Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Artigos Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H39

"Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”

trigo

O domingo enquanto novidade cristã motivada pela ressurreição de Jesus veio completar a revelação bíblica do Antigo Testamento sobre o “Dia do Senhor”. O 7º dia bíblico dedicado ao descanso e no qual o homem deve imitar o agir de Deus deixando de ser apenas “força de trabalho” para ser dono de si mesmo e de seu destino.

Assim, o Dia do Senhor lá na Criação tornou-se o dia do Cristo ressuscitado, o homem novo no qual Deus recriou tudo. Além disso, o domingo introduzido pela fé cristã na convivência social deve se aquele dia especial em que a igreja Católica reafirma a sua identidade em todas as culturas e povos celebrando a Eucarística.

 Refazendo a memória viva do sacrifício perfeito de Jesus nós pensamos em nós mesmos e no rumo que estamos dando a todas as nossas atividades. Deus nos deu o “seu dia” (Dia do Senhor). Um tempo para mergulhar em nosso próprio mistério, sonhar, repousar, conviver com a família, com os amigos, descobrir o outro e buscar a comunhão com Deus.

 Especialmente nos domingos podemos nos alimentar também do “pão da Palavra de Deus” seja no culto e reuniões de Igreja ou nas missas da comunidade. Conhecer e viver a Palavra de Deus produz em cada pessoa a experiência pessoal da sua realidade: o seu amor, a sua vontade, o seu projeto de vida.

 No texto de Lucas 14,25-33, trata-se do preço que temos a pagar para seguir Jesus. Melhor dizendo: que exigências Jesus faz a quem decide apostar nele a sua vida. Qual o nível de compromisso e quais as consequências. A decisão por Jesus tem ainda a marca do tempo isto é, será dada no quadro dos condicionamentos culturais de uma época. Ler o texto:

 A passagem faz parte da secção do Evangelho de Lucas conhecida como: a viagem para Jerusalém. O autor imagina Jesus caminhando para a cidade símbolo do povo escolhido. Símbolo da Aliança de Javé. No caminho Jesus vai formando, instruindo e preparando seus discípulos. Fala das condições fundamentais para ir com ele. Segui-lo. O propósito do texto é mostrar um caminho novo na vida. Caminho em que a convivência, as relações com os outros vão ser diferentes do esquema de vida dado por Jerusalém.

 Logo, caminhar para esta cidade representativa da Antiga Aliança, praça – forte do poder político – religioso judaico, era arriscar a própria vida. Exigia lá (exige hoje) muito mais do que uma simpatia por Jesus ou por suas ideias. Quem se propõe a acompanhar o Mestre deve abrir mão de tudo. Fazer dessa escolha a principal da vida inteira e em todas as situações. Nisso as afirmações de Jesus até espantam o leitor do Evangelho.

 O discípulo dele deverá abraçar a renúncia total à vontade pessoal. A opção por Jesus e seu caminho deve ser entendida em plenitude. Sem nenhum medo, restrição ou meios termos. Valerá sempre e em todo o momento.

 Jesus nos propõe seus valores, sua visão das pessoas, das coisas e dos interesses humanos. Tudo isso se liga, é claro, a um agir moral coerente. Mas, fatalmente acarretará incompreensões, críticas e recusas da sociedade e até mesmo dentro da família. Em qualquer caso Jesus será a prioridade absoluta. As duas comparações: a do construtor da torre e a do rei que declara guerra contra um outro nos demonstram que é preciso pensar bem, antes de se decidir a pôr – se no seguimento de Jesus. Pensar duas vezes. Só assim se evitará uma decisão superficial ou de pura conveniência ou romântica que acabará sendo retirada de maneira covarde.

 Jesus vai indo para Jerusalém significa; Ele quer construir o Reinado de Deus. Ele quer destronar o poder corrupto do anti-Reino que lá se encastelou: no Templo e nas classes da elite social. As dificuldades desses empreendimentos são humanamente insuperáveis. Por isso, quem for com Ele terá que arcar com renúncias radicais de si mesmo:

“Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (ver. 27). Lucas escreve o que a comunidade orientada por ele entendeu e viveu quanto à adesão à fé cristã. Jesus foi aceito como o ponto de referência absoluto de toda a vida humana. Nada escapava (nem escapa hoje) ao seu domínio no íntimo das pessoas, no contexto das relações de família e no convívio social com suas leis e costumes.

 Hoje é a nossa vez na História. Olhemos para frente. Não tenhamos medo e sejamos generosos no compromisso. Saibamos resistir a todas as pressões e ilusões que nos rodeiam. Suportemos as críticas e incompreensões, elas fazem parte do triunfo final. Nos caminhos da História nós passaremos enquanto os poderosos de plantão ficarão para trás vencidos.

 

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