Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 30 MAI 2019 - 10H35

A Ascensão: olhar a meta e caminhar esperando chegar!

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Homilia 7º Domingo da Páscoa - ANO C

LC 24,46-53

A celebração da fé dirige nosso olhar para a narrativa bíblica da Ascensão de Jesus. O que e como a Bíblia entende quando diz que Jesus subiu ao céu e sentou-se à direita de Deus? Entre outros aspectos trata-se de sua perfeita humanização. Seu corpo humano foi assumido na realidade infinita de Deus.

Tudo na vida humana do Filho de Deus é mistério. A concepção na carne foi de modo extraordinário. Maria engravidou e o concebeu do próprio Espírito Santo, ou da força do Altíssimo. (Lc 35). Vida, paixão, morte, ressurreição: palavras que resumem o mistério da redenção. Por ele Jesus libertou-nos da situação de injustiça fundamental perante Deus. O pecado foi perdoado. A ressurreição deu ao cadáver de Jesus não um simples retorno à vida na carne, mas uma condição de glória. Uma nova situação ou realidade: o humano ficou revestido pelo divino. A Ascensão coroou, digamos assim, a trajetória de Jesus Cristo na terra. Ela chegou ao cume com o envio do seu Espírito de vida, ou seja, uma nova maneira de estar junto com os seus discípulos. Mas tudo o que a nossa sabedoria humana tentar dizer sobre o mistério de Cristo, não passará de uma pálida tentativa na busca de sua compreensão. A Ascensão é um outro apelo à fé no mistério de Cristo. Retrata o aspecto da sua plena humanização. Ele é o “homem novo”. Em sua pessoa humana, ele entregou ao Pai a nova humanidade. Não aquela manchada pelo pecado, mas outra, já redimida, lavada, purificada no seu sacrifício de sangue. Em sua carne humana tão machucada, ofendida e desprezada pelos pecadores, triunfou sobre a maldade a justiça cheia de misericórdia, a graça infinita de Deus. A Ascensão de Jesus coloca a pessoa dele glorificada junto a Deus: à sua direita! Nisso ela aponta aí o nosso próprio futuro. Somos chamados à vida divina e não destinados à destruição. Ser cristão é ser guiado por essa fé. É afirmá-la na convivência com os outros e na realização dos projetos terrenos. É dar testemunho sobre o mistério de Jesus.

O Evangelho de São Lucas encerra-se narrando como terminou a passagem e a presença física de Jesus na terra. Ao mesmo tempo é o início da missão da Igreja. Seus membros são convocados a serem testemunhas de Jesus no meio da sociedade injusta. Leia: Lucas, 24,46-53.

Este é o final do Evangelho de São Lucas. A Ascensão plenifica a Páscoa de Jesus. O Mestre já ressuscitado reúne seus discípulos, mobiliza-os na continuidade da sua missão. Eles deverão ser as testemunhas dos acontecimentos que inauguraram o Reino de Deus entre os homens. Para tanto eles serão “revestidos da força do alto” (v.48). Naturalmente a forma de narrar essa aparição com suas recomendações finais tem uma intenção catequética mais do que histórica. Lucas propriamente não desejaria

nos contar o fenômeno da subida em si. Ele escreve uma página de doutrina sobre o mistério de Jesus. É uma reflexão teológica. A Ascensão é resultado da Ressurreição e coroa a Páscoa, quando Jesus foi solidário conosco até à morte na cruz. Por isso o Pai o recompensou com a ressurreição que introduziu seu corpo humano na glória divina. Esta conquista Jesus a fez para todos os seus seguidores.

A Ascensão não significa, pois, um deslocamento no espaço: subindo no ar até desaparecer. Pode até ter havido uma cena assim para os apóstolos, mas seria apenas uma “aparência”. O corpo glorioso de Jesus em sua divina realidade, não poderia ser percebido por nossos olhos mortais. Todavia houve um momento na convivência dos apóstolos em que cessou para eles a “visão corporal” do Mestre. E aí começou a visão plena da fé! Aí os apóstolos e discípulos compreenderam aos poucos as passagens do Antigo Testamento e sua realização na pessoa e no ensino de Jesus. Conscientes da revelação divina feita a eles foram tomados de profunda alegria na partilha da fé, no seu anúncio aos outros e na esperança do céu. Aí está o núcleo da evangelização. O centro da Boa notícia.

A glorificação máxima de Jesus de Nazaré indica o seu poder glorioso: foi colocado “à direita de Deus”. Ou seja, o seu corpo possui também a vida divina. Tem a plenitude de Deus e não está ausente de nós na visão da fé. A Ascensão é a fonte do envio missionário. Continuamos no seu mistério, com Ele entre nós, não apenas como recordação e sim como presença nova, diferente, misteriosa, incompreensível para a simples sabedoria humana.

Maria foi assunta ao céu, isto é, seu corpo foi elevado conforme disposição da Graça de Deus nela. Antes, ela tinha subido ao Calvário e esteve como que pregada na cruz também. Participara da dor suprema, participa da suma glória do Filho amado!   A linguagem da fé cristã pode parecer estranha ao mundo, envolvido no materialismo e no consumismo. Mas, nele somos apóstolos anunciando a esperança da meta. Com a bênção da Virgem, ajudemos o nosso mundo a “olhar para o céu” e para lá caminhar.

Pe. Antonio Clayton Sant’Anna – CSsR

 

 

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