Carreirismo na Igreja?
Costuma-se dizer que vocação é uma coisa e profissão é outra. Mas não seria possível pensar que toda profissão honesta possa ser abraçada com dinamismo vocacional? Ser doação de si? Sem dúvida.
Não poderíamos, porém, argumentar que toda vocação é profissão. Pois, fazer da opção vocacional um interesse profissional é deturpá-la. É esvaziá-la de sentido. Feito à luz da reflexão cristã este é um raciocínio oportuno e bem atual, se com ele nos referirmos ao fenômeno cada vez mais audacioso do “carreirismo na Igreja”. Isso não é bom!
O carreirismo desvirtua o chamado divino. Não à toa o Papa Francisco vem abordando o tema em diferentes situações e com veemência crítica. É lamentável e preocupante que na Igreja em geral e nas congregações religiosas em particular, abrem-se hoje as portas para jovens ávidos mais de promoção do que do discipulado (a “sequela Christi”).
Vêm imbuídos da forte mentalidade carreirista geradora dos “cristãos de conveniência” na palavra do Papa Francisco. O carreirismo é um dado cultural atual marcante, inerente ao consumismo de mercado, ou consequência da política de afrouxamento ético e da corrupção de governo.
Segundo o Papa Francisco os “cristãos de conveniência”, manipulam as propostas da fé em função do ter e manter poder na Igreja. “Quem acompanha Jesus como um projeto cultural faz disto uma estrada para subir na vida. Só é verdadeiro cristão quem segue Jesus por amor”, insiste o Santo Padre. “Homens e mulheres da Igreja que são carreiristas, alpinistas sociais, e usam as pessoas, a Igreja, os irmãos, as irmãs, (aqueles a quem deveriam servir), como trampolim para suas próprias ambições e interesses pessoais, causam um grande mal à Igreja”.
Para quem abraça mesmo a causa de Jesus e do Evangelho, vocação é sempre vocação. Quanto ao sacerdócio não pode ser vivido a modo de profissão, com o intuito de usufruir ‘status’, ou de acomodar-se a benefícios eclesiásticos. A vocação é graça de Deus! Existimos em Deus, nele e por Ele, proclamou Paulo aos sábios em Atenas (Atos 17,28). Na Criação recebemos aptidões e qualidades para bem gerenciarmos nosso projeto pessoal de vida e nossas relações com os outros.
O chamado existencial estaria em jogo se a vocação se tornasse profissão. Sendo vocação em si mesma, a vida faz-nos conscientes do existir. Mas, o chamado vocacional se plenifica se for vida em abundância. Experiência de comunhão plena com Deus e os outros. Onde falta a consciência vocacional, viver não passa de aventura, angústia insolúvel do sem sentido. “É preciso saber viver!” A vocação em Cristo é vida em abundância e não acomodação medíocre.
É admirável a figura bíblica de Maria como modelo vocacional. No seguimento de Jesus ela viveu a simplicidade própria dos vocacionados plenamente conscientes de servirem o Senhor. Sem almejar louvores e honrarias por sua condição na história de seu povo. Despojou-se de si na adesão ao fato maravilhoso e incompreensível de ser a mãe do “Filho do Altíssimo”(Lucas 1, 32). Abraçou as consequências da Encarnação sem perturbar-se com o que iriam dizer, mas entregando-se a Deus num amor totalmente oblativo.
Foi a primeira consagrada, no sentido mais rigoroso desse termo. Viveu tão unida a Jesus e tão próxima dos conterrâneos na vida familiar oculta de Nazaré, que nada a distinguia no meio social. Surpresos com a sabedoria de Jesus e seus milagres eles se perguntavam: “Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não é aquela chamada Maria?” (Mateus 13,55). A Virgem personalizou a vocação no desprendimento de si e na inteira confiança de quem ao abraçar a tarefa do dia a dia, “segura firme o arado e não olha para trás!” (Lucas 9,62).
Iluminados por seu amor materno, compete a nós viver a vocação e missão mariana: fazer nascer Jesus em meio ao mundo. Seja qual for o seu projeto vocacional sei que há nele um espaço para o ‘jeito mariano’ de seguir Jesus. Afinal ela é a primeira discípula, a primeira filha da Igreja e ao mesmo tempo o ícone daquilo que seremos ao atingirmos a plenitude de nossa vocação em Cristo.
Costuma-se dizer que vocação é uma coisa e profissão é outra. Mas não seria possível pensar que toda profissão honesta possa ser abraçada com dinamismo vocacional? Ser doação de si? Sem dúvida. Não poderíamos, porém, argumentar que toda vocação é profissão. Pois, fazer da opção vocacional um interesse profissional é deturpá-la. É esvaziá-la de sentido. Feito à luz da reflexão cristã este é um raciocínio oportuno. E bem atual se com ele nos referirmos ao fenômeno cada vez mais audacioso do “carreirismo na Igreja”. Isso não é bom!
O carreirismo desvirtua o chamado divino. Não à toa o Papa Francisco vem abordando o tema em diferentes situações e com veemência crítica. É lamentável e preocupante que na Igreja em geral e nas congregações religiosas em particular, abrem-se hoje as portas para jovens ávidos mais de promoção do que do discipulado (a “sequela Christi”). Vêm imbuídos da forte mentalidade carreirista geradora dos “cristãos de conveniência” na palavra do Papa Francisco. O carreirismo é um dado cultural atual marcante, inerente ao consumismo de mercado, ou consequência da política de afrouxamento ético e da corrupção de governo. Segundo o Papa Francisco os “cristãos de conveniência”, manipulam as propostas da fé em função do ter e manter poder na Igreja. “Quem acompanha Jesus como um projeto cultural faz disto uma estrada para subir na vida. Só é verdadeiro cristão quem segue Jesus por amor”, insiste o Santo Padre. “Homens e mulheres da Igreja que são carreiristas, alpinistas sociais, e usam as pessoas, a Igreja, os irmãos, as irmãs, (aqueles a quem deveriam servir), como trampolim para suas próprias ambições e interesses pessoais, causam um grande mal à Igreja”.
Para quem abraça mesmo a causa de Jesus e do Evangelho, vocação é sempre vocação. Quanto ao sacerdócio não pode ser vivido a modo de profissão, com o intuito de usufruir ‘status’, ou de acomodar-se a benefícios eclesiásticos. A vocação é graça de Deus! Existimos em Deus, nele e por Ele, proclamou Paulo aos sábios em Atenas (Atos, 17,28). Na Criação recebemos dele aptidões e qualidades para bem gerenciarmos nosso projeto pessoal de vida e nossas relações com os outros. O chamado existencial estaria em jogo se a vocação se tornasse profissão. Sendo vocação em si mesma, a vida faz-nos conscientes do existir. Mas, o chamado vocacional se plenifica se for vida em abundância. Experiência de comunhão plena com Deus e os outros. Onde falta a consciência vocacional, viver não passa de aventura, angústia insolúvel do sem sentido. “É preciso saber viver!” A vocação em Cristo é vida em abundância e não acomodação medíocre. 11-06-2015
Sob o olhar de Maria!
É admirável a figura bíblica de Maria como modelo vocacional. No seguimento de Jesus ela viveu a simplicidade própria dos vocacionados plenamente conscientes de servirem o Senhor. Sem almejar louvores e honrarias por sua condição na história de seu povo. Despojou-se de si na adesão ao fato maravilhoso e incompreensível de ser a mãe do “Filho do Altíssimo”. (Lucas, 1, 32). Abraçou as consequências da Encarnação sem perturbar-se com o que iriam dizer, mas entregando-se a Deus num amor totalmente oblativo. Foi a primeira consagrada, no sentido mais rigoroso desse termo. Viveu tão unida a Jesus e tão próxima dos conterrâneos na vida familiar oculta de Nazaré que nada a distinguia no meio social. Surpresos com a sabedoria de Jesus e seus milagres eles se perguntavam: “Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não é aquela chamada Maria?” (Mateus, 13,55). A Virgem personalizou a vocação no desprendimento de si e na inteira confiança de quem ao abraçar a tarefa do dia a dia, “segura firme o arado e não olha para trás!”. (Lucas, 9,62). Iluminados por seu amor materno, compete a nós viver a vocação e missão mariana: fazer nascer Jesus em meio ao mundo. Seja qual for o meu projeto vocacional sei que há nele um espaço para o ‘jeito mariano’de seguir Jesus. Afinal ela é a primeira discípula, a primeira filha da Igreja e ao mesmo tempo o ícone daquilo que seremos ao atingirmos a plenitude de nossa vocação em Cristo.
18-08-2015
Pe. Antonio Clayton Sant’Anna - CSsR
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