Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Artigos

Maria, reflexo maternal de Deus e pioneira da comunidade

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Por um longo passado a linguagem humana associou conceitos sobre Deus apenas em chave masculina. Restritiva, a linguagem antropocêntrica dominante limitava o universo do pensamento. O mistério da Santíssima Trindade está revelado na cultura bíblica sob figuras “masculinas”: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Só após muitos séculos e conjugando audácia e timidez, a reflexão teológica vem desvelando a face da “semelhança feminina de Deus” (Gênesis, 1,27).

A mulher-Maria está na raiz dessa mudança. Nela Deus se manifestou ao dispensar o concurso genético masculino na encarnação do Verbo. Assim, a ação libertadora divina contou com a virgindade biológica de Maria. Em Jesus Cristo Deus fez-se solidário com a nossa condição humana. Por ele nomeado como “Abbá” (paizinho), Deus ganha traços maternais. Mas, falamos de Deus Pai e Mãe usando as metáforas do masculino-feminino e não as categorias das diferenças sexuais e de gênero, inexistentes na Transcendência divina.

Ora, a relação de Maria com a comunidade cristã vem também desta sua condição feminina. Com seu Filho Jesus ela é a raiz da Igreja: família de Deus, construção do Senhor ou seu edifício espiritual no mundo. Nossa Senhora é reflexo do amor salvador do Senhor, pois sua cooperação materna gerou  a cabeça do “Povo de Deus”, “o primogênito entre muitos irmãos” (Rm.8,29). A Igreja peregrina começa com ela, sua pioneira.  No papel de primeira discípula-missionária do Filho, Maria forma e educa também seus seguidores. Não como nossa origem ou causa da nossa união porque esta vem da comunidade una e trina do próprio Deus.

Vem do mistério da Santíssima Trindade. Jesus, que veio a nós por Maria, abriu por ela o caminho que nos integra com ele na realidade divina. Para ser a mãe do Verbo, o Deus humanado, a Virgem aceitou em primeira mão a condição do discipulado.

Os cristãos dos primeiros tempos perceberam que na pessoa de Maria veneravam não só a mãe carnal do Senhor ressuscitado. Tinham nela alguém que lhes servia de modelo acabado no discipulado, no seguimento de Jesus. Está aí o sentido da afirmação: Maria é a pioneira da comunidade cristã. Ela é o protótipo! Protótipo é a “fôrma original”.  É o modelo acabado! Dessa fôrma tiram-se os exemplares, as cópias.  Ela é pioneira, é fôrma, é protótipo porque deixou-se moldar pelo querer de Deus como um vaso de argila nas mãos do oleiro (Isaías, 64,7).  Aceitou simplesmente o convite de Deus e decidiu pôr a sua vida ao serviço de sua vontade. Disse um “sim” resoluto renunciando ao seu próprio querer, ao seu projeto pessoal de vida. Entregou-se totalmente ao mistério de Jesus, sem prever nem temer tudo o que iria acontecer. Como já foi pensado alhures: Maria, arquétipo feminino da Igreja, é a mulher-ícone do Mistério!

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR

Diretor da Academia Marial

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