertadora integral dos homens. E por isso, missão perigosa, incompreendida e rejeitada pelos poderosos, em geral sempre fechados no orgulho, vaidades, ambições. É o “humano” fiel a Deus em extremo até a morte. Compreender Jesus na sua verdadeira identidade é tornar-se consciente do discipulado. Do estar com Ele para o que der e vier. Pretender segui-lo exige entrar no processo do conhecimento mais íntimo da pessoa de Jesus. Não superficialmente, mas adentrar no âmago do seu mistério. À medida que vamos ampliando o contato interior com sua personalidade, seu jeito de ser, suas propostas de vida, ser discípulo nos encanta. Ele nos atrai ao se nos revelar. E de repente percebemos que segui-lo como discípulo é inteirar-se de nossa própria identidade humana.
Nesse processo de conhecimento o perigo inicial é fazer de Jesus um Mestre que não complique a nossa vida. Em vez de nos esforçar em segui-lo pretendemos sujeita-lo às nossas expectativas, desejos e emoções. Isso ocorreu com os apóstolos nas primeiríssimas comunidades cristãs. O ensino do Evangelho escrito por São Marcos, talvez em 70-80 DC sugere a junção e interdependência de identidades: a do Mestre e do discípulo. É como uma linha divisória. Formada por duas perguntas. Num primeiro recurso literário Marcos alerta o candidato sobre que tipo de Messias é de fato Jesus. No segundo recurso, o candidato a segui-lo terá que abraçar sem medo a causa do Mestre. E, portanto, renunciar-se a si mesmo sem reservas. Leia o texto: Marcos, 8,27-35. (Texto do 24º Domingo comum ano B).
Imaginemos o cenário, o ambiente catequético criado pelo Evangelho. Jesus caminhava atravessando os povoados da Galiléia, acompanhado dos discípulos. Caminhando por ali faz a eles perguntas estranhas: qual é a opinião das pessoas sobre quem eu sou? E o que vocês dizem? É claro que poderia ter perguntado isso em outro momento. Portanto, aqui, a palavra “no caminho” mais que referência geográfica é lugar-símbolo. Não significa mera descrição: a estrada poeirenta sob o sol quente, carregando nos passos o cansaço da viagem. Nem é uma curiosidade banal. Estar em caminho com Jesus é comprometer-se com Ele, mesmo em situação desconfortável e perigosa. E de fato estava ficando muito complicado ir com Ele aonde fosse. Ele ia para Jerusalém, a capital. Aí se concentravam todos os poderes: o religioso, o político, o econômico, o intelectual, o militar do exército romano invasor. Caminhando para o centro do poder era certo Jesus pressentia um conflito inevitável com as autoridades. Palavras, gestos, ideias e posturas sobre a prática religiosa e a justiça social... Era pública e notória a divergência profunda dele com as lideranças. Logo, nada mais natural que associar a viagem ao desfecho arriscado: de perseguição e até morte.
Pois é nesse tipo de caminho que o discípulo segue o Mestre. Precisa ter consciência da renúncia de si e aceita-la mesmo no caso de perder a vida em fidelidade à Palavra do Mestre. A dupla pergunta sobre o que o povo e os discípulos opinavam sobre Ele tem essa finalidade. Elas acenam a uma mudança de expectativa quanto ao seguimento e quanto ao compromisso com a sua missão. Que tipo de Messias (Salvador) era afinal Jesus? O povo humilde criara para si o imaginário de um chefe libertador político capaz de mudar num passe de mágica a sorte ingrata dos pobres duplamente oprimidos: por suas próprias lideranças e pela força de ocupação romana. Lideranças e elite religiosa desejavam além do Messias guerreiro um reformador do Templo e do seu brilho para as classes favorecidas. Mais do que uma vida de comunhão íntima como querer de Deus, os líderes, as elites queriam o restabelecimento do seu prestígio social beneficiado com a soberania de Israel.
Um olhar para Maria
No seguimento de Jesus - o “Filho do homem”- nosso olhar “discípular-missionário” deve sempre tentar achar e convergir com o olhar de Maria, a primeira discípula-missionária que o seguiu sem ainda conhece-lo. E também não sair da “perspectiva” do caminho para Jerusalém! Entre todos os chamados a entrar nesse caminho a que mais se interrogava sobre o mistério de amor e dor do próprio Filho foi ela, já antes de concebê-lo. Dela se escreveu depois: “Maria conservava as recordações, meditando-as em seu coração” (Lucas, 2,19). Ela renunciou-se, antes de gerá-lo. Deixou que a Palavra o plasmasse em seu seio bendito. Não fazia parte da comitiva de mulheres que o serviam nas idas e vindas (Lucas, 8, 1-3). Até mesmo porque só elas precisaram antes de ser curadas de seus males. E é certo, no termo da jornada missionária, lá no Calvário, Maria consolava e confortava essas mulheres que lhe faziam companhia solidária (João, 19, 25). Podemos contar com sua maternal ajuda quando nos for difícil entender e permanecer fiéis na renúncia a nós mesmos para caminhar com Jesus Cristo. Produção: 09-09-2015. Envio: 09-09-2015
Pe. Antonio Clayton Sant’Anna - CSsR
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