Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Artigos Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H39

Procissão-Memória!

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Uma procissão luminosa e sonora encerra todos os anos a novena em preparação à festa de Nossa Senhora Aparecida no Santuário Nacional. Vai até o porto de Itaguaçú às margens do rio Paraíba.  Faz memória do local “onde tudo começou”, em 1717, quando três pescadores ali ancoraram suas canoas com muito peixe e ansiosos para contar às famílias um acontecimento extraordinário. Foram muitas as tentativas fracassadas de pesca. Até que retiraram na rede uma imagem de Nossa Senhora da Conceição: primeiro o corpo, depois a cabeça que se ajustou perfeitamente à imagem.  E daí em diante a pescaria foi abundante. A procissão-memória enquanto revive a história, ao mesmo tempo torna-se um profundo apelo à vocação simbólica e religiosa de Aparecida. Congrega aparecidenses e romeiros e propaga a devoção à Maria invocada como Mãe Aparecida. A história é relembrada e no porto de Itaguaçú renova-se a unidade na fé diluindo-se a separação entre aparecidenses e romeiros. Volta-se às fontes mais puras da cidade e às origens das romarias! Às margens do rio Paraíba as águas são outras, mas o rio é aquele mesmo no qual a Providência Divina entregou ao povo brasileiro, pelas mãos de três humildes pescadores, um dos mais ricos presentes de sua história: a imagenzinha querida da Mãe Aparecida!

 

É preciso ser fiel à vocação!

É o momento de recriar na imaginação a cena dos três pescadores ancorados no porto e recolhendo as redes cheias de peixes. Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves partilhavam uma alegria jamais antes provada quando recolheram da rede surrada uma imagem de terracota, representando Nossa Senhora da Conceição. Ela, depois de pescada, havia arrastado atrás de si a vida em abundância prometida nas dezenas de peixes! Estupefatos os pescadores contemplavam longamente a imagenzinha tão simples e sorridente, mostrando-a para todos os ribeirinhos.  Esta contemplação vem do passado para encontrar agora o olhar dos milhares de fiéis acompanhando a procissão-memória. Procissão-memória! Voltar ao passado para resgatá-lo no presente e, com a pureza de sua mensagem, orientar o futuro! APARECIDA, a cidade da santa, como é conhecida, volta às suas raízes. Resgata sua vocação maior no Brasil: ser a capital da fé. Capital mariana! É preciso ser fiel à vocação!

Para os romeiros presentes: voltar ao passado será completar a alegria da Festa, iniciando-a na véspera. Voltar ao passado, para os aparecidenses – “romeiros-residentes” – é ter a humildade de se perguntar: nossa cidade está sendo fiel às suas origens, às suas raízes? O povo de Aparecida, guardião dos romeiros e testemunha de tantas graças, está sendo fiel ao SIGNIFICADO, aos apelos da imagem bendita que lhe deu e lhe dá tudo, até o próprio nome e inspira constantemente a sua História? Se for infiel às suas raízes, Aparecida será infiel, antes de tudo, a Nossa Senhora Aparecida! E ao próprio Deus, que na sua Providência bondosa entregou a imagem da Virgem Aparecida para ser desde o Santuário nacional um alicerce de evangelização do povo brasileiro. Sem dúvida, Deus não deu à Aparecida apenas a vocação de ser um pólo turístico-religioso! 

 A procissão-memória é momento de conversão! Que os aparecidenses tenham um coração bom, amigo, aberto e generoso. Capaz de acolher os romeiros e abrigá-los como extensão do manto azul que cobre a imagem de Nossa Senhora Aparecida. É ela quem traz as romarias de todos os lugares e as confia ao arcebispo, aos padres, aos comerciantes, aos lojistas, a todas as pessoas honestas e de boa vontade.  Este seria o pedido dos três pescadores de 1717, se estivessem presentes na procissão-memória.  Este é o pedido de Maria e está simbolizado nas mãos postas em oração da sua imagem. Enquanto a Mãe Aparecida reza na glória por todos nós, pede também a nós que saibamos viver na paz, no mútuo respeito, no esforço comum de partilhar a alegria do povo de Deus peregrinando rumo ao santuário eterno, à casa do Pai. Que a sua cidade honre o nome criando sempre mais, melhores condições físicas e humanas para habitantes e romeiros. Que todos possam encontrar aqui a misericórdia, o perdão, a vida plena de Jesus! Assim, será válido cantar: “Dai-nos a bênção, ó Mãe querida, Nossa Senhora Aparecida!”

 

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR

 

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