Por Leonardo Boff Em Artigos

São José: Patrono dos Anônimos

SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ

José, além do lado visível de artesão, esposo, pai, educador possui outro invisível, ligado ao Mistério que ganhou uma das expressões singulares no caminho de Maria, de Jesus e dele mesmo. Ele significa a personificação do Pai, assim como Jesus é do Filho e Maria, do Espírito Santo.

São José é uma figura de sombra. Não deixou nenhuma palavra, apenas teve sonhos que, não sem dificuldades, acatou e seguiu. Não sabemos nem quando nasceu nem quando morreu. Apenas que, corajoso, levou para casa uma menina grávida e assumiu o menino impondo-lhe o nome Jesus. Depois enfrentou com a família a perseguição de um monarca sanguinolento, fugiu para o exílio e, na volta, se escondeu numa vilazinha ao norte, em Nazaré. Iniciou o filho nas tradições religiosas de seu povo e lhe transmitiu a profissão de artesão-carpinteiro. Dele se diz que era um homem justo. Depois sumiu sem deixar sinal.

A invisibilidade de São José não é sem sentido. Funda uma espiritualidade da qual vive a grande maioria dos cristãos, nossos pais, avós e parentes que tomam a sério o evangelho e o seguimento de Jesus. São José por seu anonimato e silêncio se insere ai. Mais que patrono da Igreja universal é o patrono da Igreja doméstica, dos irmãos e irmãs menores de Jesus. Ele é um representante da “gente boa”, da “gente humilde”, sepultados em seu dia-a-dia cinzento, ganhando a vida com muito trabalho e levando honradamente suas famílias pelos caminhos da honestidade. Orientam-se mais pelo sentimento profundo de Deus que por doutrinas teológicas sobre Deus. Para eles, como para José, Deus não é um solucionador de problemas, mas uma luz poderosa para os problemas.

Foi neste ambiente que Jesus cresceu. Sua relação com José a quem chamava de pai, deve ter sido tão íntima que serviu de base para sentir a Deus como “Paizinho querido” (Abba) e nos transmitir essa experiência libertadora. Isso já é suficiente para sermos eternamente gratos a ele.

Texto extraído do livro ‘São José, a personificação do Pai’ – Leonardo Boff

(Ed Paulinas)

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